
Jornalista. Escritor. Produtor cultural. Ator.
Perdeu a mãe aos dois anos, o que o obrigou a mudar-se para Maceió, onde permaneceu sob os cuidados do avós paternos. Foi ali, por influência de uma tia, que travou os primeiros contatos com o folclore e com as tradições brasileiras.
Voltou a morar no Rio anos mais tarde, para juntar-se ao pai. Voltou-se para a política, época em que fundou a Associação Brasileira de Estudantes Secundários (Abes) e foi presidente da Comissão Preparatória da União Brasileira de Estudantes Secundários (Ubes), ambas alojadas no prédio da Une.
Em 1948, seu pai viu um panfleto do Teatro Experimental do Negro, idealizado por Abdias do Nascimento. No texto, um chamado por voluntários que pudessem ajudar na alfabetização de adultos, curso que funcionava no segundo andar da sede do teatro. Impelido por seu pai, voluntariou-se. Um acaso, no entanto, fez com que, certo dia, fosse chamado para substituir um ator que faltara à leitura de uma peça. Iniciou, assim, a carreira de ator, atuando na peça “O filho pródigo”, de Lúcio Cardoso.
Junto com os outros jovens atores do grupo, abriu, mais tarde, o Teatro dos Novos. Com um projeto diferente, pretendia dedicar-se a uma linguagem que se aproximasse mais da dança e do canto. Foi nessa época que escreveu a revista “Rapsódia de ébano”, com texto que refletia sobre os caminhos da música brasileira, identificando no lundu maxixe e no coco elementos trazidos pelos negros.
Estreou seu primeiro espetáculo em 1950, no Teatro Ginástico. Renomeou o grupo, que passou a se chamar Teatro Folclórico Brasileiro, marcando-o como uma companhia de danças brasileiras.
Com o sucesso do espetáculo, os dançarinos chegaram a Barcelona, onde receberam convites para apresentar “Brasiliana” durante cinco anos em 25 países. Aproveitaram o nome para renomear a Companhia, na qual atuou como diretor artístico e bailarino.
Em 1954, em Paris, conheceu Vinicius de Moraes, que o convidou para protagonizar a peça “Orfeu da Conceição”. Estreou no Teatro Municipal, em 1956.
Representou também o papel de Jesus Cristo no “Auto da compadecida”, de Ariano Suassuna.
Nos anos 60, dividiu-se entre seu trabalho na TV Tupi, textos para o Última Hora e para o jornal do Partido Comunista e para a publicação de Jorge Amado, Paratodos. A partir da década de 1970, produziu vários espetáculos de caráter essencialmente brasileiro em espaços cariocas como Boate Plaza, Top Club, Night and Day, Fred´s, Boate Drink dos Irmãos Peixoto, Golden Room do Copacabana Palace e Sucata de Ricardo Amaral.
No cinema, dirigiu e atuou no filme “Pista de grama” (1958). Participou ainda dos filmes “Cleo e Daniel” (1970), de Roberto Freire, “Tanga – Deu no New York Times” (1986), de Henfil, e “Papá – Rua Alguém 555” (2003), de Egídio Eronico.
Em TV, atuou nas novelas “Kananga do Japão” (TV Manchete, 1989), “Pantanal” (TV Manchete, 1990), “A história de Ana Raio e Zé Trovão” (TV Manchete, 1990), “A idade da loba” (TV Bandeirantes, 1995) e “Chica da Silva” (TV Manchete, 1996), na minissérie “Chiquinha Gonzaga” (TV Globo, 1999) e no especial “Carnaval no Rio”, produzido e dirigido por Jack Sobel para Enterprises Entertainment.
Em 1995, dirigiu nova montagem da peça “Orfeu da Conceição”, no mesmo palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, onde o espetáculo estreou, quase 40 anos antes.
Publicou os seguintes livros: “Fala crioulo: o que é ser negro” (1982, Record), com depoimentos de negros de diferentes condições sociais; “Salgueiro: Academia de Samba” (1984, Record), que conta a história da Escola; “Na cadência do samba” (2000, Novas Direções); “100 anos de Carnaval no Rio de Janeiro” (2001); “As Escolas de Lan” (2002), sobre o cartunista Lan e seu olhar sobre o negro; “Salgueiro – 50 anos de glória” (2003, Record); “Ernesto Nazareth – Pianeiro do Brasil” (2005, Novas Direções); “Políticas e religiões no Carnaval” (2007, Irmãos Vitale); “Catulo da Paixão – vida e obra” (2009, ND Comunicação), “Nação Quilombo” (em parceria com Joel Rufino e Nei lopes. 2010, ND Comunicações) e “Arte e cultura afro-brasileiras” (2014, Novas direções).
Atuou, ainda, como produtor da TV Globo, trabalhando nos programas “Concerto para a juventude”, “Dercy Gonçalves” e “Discoteca do Chacrinha”.
Em 2015, tomou posse na Academia Brasileira de Arte, assumindo a cadeiro 32 patronímica de Castro Alves, sucedendo Leopoldo Braga.
Em julho do mesmo ano, o Instituto Cultural Cravo Albin organizou uma exposição em sua homenagem, composta por livros, registros visuais, certidões e alguns de seus objetos pessoais. Uma recepção no próprio Instituto, para pouco menos de 100 pessoas, marcou a abertura da exposição.
Foi capa, ainda em 2015, da Revista Carioquices, organizada pelo mesmo Instituto. Em matéria de 8 páginas, uma detalhada compilação de seus principais trabalhos.
BIBLIOGRAFIA CRÍTICA:
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014.
COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.