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Termo
Bloco Afro Ilê-Aiyê
Dados Históricos e Descrição

Bloco afro fundado em 1º de novembro de 1974 próximo à Ladeira do Curuzu, no bairro Liberdade, em Salvador, por Apolônio Lima e Antônio Carlos dos Santos, mais conhecido por Vovô, que teve a sua mãe (Hilda Dias dos Santos (Mãe Hilda Jitolu: 1923/2009) como mentora e nomeadora do bloco, com palavras na língua iorubá: Ilê (casa) e Aiyê (terra). Por aproximação, contava a yalorixá e líder do terreiro Ilê Axé Jitolu – o significado do nome do bloco seria “A Casa de Todos”. Ilê-Aiyê também significa “O mundo” ou “A Terra da Vida” ou ainda, “Festa do ano-novo”, referência à festa profano-religiosa que os negros sudaneses realizavam na Bahia. Mãe Hilda Jitolu saiu à frente do bloco em seu primeiro desfile, no carnaval de 1975, até o seu falecimento, em 2009.

Considerado o segundo bloco afro em termos de idade, sendo o bloco Filhos de Ghandi o primeiro a ser fundado, ainda na década de 1940.

Segundo Vovô, as quatro cores definidoras da ideologia do bloco são: a vermelha (representando o sangue derramado nas lutas pela libertação); a amarela (a riqueza cultural); a preta (a pele) e a branca (representando a paz).

Os temas sempre contam uma história de um povo ou de um país da África, tais como Congo, Nigéria, Camarões, Watusi, Gana, Zimbabwe, Dagons, Daomé, Ruanda e Mali. 

O bloco promove “A Noite da Beleza Negra”, considerada a maior festa depois do carnaval, vindo a influenciar outros blocos afros, como Agbara Dudu, do Rio de Janeiro, que também a promove. O ponto alto deste encontro é a escolha da “Deusa de Ébano”, que desfilará no carnaval seguinte representando o bloco, semelhante à Rainha da Bateria das Escolas de Samba cariocas.

Seus destaques na bateria são os surdos e repiques.

O Ilê-Aiyê passou de bloco afro à Instituição, assim como outro bloco afro, o Olodum, sendo também reconhecido nacional e internacionalmente pelos trabalhos que desenvolve junto às comunidades carentes, mantendo suas atividades o ano inteiro, objetivando conscientizar as pessoas e, principalmente, o povo negro de sua importância. Jetinha e Vovô, dois integrantes do Ilê-Aiyê, participaram da fundação do bloco afro Agbara Dudu, do Rio de Janeiro. Sendo o O Ilê Aiyê o padrinho do bloco carioca.

No ano de 1997, a banda (pertencente ao bloco) participou da coletânea “Tropicália – 30 anos”, ao lado de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé, Margareth Menezes, Carlinhos Brown, Gal Costa, Asa de Águia, Armandinho, Pepeu Gomes, Daniela Mercury, Didá Banda Feminina, Araketu, Banda Eva, Banda Cheiro de Amor, Lazzo Mutumbi e Vírginia Rodrigues. No CD a banda interpretou “Batmakumba”, de autoria de Gilberto Gil e Caetano Veloso.

Em 2002 foi lançado o CD “Do lundu ao axé”, produzido por Paulinho Boca de Cantor e Edil Pacheco, disco no qual participaram Daniela Mercury, Lazzo Motumbi, Moraes Moreira e grupo que interpretou a faixa “Depois que o Ilê passar”. Neste mesmo ano, de 2002, junto à cantora Margareth Menezes, fez o fechamento da 4ª edição do “Festival do Mercado Cultural da Bahia”, apresentando a “Missa do Rosário dos Pretos”.

No ano de 2018 o Itaú Cultural antecipou as comemorações de 45 anos do bloco (em novembro de 2019), montando uma exposição com curadoria  Carlos Costa (coordenador de Comunicação do Itaú Cultural) e de Vovô. Na exposição, na sede do Itaú Cultural, na Avenida Paulista, no bairro de Bela Vista, na cidade de São Paulo, foram apresentados croquis de fantasias, criados por J. Cunha, além de 44 fantasias dos anos anteriores do bloco. Segundo a Produtora Cultural do Itaú, Simone Barbiellini:

 

“Com a ajuda de todos, reunimos os tecidos, digitalizamos as estampas e o visitante vai poder ver cada um deles, com as fantasias e os temas, num terminal localizado na exposição.”

 

Um de seus fundadores, o agitador cultural Vovô, declarou em matéria intitulada “As cores do ‘mais belo dos belos’ na Avenida Paulista.” ao “Segundo Caderno”, do Jornal O Globo:

 

“Espero que essa mostra leve um pouco do que estamos fazendo para fora da Bahia. As pessoas pensam que a gente atua só durante o Carnaval, mas não é isso. É um trabalho permanente. E é importante que a gente consiga disseminar essas ideias.”

 

 

 

BIBLIOGRAFIA CRÍTICA:

 

 

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014.

PINHEIRO, Paulo César e PACHECO, Edil, LP Afros e Afoxés da Bahia: Polydor, 1988.