Agremiação fundada em 2 de março de 1986 com o nome de Associação Recreativa Carnavalesca Afoxé Alafin Oyó na cidade de Olinda (PE) por dissidentes do Afoxé Araodé. Alafin na língua yorubá significa um título de nobreza como “Senhor do palácio” ou mesmo “Rei”. Oyó é uma região de Benin, próximo à Nigéria, de onde veio para o Brasil, no século XVI, a segunda leva de escravos. O padrinho da agremiação é o orixá Xangô – nobre vindo de Oyó.
Segundo Seu Veludinho, antigo batuqueiro do Maracatu Leão Coroado, em entrevistas à pesquisadora Katarina Real, a palavra Maracatu não existia e o cortejo era chamado de Afoxé de África.
A professora de artes e pesquisadora Tatiana Gouveia, também tesoureira do Afoxé Alafin Oyó explica que: “Afoxé é um cortejo que faz reverências aos mortos. O Maracatu Nação é um ‘brinquedo’, tipicamente Afro-brasileiro – Afro-pernambucano – que tem por base religiosa o culto aos Eguns – ancestrais que em vida foram modelo de ética e moral; levantando a questão da justiça. O Afoxé segue a mesma linha, porém sua ligação com a África é maior: sua corte e demais brincantes representam um Cortejo Afro”.
No carnaval de 1986, a agremiação fez a sua primeira apresentação. Durante o desfile o grupo foi agredido com latas, pedras e palavras de baixo calão. No ano posterior, o grupo prometeu ao orixá-padrinho (Xangô) subir de costas a ladeira da Ribeira (Olinda), cantando em louvor aos deuses africanos. Desde então, eles desfilam aos sábados e às segundas-feiras do carnaval olindense. Tendo como diretor-presidente Rivaldo Pessoa (com larga experiência na militância da causa negra em Pernambuco), o grupo, na comunidade de Peixinhos – bairro de Olinda, e outras comunidades carentes como Sítio Novo e Santo Amaro, desenvolve ações comunitárias como oficinas de percussão, capoeira, canto, serigrafia e higene, além de resgatar e de divulgar a cultura negra através de toques e danças afros. Apesar de todas essas ações, a agremiação não possui sede própria e depende de apoio de outras entidades, como o Centro Luiz Freire. Em 1989 a Produtora TV Viva (ligada ao referido Centro) realizou um vídeo sobre a agremiação. Este trabalho foi premiado no “4º Video Music Festival Democracy and Communication/IMRE”, de Nova York, em 1992. Ainda no início da década de 1990, o grupo se apresentou regularmente no Clube Atlântico, em Olinda. Entre os anos de 2000 e 2003 o grupo voltou a se apresentar no referido clube. No carnaval de 2003, em conjunto com outras entidades, prestou homenagem aos 140 anos do Maracatu Leão Coroado, nas Comemorações da Consciência Negra. O Afoxé Alafin Oyó participa de diversos eventos como a Terça Negra, Festa da Lavadeira, 20 de Novembro e todos que permeiam a educação, a valorização e respeito do povo pernambucano. Ao lado do Ilê de Egbá e Filhos d’Ogundê, participou do CD “Afoxés de Pernambuco”, coletânea com alguns dos cortejos afro-descendentes.
BIBLIOGRAFIA CRÍTICA:
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Edição: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006, RJ.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008.