Instrumento de percussão, constituído por um aro de madeira com soalhas – rodelas de metal – e uma das bases recoberta ou não de membrana ou, menos comumente, recoberta de folha de metal. Conforme o caso, portanto, poderá ser classificado entre os idiofones, os membranofones, quando não tem soalhas, ou em ambos ao mesmo tempo. O suporte de madeira pode ser circular, quadrado, sextavado, oitavado etc.
Pode ser tocado de várias maneiras: percutindo a membrana com a palma da mão ou com os dedos, sacudindo o instrumento no ar para se obter um efeito de trêmulo ou atritando a membrana com o polegar para um trêmulo mais contido, podendo ainda ser percutido com baquetas. O pandeiro tem uma longa ancestralidade e parece ter sido encontrado na maior parte do mundo desde a antiguidade. Os egípcios usavam para o luto, os israelitas em sinal de júbilo. Tornou-se popular por toda a Europa durante a Idade Média, geralmente associado a artistas ambulantes, mas foi também adotado por conjuntos da Corte. No Brasil, difundiu-se originalmente nas áreas rurais, sendo muito usado na música folclórica, nos cucumbis, pastoris, Folias do Divino, samba rural paulista etc. Na música popular, é hoje indispensável nos conjuntos de choro, nos vários tipos de orquestras regionais e, embora tenha pouca sonoridade, está sempre presente nas baterias de escola de samba, mais a título de representante tradicional. Dentre seus executantes mais ilustres, deve-se citar João da Bahiana, considerado um exímio pandeirista e que protagonizou um episódio que entrou para a História da MPB quando teve seu pandeiro apreendido pela polícia, por volta de 1910, quando o samba era reprimido e ganhou um novo do senador e seu admirador Pinheiro Machado.
Em depoimento ao Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro (MIS), João da Baiana diz que foi ele o primeiro a introduzir no samba o instrumento:
“Na época, o pandeiro era só usado em orquestras. No samba, quem introduziu fui eu mesmo. Isso mais ou menos em 1897, quando eu tinha uns oito anos de idade e era porta machado no ‘Dois de Ouro’ e no ‘Pedra de Sal’. Até então essas agremiações só tinham o tamborim e assim mesmo era um tamborim grande e de cabo. O pandeiro não era igual ao atual. Era bem maior”.
Também se detascaram como pandeiristas Russo do Pandeiro, Pernambuco do Pandeiro e não pode deixar de ser citado Jorginho do Pandeiro, que começou no conjunto Época de Ouro, de Jacó do Bandolim e cujos filho e neto executam, com sucesso, a arte de tocar o mesmo instrumento.
Fontes:
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.