0.000
Nome artístico
André Midani
Nome verdadeiro
André Calixte Haidar Midani
Data de nascimento
25/9/1932
Local de nascimento
Damasco, Síria
Dados biográficos

Executivo da indústria fonográfica. Escritor.

Nascido na Síria, foi para a França com três anos de idade.

Começou sua carreira profissional em 1952, na Decca francesa, inicialmente como apontador de estoque e depois como vendedor. Em seguida, embora ainda não existisse a função de produtor musical, destacou-se profissionalmente a partir de dois projetos muito bem sucedidos desenvolvidos na gravadora.

Em 1955, em virtude da Guerra da Argélia, mudou-se para o Brasil. No dia seguinte à sua chegada, pesquisou nas “Listas Amarelas” quais as gravadoras existentes no país e se interessou pela Odeon. Telefonou para a gravadora, comunicando-se em inglês com a telefonista que, pensando tratar-se de algum funcionário da matriz européia, transferiu a ligação para a secretária do presidente. A funcionária agendou uma entrevista, durante a qual o equívoco foi desfeito e a conversa lhe valeu um contrato com a incumbência de lançar a marca Capitol no Brasil. Seu trabalho concentrou-se inicialmente nos lançamentos do cast internacional.

Personagem decisivo no lançamento da bossa nova no mercado fonográfico, em 1958 começou a entrar mais no universo da música nacional. Como um recém-chegado da França, onde existiam cantores como Gilbert Bécaud, Charles Aznavour e outros, vinha constatando a inexistência, no Brasil, de uma música dirigida à juventude. Nessa época, já conhecia Tom Jobim, não como compositor, mas pelos arranjos assinados pelo maestro para a Rádio Nacional. Através do fotógrafo Chico Pereira, entrou em contato com a “turma da bossa nova”, formada por Carlos Lyra, Roberto Menescal, Nara Leão, Ronaldo Bôscoli e Oscar Castro Neves, entre outros, e percebeu que ali estava a música para a juventude brasileira. Através de Dorival Caymmi, ficou conhecendo João Gilberto. A decisão de lançar a bossa nova no mercado veio da parceria com Aloysio de Oliveira. Em suas próprias palavras: “Se é que houve uma hesitação por parte do Aloysio, eu fui talvez o instrumento que tirou a hesitação dele”.

Em 1960, em função de um desentendimento com o presidente da Odeon, Bill Morris, e seu assistente, Henry Jessen, desligou-se da gravadora e fundou uma companhia financiada pela Odeon, a Imperial, que vendia discos de porta em porta, destacando-se no mercado fonográfico e chegando, em alguns momentos, a vender mais discos que a própria Odeon. Em seguida, estabeleceu a Imperial em outros países latino-americanos, como Argentina, Venezuela, Peru e México.

Em 1964, devido ao grande sucesso do empreendimento, foi convidado para instalar a Capitol no México e depois em Los Angeles, atuando na gravadora até 1968, quando foi convidado para exercer a presidência da Philips (hoje Universal Music), no Brasil. Assumiu o cargo nesse ano, encontrando a companhia deficitária e recebendo a incumbência de torná-la lucrativa em um prazo de três anos, ou a mesma seria fechada. Reduziu para 50 artistas o cast da gravadora, que contava, nessa época, com cerca de 155 artistas, entrando em contato direto com a espinha dorsal do elenco, constituída por artistas como Elis Regina, Caetano Veloso, Gal Costa e Gilberto Gil, entre outros. Transferiu Armando Pittigliani para a direção do Departamento de Divulgação, Promoção e Marketing e convidou Roberto Menescal para assumir a direção artística da companhia, convencido da necessidade de que essa função fosse exercida por um músico. A gravadora, que passou a atuar como Phonogram e depois como PolyGram (hoje Universal Music), era constituída, nessa época, pela Philips, dirigida por Roberto Menescal, e pela Polydor, dirigida por Jairo Pires. Contratou para o cast da companhia artistas como Tim Maia, Chico Buarque, Jorge Ben (hoje Jorge Benjor), Luiz Melodia, Jards Macalé e Raul Seixas, entre outros.

Na década de 1970, ficou famoso o anúncio de duas páginas contendo a foto de todo o elenco da gravadora, acompanhada da frase: “Só nos falta o Roberto… Mas, também, ninguém é perfeito!”, referindo-se a Roberto Carlos, artista contratado da CBS.

Permaneceu na presidência da PolyGram até 1976, quando Nesuhi Ertegun o convidou para montar a Warner no Brasil. Inicialmente assumindo 3% do mercado fonográfico, contratou para o cast da gravadora artistas como Elis Regina, Tom Jobim, Gilberto Gil, Belchior, Hermeto Pascoal, Paulinho da Viola, Ney Matogrosso, Baby Consuelo (hoje Baby do Brasil), Pepeu Gomes, A Cor do Som e Frenéticas, entre outros.

Na década de 1980, apostando no rock brasileiro, contratou Lulu Santos e os grupos Titãs, Ultraje a Rigor, Ira! e Kid Abelha, entre outros artistas.

Estabeleceu a Warner também na Argentina, em 1985, e no México, no ano seguinte.

Em 1990, mudou-se para Nova York, assumindo a função de Presidente da Warner para a América Latina e depois a função de Presidente da Warner Internacional. Estabeleceu a companhia latina nos Estados Unidos, consolidou a gravadora no México e na Argentina, instalou a companhia em países como Colômbia, Peru, Venezuela e Chile e fez parte do Conselho de Direção da gravadora na Itália e na Espanha.

Tornou-se membro do Conselho Consultivo da gravadora a partir de 2000.

Em 2002, voltou a fixar residência no Brasil, onde passou a atuar na ONG Viva Rio.

Em 2004, aceitou o convite do Ministro Gilberto Gil para exercer a função de Comissário Geral do “Ano do Brasil na França” (2005).

Foi eleito uma das 90 pessoas mais importante da história da indústria mundial do disco pela revista “Billboard”, Homem do Ano no Midem 1999, membro do conselho da Federação Internacional dos Produtores de Discos (IFPI) e presidente da IFPI latino-americana.

Em 2008, lançou o livro “Música, ídolos e poder – Do vinil ao download” (Nova Fronteira).

Em 2011, seu livro “Música, ídolos e poder – Do vinil ao download”, lançado em 2008 e retirado das lojas algum tempo depois por ação judicial, após atingir altos níveis de vendagem, foi disponibilizado para download pela internet na íntegra.

Por sua trajetória na indústria fonográfica brasileira, foi homenageado pelo Instituto Cultural Cravo Albin, em 2013, com a exposição “A magia do disco – André Midani”, que teve curadoria de Heloisa Carvalho Tapajós.

 

BIBLIOGRAFIA CRÍTICA:

 

 

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014.

AMARAL, Euclides. O Guitarrista Victor Biglione & a MPB. Rio de Janeiro: Edições Baleia Azul, 2009. 2ª ed. Esteio Editora, 2011. 3ª ed. EAS Editora, 2014.

COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.

FUSCALDO, Chris. Discobiografia Mutante: Álbuns que revolucionaram a música brasileira. Rio de Janeiro: Editora Garota FM Books, 2018.  2ª ed. Idem, 2020.