1.001
Nome artístico
Renato Murce
Nome verdadeiro
Renato Floriano Murce
Data de nascimento
7/2/1900
Local de nascimento
Rio de Janeiro, RJ
Data de morte
26/1/1987
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Radialista. 

Segundo filho de família abastada e tradicional do Lins de Vasconcelos, no então bairro nobre do subúrbio do Rio de Janeiro, nascia em 7 de fevereiro de 1900 Renato Floriano Murce – o Floriano. Seu nome, nunca usado e desconhecido até por familiares, foi posto pelo pai, sr. Abílio Murce, filho de portugueses, florianista fanático. Tinha mais três irmãos homens: Álvaro, formado como pediatra; Dario, comissário de polícia; Celso, funcionário aposentado da Light,  e uma única irmã, Lucinha, já falecida. Renato Murce cedo teve de trabalhar para sobreviver, após um golpe financeiro sofrido pelo pai. Para ajudar na colação de grau do irmão mais velho, todos foram trabalhar, cabendo ao então adolescente Renato vender doces na Central do Brasil e livros pelo interior de Minas. Foi, na época, o primeiro “profissional de futebol”. Habilidoso na bola, jogava pelos times das pequenas cidades em troca da compra dos seus lotes de livros. Nas décadas de 1940 e 50, teve também a experiência de corredor de automóveis, tendo participado de vários circuitos da Gávea. Foi empresário artístico e de boxe e, ainda jovem, se tornou alto funcionário do famoso Banco Pareto. Nesta época, introduzido na alta sociedade da capital, foi amigo de filhos de ministros e do presidente da República e freqüentador das altas-rodas, além da badalada Confeitaria Colombo. Renato participou da festa de abertura da famosa Exposição do Centenário da Independência de 1922, organizando lutas de boxe, ocasião em que foi realizada a primeira demonstração da maravilha que veio revolucionar a comunicação no mundo: o rádio. No ano seguinte, seu amigo Roquette-Pinto criou a primeira emissora e, em 1924, ele se apresentou, a seu convite, como cantor lírico num recital transmitido ao vivo pela Rádio Sociedade. Casou-se duas vezes, a segunda   com  Eliana Macedo. Teve quatro netos e 15 bisnetos, o último deles com seu nome. Sua única filha, Neyd  Murce, faleceu em 1968, tendo sido radioatriz da Rádio Nacional.

Dados Atividade Específica

Iniciou sua carreira artística  como pioneiro,  aprendendo na rádio a fazer de  tudo um pouco: foi contra-regra, produtor, diretor, apresentador, corretor de anúncios etc. Posteriormente, transferiu-se  para a Rádio Clube, na qual criou os programas que iriam ficar famosos por mais de três décadas, inclusive na Rádio Nacional, emissora onde permaneceu até morrer em 23 de janeiro de 1987. “Papel carbono”, “Piadas do Manduca”, “Almas do sertão”, entre muitos outros programas, foram líderes de audiência e marcaram várias gerações de ouvintes. “Papel carbono”  foi considerado o primeiro programa de calouros do rádio, com o que não concordava Renato, já que considerava ser um programa de novos valores que se apresentavam fazendo imitações de ídolos da época. Passaram pelo programa mais de 200 nomes que vieram a ficar famosos logo depois, como Luiz Gonzaga, Ângela Maria, Baden Powell, Chico Anisio, José Vasconcelos, Dóris Monteiro, Ivon Curi, Claudette Soares, Ellen de Lima, Leny Everson, Rosita Gonzales, João Donato, Adelaide Chioso, Agnaldo Rayol, Manoel da Conceição (o Mão de Vaca), Alaíde Costa, Cynara e Cybelle, Chocolate, Neuza Maria, Joelma, Maurício Einhorn, Os Cariocas, Dilermano Reis, Marisa Gata Mansa, Dominguinhos e muitos outros. Foi ainda responsável, na Rádio Clube, pelo lançamento de Ary Barroso, o qual contratou para acompanhar os intérpretes do seu programa. Renato Murce – ao lado de Almirante, Ademar Casé, Roquette-Pinto, César Ladeira, Saint Clair Lopes, Celso Guimarães, César de Alencar, Floriano Faissal, Dante Santoro e Victor Costa. É considerado uma legenda do rádio e patrimônio da nossa história das comunicações no século XX.

Em 2005, seu acervo com cerca de 20 mil itens foi doado pela família ao Instituto Cravo Albin de MPB.