
Jararaca
Ratinho
Pirauá
Bronzeado
João Frazão
Sapequinha
Sabiá
Grupo vocal e instrumental criado na cidade de Recife em 1920 por iniciativa do cantor, compositor e instrumentista José Luís Calazans, o Jararaca, que além de cantar no grupo também tocava violão. Todos os demais integrantes usavam nomes de animais e eram: Ratinho, (Severino Rangel) no saxofone, Pirauá no violão; Bronzeado (Romualdo Miranda) no violão; João Frazão no violão; Sapequinha (Robson Thomaz Florencio) no cavaquinho, e Sabiá (Arthur Souza) no ganzá. Inicialmente o grupo ficou conhecido como “Os Boêmios” e fazia apresentações no carnaval pernambucano. Juntamente com os Turunas da Mauricéia influenciaram a música carioca no final da década de 1920 e começo da década de 1930 como pode ser verificado no grupo Bando de Tangarás criado no bairro de Vila Izabel e que contava entre outros com Noel Rosa, Almirante e Braguinha.
Em 1921, apresentaram-se durante quinze dias no Cine Teatro Moderno na cidade de Recife, juntamente com o grupo carioca Oito Batutas que fazia então uma excursão à Pernambuco. Durante as apresentações dos dois grupos a lotação do Cine Teatro esteve sempre esgotada. Com o sucesso obtido, o grupo resolveu excursionar até o Rio de Janeiro. Antes de chegarem ao Rio de Janeiro, entretanto, o grupo fez uma tournê de cerca de um mês percorrendo o interior nordestino. Antes de sair em viagem o grupo se reuniu na casa de Jararaca para definir os nomes artísticos dos componentes do grupo que passara a se chamar Turunas Pernambucanos, ou seja, “Valentes pernambucanos”. A escolha de nomes identificados com animais da fauna brasileira era, segundo Jararaca “uma coisa típica nordestina”. O grupo também aproveitou uma idéia dos Oito Batutas que era escrever o nome de cada componente no respectivo chapéu. Se apresentavam com calça branca, camisa amarela, sandália de dedo e chapéu grande. A viagem para o Rio de Janeiro foi feita de navio na terceira classe. Segundo depoimento de Ratinho ao MIS, “Durante a viagem, fizemos um show a bordo e passamos para a primeira classe”. O grupo chegou ao Rio de Janeiro em abril de 1922 tomando parte nos festejos do centenário da independência do Brasil. No Rio de Janeiro, repetiram o êxito na divulgação da música nordestina, e contando com boa divulgação do jornal “A Noite”, de propriedade de Irineu Marinho, que por sua vez organizou uma exibição do grupo no sítio da família em Correas, onde os músicos pernambucanos foram efusivamente aplaudidos por uma seleta platéia. No Rio de Janeiro, o grupo recebeu grande acolhida, e segundo Jararaca “O povo só faltava carregar a gente no colo. Convites por toda a parte, conhecíamos todas as bibocas da cidade e ainda havia carro de boi na Avenida Rio Branco”. Inicialmente o grupo apresentou-se no Cine-Teatro Beira-Mar interpretando músicas de autoria de Jararaca e Ratinho. Pouco depois foram convidados para se apresentar na sala de espera do Cinema Palais, onde ficaram por seis meses e foram ouvidos por grande público, além de personalidades da alta sociedade. Era o caso de Rui Barbosa, que costumava assistir as apresentações do grupo escondido por trás das grades do jardim para não ser reconhecido. O grupo apresentou-se ainda nos cine-teatros Nice, Trianon e Politeama, entre outros. Nessas apresentações, o grupo apresentou músicas que acabaram se tornando sucesso e receberam gravações de outros artistas como: “Espingarda pá”, “Meu cavaquinho”, “Passarinho verde”, “Vamos simbora Maria”, “Cabocla malvada” e “Aguenta o coco”, todas de Jararacaca, e “Vamos pra Caxangá” e “Faz que olha”, de Ratinho. Em 1923, o grupo gravou quatro músicas pela Odeon interpretando a valsa “Saudade imorredoura”, a mazurca “Carmencita”, e os choros “Faz que olha”, e “Vamos pra Caxangá”, todas de autoria de Ratinho. Nessas gravações, o grupo utilizou 3 violões, um cavaquinho e o saxofone, este, tocado por Ratinho. Pouco depois, o grupo partiu em excursão à Argentina realizando apresentações em teatros e em festas particulares com bastante sucesso. Ainda em Buenos Aires o grupo se dissolveu com seus integrantes tomando diferentes rumos. Jararaca e Ratinho permaneceram algum tempo na Argentina seguindo depois para Montevideu, dando início a uma das mais afamadas duplas musicais da história da música popular brasileira.
AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.
JOTA EFEGÊ. Figuras e coisas da música popular brasileira. Rio de Janeiro: MEC/Funarte, 1980.
RODRIGUES, Sonia Maria Braucks Calazans. Jararaca e Ratinho – a famosa dupla caipira. Rio de Janeiro: Funarte, 1983