
O tango brasileiro, muitas vezes apontado por estudiosos como uma variante bem acabada e estilizada do maxixe, entrará definitivamente para a música popular brasileira representado pelas composições de Ernesto Nazareth. No entanto, antes que este usasse tal denominação, muitos tangos já haviam sido impressos, alguns com grande sucesso. Segundo Baptista Siqueira, o primeiro tango brasileiro teria sido “Olhos matadores” (1871), de Henrique Alves de Mesquita (1830-1906), compositor a quem se atribui a vulgarização do nome tango para designar o tipo de música de teatro ligeiro que até então espanhóis e franceses preferiam chamar de “habanera”. Musicalmente, na raiz do tango brasileiro (que nada tem a ver com o argentino), encontram-se elementos da “habanera”, introduzida no Brasil pelas companhias de teatro musicado, à qual incorporaram-se influências da polca e do lundu. Na década de 1880, Chiquinha Gonzaga inicia uma numerosa produção de tangos, como o famoso “Gaúcho”, vulgarmente conhecido como “O corta-jaca”, escrito em 1897 para a revista “Zizinha Maxixe”. Em 1892, Nazareth compõe “Rayon d’Or” usando pela primeira vez a denominação tango, mais especificamente polca-tango, para uma composição sua. Em seguida (1910), compôs o famoso tango “Brejeiro”, muitas vezes confundido, posteriormente, como choro. Aliás, os dois gêneros musicais se aproximaram muito a partir do começo do século XIX, segundo alguns estudiosos. Na produção musical do compositor, destacam-se numericamente os tangos (em torno de 90 peças), seguidos pelas valsas (cerca de 40) e polcas (cerca de 20), destinando-se o restante a gêneros variados como mazurcas, schottisches, marchas carnavalescas etc. É sabido que Nazareth rejeitava a denominação de maxixe para os seus tangos, que se distinguiam daquele fundamentalmente pelo caráter pouco coreográfico. Deve-se ressaltar que a influência de compositores europeus – notadamente de Chopin – na obra de Nazareth (refletida sobretudo na elaboração melódica de suas valsas) imprimiu-lhe caráter e acabamento distintos da produção de compositores populares do tempo. A referência ao tango enquanto música cantada começa a aparecer por volta de 1880, em quadros do teatro de revista, na maioria das vezes encobrindo composições que nada mais eram do que lundus ou maxixes. No início da década de 1930, a moda do tango argentino no Brasil contribuiu para o desaparecimento do nome tango. O gênero que era assim denominado passou a receber outros nomes.