0.000
Dados Históricos e Descrição

Há quase dois mil anos antes de Cristo, na antiga Babilônia, já eram usados instrumentos parecidos com o violão. Também foram encontrados indícios sobre o instrumento em outros locais como Susa, Luristan e Assíria.
Antes da Era Cristã o povo egípcio usava um instrumento de cinco cordas próximo ao violão. Em Jerusalém, anos antes de Cristo, já se tocava um instrumento semelhante ao violão. Em Roma, no tempo de Publius Lentulus, eram comuns serenatas ao som de um instrumento também parecido com o violão em bojo e cordas. Por volta do ano 300 da Era Cristã o instrumento já se difundira pela França e Alemanha. Mais tarde, na idade média, o instrumento chegou à Espanha, onde sempre foi muito considerado e executado por virtuoses e onde também ganhou a sexta corda (lá). Logo depois, já com as características atuais, foi levado para Lisboa.
Um dos primeiros violões que se tem notícia, em terras brasileiras, foi o do poeta baiano Gregório de Mattos Guerra (1633/1696), que no século XVII já cantava seus versos acompanhando-se de uma viola feita de cabaça fabricada por ele, segundo o pesquisador Araripe Júnior (1848/1911). Posteriormente o violão foi usado como propagador da “modinha”, gênero musical criado pelo mulato brasileiro Domingos Caldas Barbosa (1738/1800), segundo José Ramos Tinhorão. No Brasil o instrumento surgiu como evolução natural da viola de arame, que ganhou mais uma ordem de cordas na região grave, passando a ter a afinação mi, lá, ré, sol, si, mi, do grave para o agudo. Como evolução da viola as cordas duplas foram transformadas em cordas simples e, para compensar a perda de sonoridade oriunda disso, teve o tamanho aumentado, como aliás o próprio aumentativo do nome certifica ‘Violão’. Em muitas regiões, a entrada do violão levou ao desaparecimento completo da ‘viola’, de sorte que ele continuou a ser chamado também de viola, tanto em partes do Brasil quanto em outras de Portugal. É por isso que muitos artistas que só tocam violão têm o nome ampliado com o complemento “da Viola”, Chico Viola, Paulinho da Viola, Mano Décio da Viola. O instrumento, embora conhecido em áreas rurais, é essencialmente urbano. No gênero ‘choro’ o violão ganhou contornos musicais como instrumento de solo e de acompanhamento. Os pioneiros neste instrumento foram João Pernambuco (1853/1947), Quincas Laranjeiras (1873/1935), Satiro Bilhar, como gostava de ser chamado ou ainda Sátiro e Satinho, como também era conhecido (1860/1927) e Tute (1886/1957), entre outros menos conhecidos como Chico Borges, também cavaquinista (circa 1880/1916) e Juca Valle, companheiro inseparável de vários flautistas como Callado, Viriato Rangel e Luizinho.
Nos séculos XX e XXI, novos violonistas foram surgindo e imprimindo sua marca no instrumento: Garoto (Aníbal Augusto Sardinha 1915/1955), Meira (Jayme Tomás Florence 1909/1982), Canhoto da Paraíba (Francisco Soares de Araújo 1928/2008), Manoel da Conceição (Mão de Vaca), César Faria (Benedito César Ramos de Faria/1919-2007), Raphael Rabello (Rafael Baptista Rabello 1962/1995), Yamandú Costa, Guinga, Rosinha de Valença, Maurício Carrilho, Cláudio Jorge, Marcelo Menezes, Zé Paulo Becker, João Rabello, João Lyra, Cláudio Menandro e Turíbio Santos, entre outros.

Fonte:

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.