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Termo
Escola de Samba Deixa Falar
Dados Históricos e Descrição

Agremiação carnavalesca do bairro do Estácio de Sá, no Rio de Janeiro, considerada como a primeira Escola de Samba e fundada pelos sambistas Ismael Silva (1905-1978), Alcebíades Barcelos (Bíde 1902-1975), seu irmão Mano Rubem (Rubem Barcelos 1904-1927) e Armando Marçal, de uma turma também integrada por Buci Moreira (1909-1982), Mano Elói (Elói Antero Dias 1888-1971), Nilton Bastos (1899-1931), Mano Aurélio (Aurélio Gomes), Baiaco (Osvaldo Caetano Vasques 1913-1935), Brancura (Sílvio Fernandes 1908-1935) e Mano Edgar (Edgar Marcelino dos Passos 1900-1931), sogro de João Gradim (João de Oliveira), também da turma e autor do samba “Quem eu deixar não quero mais”, parceria de ambos. Há controvérsias com relação à data de fundação da Escola. Há quem defenda que a fundação ocorreu em 1917, quando da fundação do Rancho Carnavalesco Deixa Falar. Contudo, a data mais conhecida é 12 de agosto de 1928.
Desfilou registrada com esse nome, embora fosse considerada mais um bloco, nos anos de 1929, 1930 e 1931.
Em 1932 desfilou como rancho, sem participar do que é considerado o primeiro desfile oficial de escolas de samba, promovido pelo jornal Mundo Sportivo. Os sambistas fundadores da Deixa Falar foram os responsáveis pela adaptação do samba aos desfiles carnavalescos modernos, com a introdução do andamento mais rápido e a criação de novos instrumentos, como o surdo de marcação (criação do sambista Bide). Esta adaptação é conhecida como a iniciação do samba-enredo.
O sambista Ismael Silva foi quem criou a expressão Escola de Samba, intencionado inicialmente em caracterizar a Deixa Falar, como integrada por “professores de samba”, devido ao grupo de sambistas se reunir nas proximidades de uma escola de formação de professores no bairro do Estácio de Sá.
Em seus livros “As Escolas de Samba – o que, quem, como, quando e por quê” e “As escolas de samba do Rio de Janeiro”, Sérgio Cabral recolheu a seguinte entrevista de Ismael Silva com relação à criação do termo “Escola de Samba”.
“Fui eu. É capaz de você encontrar quem diga o contrário. Mas fui eu, por causa da escola normal que havia no Estácio. A gente falava assim: ‘É daqui que saem os professores.’ Havia aquela disputa com Mangueira, Osvaldo Cruz, Salgueiro, cada um querendo ser melhor. E o pessoal do Estácio dizia: ‘Deixa Falar, é daqui que saem os professores.’ Daí é que veio a ideia de dar o nome de Escola de Samba”.
A Deixa Falar seria citada/homenageada no movimento “Samba” pela Sinfonia do Rio de Janeiro de São Sebastião, gravada ao vivo em CD/DVD pala Biscoito Fino no Theatro Municipal do Rio em 2000. Com música de Francis Hime, letras de Geraldo Carneiro e Paulo César Pinheiro e idealização de Ricardo Cravo Albin, a sinfonia foi incluída na edição em inglês do livro “Tons and sounds of  Rio de Janeiro”, editado pelo ICCA por encomenda do Itamaraty, tendo sido seus exemplares distribuídos pelo Presidente Lula a chefes de Governo e Estado de vários países do mundo, durante os anos de 2002 a 2010.

BIBLIOGRAFIA CRÍTICA

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010.
CABRAL, Sérgio. As escolas de samba; o que, quem, como, quando e
por quê. Rio de Janeiro: Editora Fontana, 1974.
________, Sérgio. O ABC de Sérgio Cabral – um desfile de craques da
MPB. Rio de Janeiro: Editora Pasquim; Editora Codecri, 1979.