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Termo
Bloco Carnavalesco Banda de Ipanema
Dados Históricos e Descrição

Fundada em 1965, no ano do IV Centenário da Cidade do Rio de Janeiro, por Albino Pinheiro (1934-1999), animador cultural e considerado “O prefeito espiritual da Cidade do Rio de Janeiro”, por sua animação e carioquice. Entre seus outros fundadores, estão o cartunista Jaguar, criador do jornal “Pasquim”, o artista plástico Fredy Carneiro, que sugeriu o nome da banda inspirado em uma banda de sua cidade mineira, Ubá, “O Bloco Carnavalesco Fila Harmônica Embocadura”, puxado por 40 homens com fantasias extravagantes. Nascida da combinação de boêmios intelectuais com o espírito dos blocos carnavalescos dos subúrbios, a banda desfila 15 dias antes do carnaval, antecipando a folia carioca. Sempre teve padrinhos e madrinhas famosos. A este fato, reporta-se Sérgio Cabral, em seu livro “O ABC de Sérgio Cabral”: “Ser padrinho ou madrinha da Banda de Ipanema é uma grande honra, como se vê pelos nomes escolhidos nesses 12 anos de existência: Clementina de Jesus, Nássara, Eneida de Morais, Bibi Ferreira, Lúcio Rangel, João de Barro, Leila Diniz, Aracy de Almeida, Clara Nunes, João Nogueira, Grande Otelo, Martinho da Vila, Nélson Cavaquinho e Cartola. EM 1976, Albino Pinheiro convidou Beth Carvalho para madrinha. Como ela havia viajado para a Europa, Albino convocou Bibi Ferreira para o lugar. Beth, entretanto, largou Paris e correu para pegar o desfile da banda, encontrou Bibi Ferreira em seu lugar. A cantora ficou tão chateada, que recusou o convite para ser madrinha do desfile de 1977, “Só aceito em 1978”, disse ela, vingando-se da hesitação do comandante Albino Pinheiro. A banda chega a desfilar com mais de 20 mil foliões. Cabia às irmãs gêmeas Laura e Délia (então com mais de 80 anos) e, ainda, às irmãs Judith e Hilda boa parte da alegria no desfile. Conta-se que durante o Regime Militar, duas agentes do SNI (Serviço Nacional de Informação) infiltraram-se no desfile da banda disfarçadas de senhoras, querendo descobrir “códigos subversivos”. Outra história bem inusitada se passou com o boêmio Hugo Bidet, que alugou um cavalo branco e, com farda militar de general, entrou na rua Jangadeiro, tomando um chope sem descer do pangaré. Casos interessantes se passaram durante o desfile da banda, como o da reaproximação de João Saldanha e sua mulher Teresa, refazendo um casamento desfeito há alguns meses. Em seus primeiros desfiles, trazia o slogan “Uma Banda em cada bairro”. Logo depois, começaram a surgir bandas em vários bairros do Rio. Uma das alas mais interessantes foi a Ala das Escrotas da Banda, composta, dentre outros boêmios e intelectuais, pelo crítico Alex Viany e o também crítico e letrista Sérgio Cabral, que abandonou a ala, para sair com a sua camisa do Vasco. Rildo Hora, em parceria com Sérgio Cabral, compôs “Banda de Ipanema”, onde ressaltam o espírito do bloco tão carioca: “Vem a Banda de Ipanema/ Espalhando alegria/Quero a minha voz/Dentro do coral/Viva a vida e morra a morte/E a moçada de Ipanema/Botou na rua seu carnaval”. Durante o desfile do ano 2000, o cineasta Paulo César Saraceni, também folião da banda, filmou o documentário “Banda de Ipanema – Folia de Albino”, sobre a vida de seu amigo Albino Pinheiro, com quem dividia suas duas paixões: o futebol do Fluminense e o carnaval azul e branco da Portela. O filme pretende intermediar cenas do documentário “Natal da Portela”, com Grande Otelo, que conta com vários depoimentos de pessoas ilustres sobre a Banda de Ipanema.

BIBLIOGRAFIA CRÍTICA:

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Edição: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006, RJ.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008.