
Dança dramática, de origem africana, cultuada especialmente no norte do Espírito Santo, principalmente nas cidades de São Mateus e Conceição da Barra. Esta dança é composta por um determinado número de negros e se realiza no dia de São Benedito. Da dança faz parte uma encenação que conta com os seguintes personagens: o rei Congo, o rei Bamba, seus secretários respectivos e o corpo de baile de cada nação, representando os guerreiros. O enredo do auto se desenvolve em torno da disputa entre os dois reis que querem fazer, separadamente, a festa de São Benedito. Segundo relato de Guilherme Santos Neves, “Há embaixadas de parte a parte, com desafios atrevidos, declamados pelos secretários. Não sendo possível qualquer entendimento, trava-se a guerra, agitada luta bailada entre as duas hostes. Dança-se a primeira guerra de reis Congo, ou guerra sem travar, e depois, a guerra travada. Desta última, participam os dois reis que, no meio da roda dos “congos”, batem as espadas, cadenciadamente, junto com seus secretários. Vencido, afinal, o Rei Bamba, submetem-se, ele e os seus guerreiros, ao batismo, terminando o auto com a festa em honra do Rei Congo, quando, então, se canta e dança o Ticumbi, que dá nome à representação”. Durante a festa, os participantes da dança se vestem com longas batas brancas e rendadas, trespassadas por fitas coloridas, com calças brancas, e a cabeça coberta com lenço branco e gorro enfeitado de flores de papel de seda e fitas longas e coloridas. Os reis, por sua vez, se ornamentam com coroas de papelão enfeitadas com papel dourado ou prateado, além de um vistoso peitoril, com espelhinhos e flores de papel brilhante, capa comprida e espada. Durante a dança são utilizados pandeiros e chocalhos de lata, denominados “ganzás” ou “canzás”. Existe, ainda, a utilização de uma viola, que, primitivamente, servia apenas para dar o tom, sendo, posteriormente, incorporada ao ritual geral com seu executante vestindo calça e batas brancas, lenço branco na cabeça e chapéu enfeitado com flores de plástico. Em 1979, no número 29 da série “Documentário sonoro do folclore brasileiro”, editado pelo Ministério da Educação e Cultura, foi lançado um compacto duplo, com gravações realizadas durante a V Festa do Folclore Brasileiro, realizada em Maceió, AL. Na ocasião, foi gravada uma apresentação do Ticumbi de São Benedito de Conceição da Barra, ES, com o mestre Tertuliano Balbino, o Terto, tendo como acompanhante uma viola de cinco cordas de meia regra, executada por Francisco Máximo de Freitas, conhecido como Chico Danta, e pandeiros de fabricação rústica. Foram registradas a marcha-de-rua “São Benedito está contente”, a entrada “São Benedito, ele pá nóis tá olhano”, a volta de entrada “Lá está São Benedito”, a corrida de contraguia “Viemo bebê água, povo guia”, a dança com as espadas “Oi guerra!”, e “São Benedito ele é um cravo”, todas de domínio público.