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Nome artístico
Joãosinho Trinta
Nome verdadeiro
João Clemente Jorge Trinta
Data de nascimento
23/11/1933
Local de nascimento
São Luís, MA
Data de morte
17/12/2011
Local de morte
São Luís, MA
Dados biográficos

 

Carnavalesco. Cenógrafo. Bailarino.

De família pobre, viveu em São Luís até aos 18 anos, quando se mudou para o Rio de Janeiro. Ainda em sua terra natal, pertencia a um grupo de amigos e intelectuais que reunia Ferreira Gullar e José Sarney, entre outros.

Trabalhou como escriturário em São Luís, quando em 1951 conseguiu na empresa uma transferência para o Rio de Janeiro.

Estudou balé na academia de Eduardo Sena e em 1956 ingressou através de concurso público no Corpo de Balé do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com o qual participou de inúmeras montagens de óperas e balés. Por essa época, conheceu  os cenógrafos Arlindo Rodrigues e Fernando Pamplona, que além de trabalharem nas cenografia do teatro, ainda decoravam os bailes e as ruas da cidades para o carnaval.

Dividiu apartamento no Catete com o poeta Ferreira Gullar e o cronista José Carlos de Oliveira. Anos mais tarde, no Teatro Municipal, montou diversas óperas, entre elas, “Aída”, “Tosca” e “O Guarani”.

Tendo viajado por vários lugares do mundo levando grupos de show de escolas de samba, foi também palestrante em empresas e universidade sobre o universo do carnaval.

No ano de 1974 foi um dos personagens do curta-metragem “Artesanato do samba”, dirigido por Zózimo Bubul e Vera Figueiredo.

Em 1993 sofreu uma isquemia recuperando-se parcialmente nos anos seguintes.

Em 2002 o diretor Paulo Machile deu início as filmagens do documentário sobre Joãosinho Trinta com 60 horas de entrevistas gravadas entre 2002 e 2009, ano em que estreou o documentário “A Raça Síntese de Joãosinho Trinta”, dos diretores Paulo Machline e Giuliano Cedroni, apresentado em circuito fechado e no “Festival do Rio”.

Faleceu em São Luís, aos 78 anos de idade no ano de 2011. O governo do estado do Maranhão decretou luto oficial de três dias em sua homenagem.

Em 2013 estreou o longa-metragem “Trinta”, dirigido pelo cineasta paulistano Paulo Machline e produzido pela produtora paulistana Primo Filmes. O filme contou com o ator Matheus Nachtergaele no papel principal, além de Paulo Tiefenthaler no papel de Fernando Pamplona. Com locações na Escola de Samba Vizinha Faladeira, no bairro do Santo Cristo, o filme reconstituiu o primeiro trabalho solo do carnavalesco, na época, na Escola de Samba Acadêmico do Salgueiro, pela qual venceu com o enredo “O Rei da França na Ilha da Assombração”, em desfile realizado na Avenida Presidente Antônio Carlos.

 

Dados Atividade Específica

 

Em 1963 Arlindo Rodrigues o convidou para auxiliá-lo na criação e nas alegorias para o desfile do Acadêmico do Salgueiro, que naquele ano apresentou o enredo “Xica da Silva”, com samba-enredo composto por Anescarzinho do Salgueiro e Noel Rosa de Oliveira, sagrando-se campeã.

Um dos ícones do carnaval carioca, sua criatividade sempre trouxe mudanças radicais. Uma delas foi a criação de grandes carros alegóricos. Na época, acusado de descaracterizar as raízes do carnaval, declarou “Eu não mexi nas raízes, apenas arrumei vasos mais bonitos para elas”. Outra frase de sua autoria e causadora de grande impacto foi “Quem gosta de miséria é intelectual”, em resposta aos ricos carros alegóricos criados para a Beija-Flor.

Em 1974 fez o primeiro desfile como carnavalesco para a Acadêmico do Salgueiro com o enredo “Rei de França na Ilha da Assombração”, com o qual a escola foi campeã do Grupo 1. Nos anos posteriores passou pelas seguintes escolas, obtendo as seguintes classificações:

1975: G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro: “O segredo das minas do Rei Salomão” 1º lugar do Grupo 1;

1976: G.R..E.S. Beija-Flor: “Sonhar com rei dá leão” 1º lugar do Grupo 1;

1977: G.R..E.S. Beija-Flor: “Vovó e o rei da Saturnália na Corte Egípcia” 1º lugar do Grupo 1;

1978: G.R..E.S. Beija-Flor: “A criação do mundo segundo a tradição nagô” 1º lugar do Grupo 1;

1979: G.R..E.S. Beija-Flor: “O paraíso da loucura” 2º lugar do Grupo 1;

1980: G.R..E.S. Beija-Flor: “O Sol da Meia-noite – Uma viagem ao País das Maravilhas” 1º lugar do Grupo 1 – Título divido com a  Imperatriz Leopoldinense e Portela;

1981: G.R..E.S. Beija-Flor: “Carnaval no Brasil – A oitava das Sete Maravilhas do Mundo” 2º lugar do Grupo 1;

1982: G.R..E.S. Beija-Flor: “O olho azul da serpente” 2º lugar do Grupo 1;

1983: G.R..E.S. Beija-Flor: “A grande constelação das Estrelas Negras” 1º lugar do Grupo 1;

1984: G.R..E.S. Beija-Flor: “O gigante em berço esplêndido” 3º lugar do Grupo 1;

1985: G.R..E.S. Beija-Flor: “A Lapa de Adão e Eva” 2º lugar do Grupo 1;

1986: G.R..E.S. Beija-Flor: “O mundo é uma bola”  2º lugar do Grupo 1;

1987: G.R..E.S. Beija-Flor: “As mágicas luzes da ribalta” 4º lugar do Grupo 1;

1988: G.R..E.S. Beija-Flor: “Sou Rei Negro, do Egito à liberdade” 3º lugar do Grupo 1;

1989: G.R..E.S. Beija-Flor: “Ratos e urubus, larguem a minha fantasia” 2º lugar do Grupo 1;

1990: G.R..E.S. Beija-Flor: “Todo mundo nasceu nu” 2º lugar do Grupo Especial;

1991: G.R..E.S. Beija-Flor: “Alice no País das Maravilhas” 4º lugar do Grupo Especial;

1992: G.R..E.S. Beija-Flor: “Há um ponto de luz na imensidão” 7º lugar do Grupo Especial;

1993: Não participou do carnaval;

1994: G.R.E.S. Unidos do Viradouro: “Teresa de Benguela – Uma rainha negra no pantanal” 3º lugar do Grupo Especial;

1995: G.R.E.S. Unidos do Viradouro: “O Rei e os três espantos de Debret” 8º lugar do Grupo Especial;

1996: G.R.E.S. Unidos do Viradouro: “Aquarela do Brasil, ano 2000” 13º lugar do Grupo Especial;

1997: G.R.E.S. Unidos do Viradouro: “Trevas! Luz! A explosão do universo” 1º lugar do Grupo Especial;

1998: G.R.E.S. Unidos do Viradouro: “Orfeu, o negro do carnaval” 5º lugar do Grupo Especial;

1999: G.R.E.S. Unidos do Viradouro: “Anita Garibaldi, heroína das sete magias” 3º lugar do Grupo Especial;

2000: G.R.E.S. Unidos do Viradouro: “Brasil, visões de paraísos e infernos” 3º lugar do Grupo Especial;

2001: G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio: “Gentileza, o profeta sai do fogo” 6º lugar do Grupo Especial;

2002: G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio: “Os papagaios amarelos nas Terras Encantadas do Maranhão” 7º lugar do Grupo Especial;

2003: G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio: “O nosso Brasil que Vale” 3º lugar do Grupo Especial. Neste mesmo ano foi o primeiro carnavalesco a aceitar a merchandising e o patrocínio de grande empresas para uma escola de samba. Com o enredo “O nosso Brasil que Vale”, obteve o patrocínio da Vale do Rio Doce, algo em torno de U$ 600 mil.

Entre as várias vezes que foi homenageado como enredo de escola de samba, destaca-se em 2004 a Acadêmicos da Rocinha, na qual foi o primeiro carnavalesco.

Como carnavalesco atuou nas principais escolas de samba: Acadêmicos do Salgueiro, Beija-Flor, Viradouro e Grande Rio, de onde foi afastado em 2004 acusado de “Delirante”. Em novembro deste mesmo sofreu mais um AVC, sendo liberado do CTI poucos dias depois.

Em 2004, horas antes da apuração oficial a diretoria do G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio demitiu o carnavalesco. Com o samba-enredo “Vamos vestir a camisinha, meu amor” (Marco Moreno, Mingau, Derê e Djalma Falcão), puxado por Wander Pires, a escola classificou-se em 10º lugar no Grupo Especial.

 

FONTES:

 

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

ARAÚJO, Hiram. Carnaval – Seis milênios de história. Rio de Janeiro: Editora Gryphus, 2000.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014.

COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.