Com este mesmo nome são designados no Brasil dois instrumentos diferentes: um idiofone e um cordofone. O idiofone, trazido pelos portugueses no século XVI, é um artefato de metal em forma de ferradura, tendo ao centro uma lingueta. É também conhecido pelo nome de berimbau de boca. A parte plana é presa entre os dentes do executante. A boca funciona como caixa de ressonância e a lingueta é manipulada pelos dedos, produzindo uma sonoridade característica. É muito usado como brinquedo pelas crianças. O berimbau não produz apenas um som e seus harmônicos, mas pela conformação da boca pode produzir mais sons, e com isso melodias mirins muito agradáveis. Fernão Cardim informou em 1595 que “tivemos pelo natal um devoto presépio na povoação, onde algumas vezes nos ajuntávamos com boa e devota música, e o irmão Barnabé nos alegrava com seu berimbau”. Comentando essa informação, Mário de Andrade acrescentou: “com ela ficou para sempre célebre o irmão Barnabé Tello, talvez o primeiro, e único sabido, virtuose de berimbau nestes Brasis”. O cordofone, trazido para o Brasil pelos negros bantos, é um arco musical, simples corda esticada entre as extremidades de uma vara encurvada, tendo numa das pontas meia cabaça ajustada à barriga do executante para funcionar como ressonador. Este, mantendo o instrumento na vertical erguido pela mão esquerda, aumenta ou diminui a tensão da corda com uma moeda segura pela mesma mão, enquanto a direita percurte, com uma vareta, a corda e ao mesmo tempo agita pequeno chocalho, denominado caxixé, formado por pequeno cesto de palha de mais ou menos 10 centímetros de comprimento por 5 centímetros de diâmetro. Chama-se também urucungo, rucungo e berimbau de barriga. O instrumento, principal cordo fone do jogo-dança-luta, afro-brasileiro da capoeira e uma das configurações turísticas da cidade de Salvador, Bahia, foi homenageado dentro da MPB com um dos mais conhecidos sambas da dupla Baden Powell-Vinícius de Moraes, justamente intitulado “Berimbau”, de 1963.
Dados Históricos e Descrição