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Dados Históricos e Descrição

O piano descende diretamente do cravo, que por sinal vem do clavicórdio, instrumento criado no ano de 1300.
Em 1700 o italiano, nascido na cidade de Pádua, Bartolomeu Cristófori inventou o piano como o conhecemos.
Os primeiros pianos foram os de cauda e no ano de 1739 foram criados os pianos verticais.
O instrumento chegou ao Brasil vindo de Portugal com a Família Real em 1808 e logo foi incorporado à vida carioca.
Em 1856 o letrista e escritor Araújo Porto-Alegre (Manuel de Araújo Porto-Alegre 1806/1879) escreveu que o Rio era uma cidade de pianos, dado à coqueluche do número de lojas e casas de família (comum na época) terem piano.
Durante o segundo reinado chegaram ao Brasil dois grandes mestres europeus: Arthur Napoleão (Artur Napoleão dos Santos – Portugal 1843 / RJ 1925), no Rio de Janeiro e Luigi Chiaffarelli, em São Paulo (nascido em Irsênia, na Itália no ano de 1856 e falecido em São Paulo em 1923) professor de Francisco Mignone e Guiomar Novaes.
Luigi Chiffarelli e Arthur Napoleão são os responsáveis por boa parte de nossa escola pianística do século XIX. Ainda que no século XIX a maioria dos pianos fosse importadas da Europa também se tem notícias de fábricas em Recife.
Foram criados repertórios abrasileirados para o instrumento, além do uso do mesmo para acompanhamento da polca, em voga na época. A cidade foi invadida por lojas que vendiam pianos, e para demonstrá-los eram contratados pianeiros, sendo Chiquinha Gonzaga (1847/1935), uma profissional desta nova categoria de trabalhadores no século XIX. Outros importantes pianeiros do início do século XX foram Bequinho, J. Garcia Cristo, Aurélio Cavalcanti, Xandico e Porfírio da Alfândega. Contudo, essa nova classe também era contratada para tocar em bailes, clubes, festas familiares e sala de espera de cinema, tais como o Cine Odeon, para o qual o pianista Ernesto Nazareth fora contratado em 1910, e para o qual compôs o clássico “Odeon”, gravado em 1912 e que na década de 1960 recebeu letra, a pedido de Nara Leão, do poeta Vinicius de Moraes.
Vale lembrar também três outras pianistas, um tanto quanto esquecidas, mas importantes como pioneiras no instrumento, citadas no livro “Selecta Brasiliense”, de José Marcelino de Vasconcelos. São elas Beatriz Ferrão, Amélia de Mesquita e Luíza Leonardo. Beatriz Ferrão nasceu em Minas Gerais no ano de 1792, sendo considerada por muitos pesquisadores como a primeira mulher musicista brasileira. Poliglota, Beatriz Ferrão, escreveu versos em latim, italiano e português em composições para piano. A outra, um pouco mais conhecida, foi contemporânea de Chiquinha Gonzaga e também fez razoável sucesso em Paris. Amélia de Mesquita (Rio de Janeiro 1866 / 1947). Irmã do compositor Carlos de Mesquita (seu primeiro professor de piano), lecionou piano entre os anos de 1875 e 1930, tendo sido a primeira musicista brasileira a compor uma “Missa” completa. Faleceu aos 81 anos quase que esquecida no Brasil, apesar de ter promovido a música brasileira no exterior, principalmente na França a partir de 1877, quando lá chegou. E por último, mas não menos importante, a carioca Luíza Leonardo. Nascida no ano de 1859, exímia pianista, além de compositora e atriz dramática, em 1879, quando de sua estada em Paris, onde estudava, recebeu o “1º Prêmio” no Conservatório de Música de Paris.
As três pianistas citadas (Beatriz Ferrão, Amélia de Mesquita e Luiza Leonardo) foram importantes para a divulgação da MPB no exterior, sempre executando obras de compositores contemporâneos a elas.
Entre os mais conceituados, da primeira geração de pianistas além da maestrina Chiquinha Gonzaga, destaca-se Ernesto Nazareth, carioca nascido em 1863 e falecido em 1934.
Sua importância para o instrumento (piano) pode ser atestada por esse pequeno trecho do pesquisador Mozart de Araújo:
“A posição de Ernesto Nazaré na história da música popular brasileira é de maior importância porque ele foi o fixador, na pauta musical, de fórmulas melódicas, de esquemas harmônicos e de células rítmicas que se tornaram representativas da musicalidade nacional”.
Das gerações posteriores a Nazareth, destaco Carolina Cardoso de Menezes, Radamés Gnattali, Leandro Braga, Cristóvão Bastos, Ricardo Camargos e Arthur Moreira Lima, este último em 1975, pela gravadora Discos Marcus Pereira, lançou o álbum duplo “Arthur Moreira Lima interpreta Ernesto Nazareth” e dois anos após, outro álbum duplo, pela mesma gravadora, com mais 24 composições do pianista, entre as quais “Bambino”, “Janota”, “Meigo”, “Yolanda”, “Expansiva” e “O futurista”.

Fonte:

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.