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Termo
Bloco Afro Ijexá Filhos de Gandhy
Dados Históricos e Descrição

Considerado o primeiro bloco afro, foi fundado a 18 de fevereiro de 1949, no cais do Porto de Salvador, Bahia, quando os portos ingleses estavam em greve. Entre seus fundadores consta o estivador Nélson F. dos Santos e tem como patrono o líder político-religioso pacifista indiano Mahatma Gandhi.

Seus instrumentos marcantes são os agogôs em contraste com os atabaques. A fantasia é constituída de turbante branco, alpercatas brancas, meia azul, faixa azul e branca, pano-da-costa e contas, de acordo com os seus orixás. A alegoria é composta por camelos, elefante cinza, cabra preta e branca e dois quadros de Mahatma Gandhi. Outra característica marcante do bloco são as composições, geralmente de domínio público e em línguas africanas como iorubá, gêgê e nagô.

Segundo a tradição oral em Salvador, os primeiros blocos afros começaram a sair no início do século XX, não como blocos e sim como expressão religiosa dos terreiros de candomblés. Autorizados pelos Babalorixás e Yalorixás da época, os cortejos e suas patuscadas eram perseguidos pela polícia. Somente em 1949, com a fundação do Filhos de Gandhy, pelos trabalhadores das docas do porto de Salvador, a pressão católica e policial foi amenizada, possibilitando, mais tarde, a fundação de novos blocos afros, entre os quais destacamos Ilê Ayê (1974), Badauê (1978), Malê-Debalê (1979), Olodum (1979), Ara Ketu (1980), Olori (1981), Muzenza (1982), Bloco Afro Oju-Obá (1985) e Afreketê (1986).

Durante a década de 1960, alguns de seus representantes fundaram no Rio de Janeiro, na zona do cais do porto, o Ijexá Filhos de Gandhy do Rio de Janeiro.

Em 1980, a cantora Clara Nunes gravou “Ijexá”, de autoria de Edil Pacheco. A música tornou-se um sucesso da cantora, contribuindo para maior divulgação do nome do bloco. No ano de 2002, Jorge Aragão convidou parte dos cantores do bloco para fazer uma partipação especial no novo CD do cantor (posteriormente lançado em DVD). Neste disco o grupo interpretou “Eu e você sempre”. Em janeiro de 2003, foi uma das atrações, em Brasília, na festa de posse do presidente Luís Inácio Lula da Silva. Posteriormente o bloco ganhou documentário com cenas filmadas em Salvador e na Índia. No documentário, de Lula Buarque de Holanda, constaram entrevistas com Gilberto Gil, Carlinhos Brown e vários Babalorixás e Yalorixás, além de tomadas de desfile do bloco com mais de 14 mil integrantes.

O bloco mantém um centro de capacitação de jovens das comunidades carentes de Salvador. O Gandhy Mirim oferece a capacitação em várias áreas, entre as quais silk-screen e artesanato, além de oficina de percussão para novos integrantes.

BIBLIOGRAFIA CRÍTICA:

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Edição: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006, RJ.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008.