
Movimento musical integrado por Milton Nascimento, Lô Borges, Toninho Horta, Beto Guedes, Marcio Borges, Túlio Mourão, Fernando Brant, Ronaldo Bastos e Wagner Tiso, entre outros, em sua maioria músicos mineiros, que se tornou conhecido a partir do lançamento, em 1972, do LP “Clube da Esquina”, liderado por Milton Nascimento e Lô Borges. O disco projetou a carreira individual de muitos dos músicos participantes, como Toninho Horta, Wagner Tiso e Beto Guedes, entre outros. O nome do movimento surgiu em função da esquina das ruas Paraisópolis e Divinópolis, no bairro de Santa Teresa, em Belo Horizonte, que servia como ponto de encontro dos músicos mineiros. Um fato curioso aconteceu, quando o guitarrista americano Pat Metheny quis conhecer a sede do famoso “Corner Club”. Mesmo com a explicação de que o clube, enquanto espaço físico, de fato não existia, o guitarrista não acreditou e só sossegou quando foi levado até a famosa esquina. O mesmo fato se deu com o tecladista Lyle Mays, que ficou um tanto decepcionado ao avistar a “sede” do clube. A música do Clube da Esquina, em especial a de Milton Nascimento, ficou muito conhecida nos Estados Unidos. Marcio Borges, em seu livro “Os sonhos não envelhecem”, conta que Lyle “e a turma de Pat tinham mandado um amigo viajar anônimo para Minas Gerais e perambular pelas cidadezinhas em torno de Belo Horizonte: Nova Lima, Sabará, Ibirité, para tentar descobrir a causa da originalidade da música feita por “The Corner Club”, a qual eles ouviam nos “Estados Unidos desde meninos” (p. 351). Os integrantes do Clube da Esquina desenvolveram carreiras individuais de sucesso, atuando como cantores, instrumentistas, arranjadores e compositores. Em 1978, foi lançado o LP “Clube da Esquina 2”.
Em 1996 foi lançado, pela editora Geração Editorial, o livro “Os sonhos não envelhecem”, de Márcio Borges, contando a história do Clube da Esquina.
Em 2000, o grupo voltou a se reunir informalmente, para festejar os 30 anos da canção “Um girassol da cor de seu cabelo” (Lô e Marcio Borges), gravada no disco de 1972. O encontro foi em Visconde de Mauá, divisa entre Rio de Janeiro e Minas Gerais, na casa de Marcio Borges.
Em 2011 foi inaugurado o Museu do Clube da Esquina na Rua Paraisópolis, no bairro de Santa Tereza em Belo Horizonte, reduto onde começaram os primeiros encontros do movimento. O projeto foi idealizado por Cláudia Brandão e pelo escritor e letrista Márcio Borges. O Museu disponibilizou espaços para estudo e apresentações de músicos locais, também com área expositiva destinada ao acervo físico e virtual do movimento, além de sala de cinema. Foram oferecidas oficinas ligadas aos vários aspectos das práticas musicais e da história das artes, trabalhando questões ligadas à cultura mineira.
Em 2013 foi lançado o livro “Clube da Esquina 40 Anos”, do escritor e letrista Márcio Borges, remontando a trajetória da criação dos LP’s do Clube da Esquina.
Em 2015, foi lançado, pelo selo Slap, da Som Livre, o disco-tributo “Mar azul – Sons de Minas Gerais Volume 1”. Do projeto participaram Pedro Luís, Moska, César Lacerda, Júlia Vargas, Silva, Maíra Freitas, Michele Leal, Lucas Arruda, Dani Black, João Bittencourt e o grupo Ordinarius. Foi divulgado a partir de um conceito audiovisual que resultou em onze vídeofaixas. Os discos “Clube da Esquina” (1972) e “Clube da Esquina 2” (1978) foram pontos de partida para a escolha do repertório.
Em 2016 os discos de vinil “Clube da Esquina” (1972) e “Clube da Esquina 2” (1978) foram relançados pela gravadora Polysom.
Em 2018 o LP “Clube da Esquina II” completou 40 anos de lançamento. Na ocasião, foi lançada uma turnê promovida por Milton Nascimento resgatando os grandes clássicos dos dois álbuns. Os músicos que acompanharam a turnê foram Wilson Lopes (voz e violão), Alexandre Ito (baixo), Ademir Fox (piano), Widor Santiago (sax e flauta), Lincoln Cheib (bateria) e Ronaldo Silva (percussão). No repertório foram incluídas as músicas “Tudo que você podia ser”, “Nada será como antes”, “Cais”, “Cravo e canela”, “Paisagem na janela” e “Trem azul”.
Em maio de 2022, após 50 anos de lançado, o álbum “Clube da Esquina (1972)”, parceria de Lô Borges e Milton Nascimento, foi eleito o melhor álbum brasileiro da história em votação realizada pelo podcast Discoteca Básica. A votação teve a participação de 162 especialistas de diferentes áreas ligadas à produção musical (jornalistas, youtubers, podcasters, músicos e produtores).
Ainda em 2022, a ex-empresária de Milton Nascimento por 15 anos (1994 a 2009), Marilene Gondim, produziu a montagem do musical “Clube da Esquina – Os sonhos não envelhecem”. A estreia aconteceu em agosto com a direção de Dennis Carvalho no Sesc Palladium, em Belo Horizonte (MG). A montagem foi produzida a partir do livro “Os sonhos não envelhecem – Histórias do Clube da esquina”, de Márcio Borges com adaptação e dramaturgia de Fernanda Brandalise. A equipe ainda teve o iluminador Maneco Quinderé e a figurinista Marília Carneiro. O diretor musical Alexandre Kassin montou uma banda base com seis músicos. Os arranjos das 25 canções no repertório da peça tiveram os originais como base. Entre as canções executadas no espetáculo estavam “Nada será como antes” (Milton e Ronaldo Bastos), “Travessia” e “Saudades dos aviões da Panair” (Milton e Fernando Brant). Milton Nascimento foi interpretado por Tiago Barbosa e Márcio Borges por Rômulo Weber. O elenco principal teve ainda Cadu Libonati (Lô Borges), Daniel Haidar (Fernando Brant), Vitor Novello (Wagner Tiso), Tom Karabachian (Beto Guedes) e Gab Lara (Ronaldo Bastos). No total, fizeram parte do musical um elenco com 16 atores e cantores selecionados entre 300 candidatos. Depois de Belo Horizonte, “Clube da Esquina – Os sonhos não envelhecem” foi encenado em setembro no Centro Cultural Usiminas, em Ipatinga. O espetáculo também teve temporadas incluídas no Rio de Janeiro, em setembro, e em São Paulo no mês de outubro. No mesmo ano, em dezembro, foi lançado em dezembro, pela editora Garota FM Books, o livro “De Tudo Se Faz Canção – Os 50 anos do Clube da Esquina”: livro bilíngue (Português / Inglês) organizado por Márcio Borges e Chris Fuscaldo para celebrar as cinco décadas do álbum. No livro foram registrados textos de Márcio Borges, Chris Fuscaldo, Lô Borges, Milton Nascimento, Fernando Brant, Ronaldo Bastos, Wagner Tiso, Toninho Horta, Ana Maria Bahiana, Charles Gavin, Patricia Palumbo, Kamille Viola, Ricardo Schott, Renato Vieira, Leandro Souto Maior, Bento Araujo e outros músicos e pesquisadores musicais.
Em outubro de 2023, no dia 9, foi apresentado, durante a mostra competitiva Novos Rumos Longa Metragem da Première Brasil, da 25ª edição do Festival do Rio, o documentário “Nada será como antes – A música do Clube da Esquina”, que teve a direção de Ana Rieper. O filme foi construido a partir de depoimentos dos componentes do grupo.