
Carreirinho
Zé Carreiro
Cantores. Compositores. Dupla sertaneja.
Adalto Ezequiel, o Carreirinho – Bofete, SP-15/10/1921
Lúcio Rodrigues, o Zé Carreiro –
O pai de Carreirinho, João Batista, era sitiante e vizinho de Sô João Tropeiro e excelente violeiro de quem Adalto ficava apreciando o pontear da viola. O pai não aprovava a carreira musical por achar que viola era coisa de vagabundo. Foi o próprio pai, entretanto, quem lhe deu o primeiro instrumento. Em 1936, no último ano do curso primário, tocou pela primeira vez em público, apresentando a moda de viola “Minha vida” na festa de formatura, sendo muito aplaudido. Começou a se apresentar em festinhas e circos de Sorocaba, cantando músicas de Raul Torres. Foi num circo em 1945 que formou sua primeira dupla, Adalto e Ferraz, que durou um ano. Em 1946, seguiu para São Paulo onde formou uma segunda dupla com Piracicaba, adotando o nome de Botucatu, na dupla Piracicaba e Botucatu. Ficaram juntos durante um ano, apresentando-se num programa ao vivo na Rádio América de São Paulo. Em seguida Adauto mudou o nome para Pinheiro e juntou-se ao investigador de polícia José Stramandiola, que passou a chamar-se Zé Pinhão, na dupla Zé Pinhão e Pinheiro. Em junho de 1947, estrearam no programa “Sítio do bicho de pé”, na Rádio Record de São Paulo. A dupla se separou no mesmo ano. Em seguida, Adalto formou dupla com Lúcio Rodrigues, intitulada Lúcio Rodrigues e Fortaleza. Adauto identificou em Lúcio Rodrigues a perfeita segunda voz que procurava e lhe ofereceu parceria. Lúcio Rodrigues que, a princípio, não aceitou, acabou convencido pelo salário de Cr 600 por mês, o equivalente a três ou quatro salários mínimos. Fizeram um primeiro programa na Rádio Record que agradou prontamente. A própria rádio organizou um concurso para a escolha do novo nome da dupla. Blota Jr. sugeriu Tupi e Tupã, J. Pinheiro sugeriu Pardinho e Pardal, Armando Rosa, Zé Carreiro e Carreirinho e Adoniran Barbosa, Minguinho e Mingote. O público votou por carta e o nome escolhido foi Zé Carreiro (Lúcio Rodrigues) e Carreirinho (Adauto), uma dupla que esteve junta por 12 anos e gravou 110 discos em 78 rpm e quatro LPs. Em agosto de 1950, gravaram o primeiro disco 78 rpm. O disco havia sido fruto de muita insistência dos lojistas junto à gravadora. De um lado “Canoeiro”, de Zé Carreiro, e do outro “Ferreirinha”, de Carreirinho. O sucesso do disco foi grande. A dupla Tonico e Tinoco da gravadora Continental se interessou em gravar o cururu “Canoeiro” e Zé Carreiro e Carreirinho acabariam contratados pela Continental. Em março de 1951, lançavam o segundo disco com o cururu “Pirangueiro”, de Zé Carreiro e a moda de viola “A morte do carreiro”, de Zé Carreiro, e Carreirinho. Seguiram-se sucessos como “Pião catireiro”, de Teddy Vieira e Lauripe Pedroso, “Sucuri”, de Ado Benatti e Zé Carreiro, e “Duas cartas”, de Zé Carreiro e Carreirinho. Outros sucessos da dupla foram “Crianças do meu Brasil”, “Jamais seremos esquecidos”, de Zé Carreiro e Carreirinho, uma versão sertaneja para a música “Sinhá Maria”, de Rene Bittencourt, “Teu nome tem sete letras”. Vieira, “Buquê”, de Zé Carreiro e Carreirinho, entre outras. Em fins dos anos 1950 a dupla se desfez em virtude de Zé Carreiro ter tido problemas nas cordas vocais e ficado surdo. Carreirinho forma então nova dupla com José Dias Nunes, que adotou o nome de Tião Carreiro. O primeiro disco da nova dupla saiu em 1958 pela Continental com o tango “Mariposas do amor”, de Torrinha e Canhotinho, e “Rei do gado”, deTeddy Vieira. Outros sucessos da dupla Tião Carreiro e Carreirinho foram “Pirangueiro”, de Zé Carreiro, “Saudades de Araraguara”, de Zé Carreiro, “Despedida de solteiro”, de José Fortuna, “Madalena”, de Tião Carreiro e Carreirinho, “O beijo”, de Tião Carreiro e Carreirinho, “Esqueça a sua Maria”, de Raul Torres e João Pacífico, entre outras. Após quatro anos de duração, 10 discos de 78 rpm e um LP lançados, a dupla se desfez. Em 1962, foi refeita a dupla Zé Carreiro e Carreirinho para o lançamento do LP “Meu carro e minha viola”, com destaque para “Boi cigano”, de Tião Carreiro e Pião Carreiro, e “Terra roxa”, de Teddy Vieira. No mesmo ano a Chantecler lançou um LP em homenagem à dupla Zé Carreiro e Carreirinho com antigos sucessos. Com o afastamento definitivo de Zé Carreiro da vida artística por volta de 1963, Carreirinho foi para Maringá. Em 1968, retornou para São Paulo e formou com Iracema Soares Gama uma nova dupla com o nome Carreirinho e Zica Carreirinho, que durou 16 anos, com a gravação de 12 LPs, dois compactos duplos e um compacto simples. Foram sucessos da nova dupla: “Flor de minha vida”, de Zé Matão, “Saudade”, de Caboclo, “Encontro fatal”, de J. Vicente, “Vem meu amor”, de J. Vasco, e “Mundo vazio”, de Pardinho. Em 1974, gravaram um LP pela Chantecler intitulado “Recordando Zé Carreiro”. Outras músicas daquele disco foram “Deus é meu guia”, de Zuza, “Saudade do nosso amor”, de Teddy Vieira e Tião Carreiro, “Rincão de nossa terra”, de Zica Carreirinho e Carreirinho, “Cão fiel”, de Zé Godói e Biguá, e “Tormento da noite”, de Cafezinho e Nhô Juca. Em 1975, a dupla lançou um LP com destaque para “Formigueiro de gente”, “Policena” e “Palhaço”. Em 1979, foram homenageados pela Secretaria de Cultura da Prefeitura de São Paulo com um show no ginásio de esportes do Corinthians. Em 1980, receberam em Curitiba uma placa de Honra ao Mérito dos artistas paranaenses. Em 1984, Carreirinho formou uma nova dupla, agora com Zé Matão, com quem gravou cinco LPs em cinco anos de carreira. Em 1991, Carreirinho formou a dupla Carreiro e Carreirinho, gravando um LP e 10 CDs. Carreirinho teve cerca de 1.600 músicas suas gravadas. Os shows eram abertos normalmente com “Caboclinha” e seguindo daí em diante em clima de improvisação de roteiro a partir de pedidos do público.