
Música executada no Brasil colonial por um conjunto de escavos negros que somavam à profissão de barbeiro o ofício de músico. Manifestação popular destinada ao entretenimento público, a música dos barbeiros constituiu-se numa prática pioneira de músicos urbanos no Brasil. O “terno” de barbeiros, compostos de escravos negros, tocava com certa liberdade as músicas em voga – lundus, dobrados, quadrilhas, fados, fandangos e chulas, sempre presentes nas solenidades públicas e festas de igreja, como que anunciando o acontecimento. Manuel Antonio de Almeida, ao descrever uma festa de igreja do “tempo do rei”, nos dá um retrato precioso da atividade desses músicos: “As festas daquele tempo eram feitas com tanta riqueza e com muito mais propriedade, a certos respeitos, do que as de hoje: tinham entretanto alguns lados cômicos; um deles era a música de barbeiros à porta. Não havia festa em que se passasse sem isso; era coisa reputada quase tão essencial como o sermão; o que valia, porém, é que nada havia mais fácil de arranjar-se; meia dúzia de aprendizes ou oficiais de barbeiro, ordinariamente negros, armados, este com um pistão desafinado, aquele com uma trompa diabolicamente rouca, formavam uma orquestra desconcertada, porém estrondosa, que fazia a delícia dos que não cabiam ou não queriam estar dentro da igreja.”