
Produtor. Publicitário. Pesquisador. Bacharel em Direito. Segundo seu depoimento, quando jovem frequentou muito o sítio de um tio chamado João, a quem pediu uma novilha de presente no que foi atendido. Daí, deu início a uma pequena boiada, depois vendida. Com o dinheiro viajou para Europa na qual ficou por quatro meses.
Pouco depois de terminar o curso de advocacia, passou a dedicar-se à publicidade, Na década de 1960, abriu sua própria agência de publicidade. Em 1973, fundou o selo “Marcus Pereira”, uma gravadora independente voltada para gravar autores talentosos, mas que não estavam dentro do esquema comercial das grandes gravadoras, assim como músicas regionais e grandes nomes esquecidos ou pouco gravados. O selo durou até 1981, e lançou pioneiramente discos de Cartola, Banda de Pífanos de Caruaru, Ernesto Nazareth, na interpretação do pianista Arthur Moreira Lima, Paulo Vanzolini, Quinteto Armorial, e Elomar, entre outros, além de séries regionais. Ainda em 1973, lançou a série “Música Popular do Nordeste”, que foi efusivamente saudada pela crítica que a elegeu “O lançamento do ano” recebendo os prêmios “Estácio de Sá”, do Museu da Imagem e do Som, do Rio de Janeiro, e “Prêmio Noel Rosa”, da crítica paulista. Com planejamento e coordenação de Hermilo Borba Filho, e pesquisa, tratamento e execução do Quinteto Violado, teve ainda as participações da Banda de Pífanos de Caruaru, com a presença de seu fundador Benedito Biano, a dupla de emboladores Beija-Flor e Treme Treme, Banda Municipal do Recife, com direção do maestro Ademor Araújo, as duplas de cantadores Severino Pinto e Lourival Batista, e Otacílio Batista e Diniz Vitorino, sendo interpretados os gêneros frevo-canção, frevo de rua, frevo de bloco, trio elétrico, cantoria de viola, ciranda, bumba-meu-boi, samba de roda, coco bambelô, embolada e banda de pífanos. No mesmo período foi lançado o LP “Brasil, Flauta, cavaquinho, e violão” no qual o conjunto formado por Manoel Gomes (Flauta), Benedito Costa (Cavaquinho), Geraldo Cunha e Adauto Santos (Violões) e Fritz (Pandeiro) interpretou choros clássicos como “Carinhoso”, de Pixinguinha e João de Barro, e “Flamengo”, de Bonfíglio de Oliveira, entre outros. Em 1975, foi lançada a série “Música Popular do Centro oeste /Sudeste em 4 volumes, que contou com direção musical de Theo de Barros, e com gravações de NaraLeão, Renato Teixeira, Carmen Costa, Coral Universidade de São Paulo, Dona Ivone Lara, as duplas Mineirinho e Manduzinho, Osvaldinho e Papete, “Seo” Chico de Ubatuba, Tico Siqueira, Pedro Chiquito e Nhô Serra, Nhô Chico e Parafuso, Leoncio e Leonel, Família Camargo, de Carapicuiba, SP, Companhia de Moçambique, de Divinópolis, MG, Terno Verde de Congada, de Atibaia, SP, Grupo de samba rural, de Ubatuba, SP, Grupo da Mangueira, do morro da Mangueira, RJ, Grupo de Olimpia, e Catireiros de Nova Odessa, de São Paulo, Na série foram gravados diferentes gêneros musicais, cururu, catira, modinhas, no volume 1; samba, jongo, congada, moçambique e cantos religiosos, no volume 2; folia, calango, ciranda e coreto, no volume 3, 3 fandango, dança de Santa Cruz e moda de viola, no volume 4. Inúmeras preciosidades foram registradas, entre as quais, a “Moda mineira”, com Clementina de Jesus, “Dança de Santa Cruz”, com a Família Camargo, a Folia de Reis, com um grupo de foliões do morro da Mangueira, o partido alto “Andei para curimar”, de Dona Ivone Lara, com a interpretação da própria, e a gravação do último show do cururureiro Parafuso. A coleção contou com consultoria de Oneyda Alvarenga, Paulo Vanzolini e Regina Lacerda, com coordenação do próprio produtor e de Aluizio Falcão, Como pesquisadores atuaram Martinho da Vila, Paulo Vanzolini, Aluizio Falcão, Eli Camargo, Walter Marques, Dercio Marques, Gervásio Horta e Fernando Brandt. Na contra capa o produtor assinou texto de apresentação no qual escreveu: “A coleção “Música Popular do Centro-Oeste e Sudeste” dá prosseguimento ao nosso trabalho de documentação da música do povo brasileiro, que iniciamos com a coleção “Música Popular do Nordeste”. O sucesso deste lançamento, do ponto de vista da crítica e do público, nos surpreendeu e surpreendeu nossa distribuidora. Fomos saudados como renovadores da música popular do Brasil, nós que só pretendíamos ter uns frevinhos à mão para as festinhas de sábado. Essa repercussão, na verdade, deve-se à beleza e comunicabilidade de uma riqueza enorme que estava enterrada, neste país de tantas riquezas enterradas, e das quais nós colhemos uma pequena amostra, que é a cultura do nosso povo. E prosseguimos, agora, neste garimpo musical. Foram ainda lançadas séries com a “Música Popular do Norte” e “Música Popular do sul”. Em 1977, produziu o LP “Todo o choro” gravado ao vivo no Teatro Anhembi, em São Paulo, durante a realização do 1 Encontro Nacional do Choro” com as participações de Abel, Ferreira, Altamiro Carrilho, Carlos Pyares, Pernambuco do Pandeiro, Raul de Barros, r Waldir Azevedo, além dos músico acompanhantes Meira, no violão, Ivã e Voltaire, nos violões de sete cordas, Canhotinho e Valmar, nos cavaquinhos, Tanzinho, no pandeiro e Aracy no afochê. Sempre em polêmicas, muitas vezes debatidas nos jornais, com as grandes gravadoras, conseguiu chegar a 140 lançamentos em 9 anos, com coleções sobre o choro, sobre as escolas de samba, uma série intitulada “Mapa musical brasileiro”, e outras. As dívidas e os problemas pessoais foram aumentando até que, em 1981, ao voltar de férias atirou na própria cabeça e deu fim à sua vida. Foi considerado pela crítica mais responsável do país como um dos mais importantes e devotados pesquisadores da MPB.