5.002
Nome artístico
Ariano Suassuna
Nome verdadeiro
Ariano Vilar Suassuna
Data de nascimento
16/6/1927
Local de nascimento
João Pessoa, PB
Data de morte
23/07/2014
Local de morte
Recife, PE
Dados biográficos

Pesquisador. Escritor. Folclorista. Teatrólogo. Fez o curso primário e o secundário na cidade de Taperoá, na Paraíba. Em 1950, bacharelou-se em Direito pela Faculdade de Direito do Recife. É membro da Academia Brasileira de Letras, sendo considerado um dos luminares do teatro e da cultura do Nordeste do país. Em 2007, assumiu a Secretaria de Cultura de Pernambuco a convite do governador eleito Eduardo Campos, neto de Miguel Arraes.

Dados Atividade Específica

Ainda como estudante, fundou com Hermilo Borba Filho e outros o Teatro do Estudante Pernambucano. Entre suas peças de teatro estão “Uma mulher vestida de Sol”, de 1947, “Auto de João da Cruz”, de 1950, “O castigo da soberba”, de 1952, “O rico avarento”, de 1954, “O auto da compadecida”, de 1955, sua obra mais conhecida e que recebeu versões para o cinema e para a televisão. Outras de suas peçcas teatrais são “O casamento suspeitoso” e “O santo e a porca”, de 1957, “O homem da vaca”, e “O poder da fortuna”, de 1958 e “Farsa da boa preguiça”, de 1962. Publicou ainda os romances “Romance da pedra do reino”, em 1971 e “O rei degolado”, em 1976. Teve trabalhos traduzidos para o inglês, o alemão, o francês, o espanhol e o polonês. Em 1969, “O auto da compadecida” teve sua primeira versão para o cinema, sob a direção do cineasta húngaro, naturalizado brasileiro, George Jonas. O filme, rodado em Recife, trazia no elenco Regina Duarte, Armando Bógus e o estreante Antônio Fagundes. Posteriormente, foi disponibilizado em DVD. Professor de Estética e Teoria do Teatro da Universidade Federal de Pernambuco, onde exerceu o cargo de Diretor de Extensão Cultural, em 1970, criou no Recife o Movimento Armorial, interessado em diversas facetas da cultura popular e do qual se originou o Quinteto Armorial. Em 1987, “O auto da compadecida” voltou às telas, na adaptação “Os trapalhões no auto da compadecida”, dirigido por Roberto Farias. Neste, Renato Aragão marcou, de forma inquestionável, a figura de Chicó e Mussum interpretou um Cristo negro. O filme emplacou total sucesso de bilheteria, atraindo um público em torno de 2.610.371 pagantes. Em 1991, escreveu o artigo “Notas sobre a música de Capiba” para o livro “Carnaval do Recife”. Em 1994, Luiz Fernando Carvalho adaptou o “Romance da Pedra do Reino” para o cinema e dirigiu um especial para a TV de “Uma mulher vestida de sol”, com a atriz Tereza Seiblitz. No ano seguinte, o mesmo diretor levou aos palcos “A farsa da boa preguiça”. Filiado ao PSB – Partido Socialista Brasileiro- tornou-se Secretário de Cultura do Governador Miguel Arraes, cargo que exerceu até 1998, colocando em prática muitos projetos e programas de valorização da cultura brasileira. Em 1999, a TV Globo apresentou a mini-série “O auto da compadecida”. O êxito de audiência foi tanto que a minissérie foi adaptada para o cinema, pela direção de Guel Arraes, sendo sucesso de bilheteria em todo o Brasil. Nos personagens João Grilo e Chicó, atuaram os atores Matheus Nachtergaele e Selton Mello. Em 2000, “O santo e a porca” foi exibido pela TV Globo, no programa “Brava gente”. No carnaval de 2002, o escritor foi tema do enredo “Aclamação e coroação do Imperador da Pedra do Reino Ariano Suassuna” que a Escola de Samba Império Serrano, do Rio de Janeiro, apresentou em seu desfile na Marquês de Sapucaí. Mantendo atuação intelectual ativa, em 2005, recebeu título de Doutor Honoris Causa, na Universidade de Passo Fundo,RS. Na ocasião, palestrou para uma platéia de 5 mil pessoas, entre intelectuais, professores e estudantes, sendo efusivamente ovacionado. Em 14 de março de 2006, deu conferência na Academia Brasileira de Letras, com o tema “Raízes populares da cultura brasileira”. Nessa ocasião foi inaugurada, naquela instituição, a exposição “Do reino encantado: iluminogravuras de Ariano Suassuna”. A expressão é um neologismo que referencia as obras que se tornaram emblemas do movimento Armorial e que indica a utilização de técnicas da gravura medieval, aliadas às da gravação em papel. As eleições majoritárias ocorridas naquele ano, levou-o ao posto de suplente do Senador Jorge Gomes, do PSB, pela Frente Popular de Pernambuco. Na ocasião, o escritor não se furtou à participação em comícios, sempre defendendo seus ideais sobre a valorização da cultura popular e nordestina. Em junho de 2007, data em que completou 80 anos, recebeu homenagens de diversas instituições. Diante da agenda completamente lotada de homenagens em diversas cidades do norte ao sul do páis, viu-se envolvido com viagens de avião, uma coisa de que nunca gostou. Uma das homenagens foi a da Rede Globo de Televisão, que exibiu do seriado “A pedra do reino”, com direção de Luiz Fernando Carvalho, baseada em sua obra “Romance d’a Pedra do Reino”, que o autor declarou ser sua obra mais importante. A mini-série inaugurou na Globo o projeto Quadrante, cujo objetivo é levar à TV uma série de produções inspiradas em obras literárias, percorrendo diversas partes do país.Todas as cenas foram rodadas em Taperoá, cidade em que ele viveu sua infância e adolescência. Na praça principal da cidade foi montado um cenário que aproveitou as casas verdadeiras da cidade. O elenco foi todo formado com atores desconhecidos da região e de várias partes do nordeste, com exceção de Cacá Carvalho. Os trabalhos para a mini-série se tornaram um grande evento cultural na cidade e duraram três meses, incluindo uma série de oficinas e palestras. Além dos mais de cinquenta atores, foram também priorizadas pessoas da região para os trabalhos de cenografia, figurino, como rendeiras e costureiras, bordadeiras, artesãos, iluminadores, etc. A idéia do diretor foi tornar o resultado o mais próximo possível da realidade do local. Nas comemorações de seu octogésimo aniversário, concedeu diversas entrevistas em TVs variadas, falando de sua obra e de seu modo de ver a arte, a cultura brasileira e o mundo. Só no Rio de Janeiro, foram realizadas inúmeros eventos abertos, com uma grande homenagem no Palácio do Itamarati, promovida pela Fundação Alexandre de Gusmão e apresentada pelo pesquisador Ricardo Cravo Albin. Ao evento, que teve lugar nos jardins do palácio, acorreram quase 1.500 pessoas para ouvi-lo falar. A seguir, as homenagens se transferiram para o palco do Theatro Municipal, cuja cuja abertura contou com mais uma das famosas aulas-espetáculo do escritor. Durante o evento foram lidos e dramatizados diversas obras do escritor. Nas viagens, foi acompanhado da esposa Zélia, com quem comemorou os eventos do ano chamado por amigos de AriAno, juntamente com seus seis filhos e quinze netos. Os eventos contaram também com o lançamento dos livros “Ariano Suassuna”, perfil biográfico de Adriana Victor e Juliana Lins, lançado pela editora Jorge Zahar; “O ABC de Ariano Suassuna”, de Braulio Tavares, pela José Olympio, lançado no Sesc Flamengo, e “A Pedra do reino”, da editora Globo, com dois volumes- um com o fac-símile do roteiro da mini-série da TV Globo e outro com fotos do set de gravações, também lançado no Sesc Flamengo. Também, no Rio, foi apresentada a “Semana Armorial”, no Sesc Flamengo, com mesas-redondas, lançamentos de livros e, como destaque, a inauguração da exposição “Armorial: a terra, o altar e o sonho”. A exposição exibe peças da obra plástica de Suassuna, com destaque para as “iluminogravuras”.  As comemorações no Rio se estenderam também à Sala Baden Powell, onde foi apresentado o espetáculo de dança “Sambassuassuna”, pela Cia. De Abndrea Jabor, além de show de Antônio Nóbrega e de Inez Viana com o Grupo Gesta.Também houve no Cine Odeon-BR, a pré-estréia do documentário “O senhor do castelo”, de Marcus Villar, que passou quinze anos envolvido com filmagens sobre Suassuna. As comemorações contaram também com a inauguração do site http://www.arianosuassuna.com.br, criado com o presente de aniverssário e fornecendo toda a programação da Semana Suassuna, apresentações no CCBB da peça “Ariano” e leituras dramatizadas de obras do escitor no Sesc Flamengo, com Aderbal Freire Filho e Tessy Callado. Ainda em 2007, foi levada à cena a “Farsa da boa preguiça” que contou com direção de João das Neves, direção musical e música original de Alexandre Elias, e teve no elenco as presenças de Ernani Moraes, Leandro Castilho, Vilma Melo, Flávio Pardal, Bianca Byington, Daniela Fontan, Francisco Salgado e Guilherme Piva. A peça percooreu diversos estados brasileiros e, em 2009, retornou ao Rio de Janeiro, sendo reencenada, com casa cheia em três temporadas, primeiramente no teatros Ginástico, seguida de um Espaço na Barra da Tijuca e, depois, no Carlos Gomes. Foi ainda lançado um CD com as 10 músicas da peça, com cinco poemas do autor, musicados por Alexandre Elias: “Clarabela”; “Simão Pedro”; “Frevo”; “Xarapa velho” e “Final”.

 

fontes:

 

AMARAL, Euclides. A Letra & a Poesia na MPB: Semelhanças & Diferenças. Rio de Janeiro: EAS Editora, 2019.