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Termo
Bloco Carnavalesco Bafo da Onça
Dados Históricos e Descrição

O Bloco Carnavalesco Bafo da Onça foi fundado em 12 de dezembro de 1956,em um botequim do bairro do Catumbi, centro do Rio de Janeiro. Dentre seus fundadores consta o ex-policial e ex-carpinteiro Seu Tião Carpinteiro (Sebastião Maria), que durante o carnaval desfilava  fantasiado de onça-pintada, em uma espécie de bloco do “Eu Sozinho”. Por essa época, o bairro já contava com outros bloco e ranchos que também desfilavam por suas ruas e avenidas nos dias de carnaval. Entre esses blocos e ranchos destacavam-se: Rancho Carnavalesco União dos Caçadores (campeão de vários carnavais); Rancho Carnavalesco Unidos do Cunha; Rancho Carnavalesco Inocentes do Catumbi; Bloco Carnavalesco Astória Futebol Clube (tri-campeão de “Banho à Fantasia” em Copacabana) e o Bloco Carnavalesco Vai Quem Quer, que apesar de pertencer ao bairro do Flamengo, também desfilava nas ruas do Catumbi.

Segundo o historiador de carnaval Hiram Arújo em seu livro “Carnaval Seis Milênios de História”, o bloco é considerado como Bloco Carnavalesco de Empolgação, isto é, é estruturado seguindo o modelo de bloco simples, sem variações de fantasias, alegorias e enredos, sendo divididos em grupos e séries, desfilando no centro do Rio de Janeiro (na Avenida Rio Branco) e nos subúrbios (tanto o de sua fundação, quanto em outros próximos).

Entre os anos de 1957 e 1959 o bloco elegeu três Rainhas do Carnaval. Estas desfilavam à frente do bloco como madrinhas.

Com o lema “Decência, respeito e união”, na década de 1960, o bloco chegou a desfilar na Avenida Rio Branco com mais de 1500 componentes, número maior que muitas escolas do Grupo B da época.

No início dos anos 60 o bloco lançou pelo Selo Mocambo, em conjunto com a Fábrica de Discos Rozenblit Ltda, um LP com alguns de seus sambas-de-empolgação. Entre os compositores e cantores do disco, destacaram-se Joaquim Antero de Araújo (Seu Mistura), Walter Terra (Jujuba) e Paulo F. de Lima, além, é claro, da figura emblemática e muito associada ao bloco, o falecido cantor e compositor Osvaldo Nunes. No disco, sem data de lançamento na capa, foram incluídas as seguintes composições: “Virou bagunça”, de Osvaldo Nunes; “Amor, amor, amor” e “Canoa”, ambas de autoria de Jujuba; “Página perdida”, de Paulo F. de Lima e “Despedida”, “Saudação”, “Ilusão” e “Rainha do meu coração”, as quatro de autoria do compositor Mistura.

No início da década de 1970, Beth Carvalho lançou pela Tapecar o compacto simples “Amor, amor, amor”, um dos samba de maior sucesso do bloco.

Nos ensaios e desfile do bloco, ainda nas décadas de 1960 e 1970, participavam Sargentelli e suas mulatas, João Roberto Kelly e Dominguinhos do Estácio

Em 1976 foi lançado um LP do qual participaram dois dos mais importantes intérpretes do bloco, sendo eles a cantora e compositora Marly, também conhecida pelo pseudônimo (também um epíteto) “Marly, a Onça que Canta” e Osvaldo Nunes, também compositor do maior sucesso do grupo, o samba-emplogação “Oba”.

Outro compositor importante do bloco foi Walter Dionízio, autor de vários sambas-empolgação, dentre os quais “Marly chegou para cantar”, em parceria com Marly, A Onça Que Canta, e interpretado pela cantora no disco de 1976 e pouco tempo depois gravado por Elizeth Cardoso.

No ano de 1981 a cantora Mariúza gravou em compacto simples o samba “Me leva, me leva” (João Fonseca, Ivo Elias e Dominguinhos do Estácio) com acompanhamento do Bloco Carnavalesco Bafo da Onça. O samba teve uma considerável execução no período carnavalesco daquele ano, inclusive, para divulgar este samba, participou do programa “Fantástico”, da Rede Globo, com apresentação do ator Osmar Prado.

Segundo Hiram Araújo, em seu livro supracitado, apesar de enfraquecidos, os blocos carnavalescos ainda seguram o carnaval, ainda que reduzidos de 300 para 60, no ano de 1997 e pouco mais de 20, dois anos depois. O bloco sofreu um esvaziamento desde a urbanização do bairro do Catumbi, principalmente com a construção do Elevado Trinta e Um de Março e da abertura do túnel Santa Bárbara, que dividiram o bairro em dois, demolindo casarões centenários e removendo quadras inteiras de moradores de famílias tradicionais do bairro, que mantinham como referência cultural os diversos blocos de empolgação, dentre os quais o próprio Bafo da Onça.

Em 2003 o bloco desfilou, juntamente ao o Bloco Cacique de Ramos e o Bloco Boêmio de Irajá, como “hors concours” na Avenida Rio Branco.

No ano de 2011 a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro contabilizou 420 blocos inscritos para desfile nas ruas do centro da cidade e avenidas e ruas da Zona Sul, dentre os quais o próprio Bafo da Onça, que ao lado do Bhoêmio de Irajá e Cacique de Ramos são considerados o mais tradicionais da cidade.

 

BIBLIOGRAFIA CRÍTICA:

 

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014.