
Luizinho
Renato
Cardoso
Lelo
Tuco
Roberto Didio
Careca
Edinho
Alfredo
Neco
Wilson Miséria
Pereira
Jorge
Careca
Eri
Bocão
Antes de formarem o grupo de samba Terreiro Grande, os integrantes faziam parte do Grêmio Recreativo de Tradição e Pesquisa Morro das Pedras, agremiação de sambistas, fundada em 2001, que desenvolvia um projeto social na comunidade do Morro das Pedras. Ao mesmo tempo em que recuperavam a história de grandes sambistas do passado, atuavam junto à comunidade carente de São Matheus, berço do projeto. Segundo um de seus fundadores, o músico Roberto Didio: “O Grêmio tem como ideal maior defender, cultuar e pesquisar o samba e suas tradições. O trabalho social acompanha nossa trajetória. Ele faz parte do nosso histórico de fundação. Regularmente, como forma de resgate e preservação, o Morro das Pedras fazia homenagens a grandes compositores das escolas de samba que tinham sua obra caindo no esquecimento. Compositores como Manacéa, Aniceto da Portela, Silas de Oliveira, Paulo da Portela, Alcides Malandro Histórico, Alberto Lonato, Mijinha, Chico Santana, Nilton Campolino, Aniceto do Império, Antenor Gargalhada, entre outros”. Em janeiro de 2005, uma das homenagens seria para o portelense Alvaiade. Para esta roda, convidaram Cristina Buarque, que também fazia um trabalho de resgate de sambas de terreiro no Rio de Janeiro. Ela se convenceu a ir porque seria uma homenagem a um ótimo compositor e porque o samba seria do jeito que ela gosta: sem palco e sem microfone. A cantora carioca começou a frequentar o Morro das Pedras e a participar das rodas de samba, que segundo ela, chegavama durar oito horas. Em 2007 a cantora foi convidada a se apresentar no Teatro FECAP, em São Paulo, convidou o enorme grupo de sambistas da roda Morro das Pedras. Como eles haviam encerrado as atividades no final de 2006, alguns deles, somente 16, se reuniram novamente sob o nome de Terreiro Grande. A cantora e os 16 componentes do grupo, agora renomeado para Terreiro Grande e integrado por Luizinho (pandeiro e voz), Renato (pandeiro), Cardoso (violão de 7 cordas), Lelo (violão de 6 cordas), Tuco (cavaquinho e voz), Roberto Didio (surdo), Careca (tamborim), Edinho (cavaco), Alfredo (cuíca), Neco (reco-reco), Wilson Miséria (prato e faca), Pereira (tamborim), Jorge (tamborim), Careca (tamborim), Eri (caixa de fósforo) e Bocão (coro) fizeram uma temporada bem sucedida de duas semanas no teatro FECAP. Neste mesmo ano de 2007 foi lançado o disco ao vivo com o resultado dos espetáculos, o CD “Cristina Buarque e Terreiro Grande Ao Vivo”, gravado em show no Espaço FECAP, em São Paulo. O disco-show foi divido em quatro put-purris, totalizando 37 músicas em quatro blocos, da seguinte forma: Bloco 1: “O meu nome já caiu no esquecimento” (Paulo da Portela), “Eu não sou do morro” (Francisco Santana), “Não deixo saudade” (Manoel Ferreira e Roberto Martins), “Você me abandonou” (Alberto Lonato), “Quantas lágrimas” (Manacéa) – Bloco 2: “Já chegou quem faltava” (Nilson Gonçalves), “O mundo é assim” (Alvaiade), “Jura” (Adolfo Macedo, Marcelino Ramos e Zé da Zilda), “Meu primeiro amor” (Bide e Marçal), “A lei do morro” (Antônio dos Santos e Silas de Oliveira), “Quem se muda pra Mangueira” (Zé da Zilda), “Assim não é legal” (Noel Rosa de Oliveira), “Na água do rio” (Manoel Ferreira e Silas de Oliveira), “Esta melodia” (Bubu da Portela e José Bispo), “Ando penando” (Alcides Dias Lopes), “Perdão, meu bem” (Cartola), “Desperta Dodô” (Heitor dos Prazeres e Herivelto Martins), “Água do Rio” (Anescarzinho do Salgueiro e Noel Rosa de Oliveira), “Vou navegar” (Ernâni Alvarenga); Bloco 3: “Inspiração” (Candeia), “Banco de réu” (Alvaiade e Djalma Mafra), “Você chorou” (Francisco Alves e Sylvio Fernandes), “Lenços brancos” (Picolino da Portela), “Sentimento” (Mijinha), “Conselho da mamãe” (Manacéa), “Brocoió” (Zé Cachacinha), “Quando a maré” (Antônio Caetano), “Confraternização 1” (Walter Rosa); Bloco 4: “Portela feliz” (Zé Ketti), “Desengano” (Aniceto da Portela),”A maldade não tem fim” (Armando Santos), “Embrulho que eu carrego” (Alvaiade e Djalma Mafra), “Vida de fidalga” (Alvaiade e Francisco Santana), “Fui condenado” (Mijinha e Monarco), “Teste ao samba” (Paulo da Portela), “Tu me desprezas” (Paulo da Portela) e “Cantar pra não chorar” (Heitor dos Prazeres e Paulo da Portela). No ano de 2009, outra vez, em parceria com o grupo Terreiro Grande, apresentou-se em show no Espaço FECAP, em São Paulo, no qual fizeram homenagem ao compositor carioca Candeia. Na ocasião foi lançada a terceira edição do livro “Candeia, luz da inspiração” (Editora Almádena, aumentada e contendo um CD com mais de duas dezenas de músicas inéditas), de João Batista M. Vargens. O espetáculo foi gravado ao vivo e no ano seguinte, em 2010 foi lançado o CD “Terreiro Grande e Cristina Buarque cantam Candeia” em show no Bar do alemão, reduto do samba e choro da cidade de São Paulo. No CD foram incluídas várias composições inéditas, entregues pelo próprio Candeia à cantora anos antes, e algumas regravações, destacando-se as faixas “Canção da liberdade”, “Falsa inspiração”, “Os lírios”, “Que me dão para beber”, “Vida apertada” (c/ Casquinha), “Miragens do deserto”, “Já sou feliz”, “Não é bem assim” (c/ Waldir 59), “Magna beleza” (c/ Waldir 59), “Amor oculto” (c/ Picolino), “Não se vive só de orgia” e “Deixa de zanga”. Do encarte do disco, escrito por João Batista M. Vargens, destacamos o seguinte trecho: “Entre os seletos compositores da Música Popular Brasileira, está, sem dúvida, Antônio Candeia Filho. Versátil, Candeia explora, com maestria, as três grandes vertentes da música das escolas de samba do Rio de Janeiro: o partido-alto, o samba de terreiro e o samba-enredo, além de enveredar, com reconhecida competência, por outras searas de matizes afro-brasileiros, como o jongo, o caxambu, o maculelê, o afoxé, o samba-de-roda e por aí afora”. Por sua vez, a cantora e pesquisadora Cristina Buarque assim definiu o trabalho do grupo: “O Terreiro Grande reúne amigos que tocam e cantam sambas pouco conhecidos dos compositores antigos ligados às escolas de samba. Eles vêm do Grêmio Recreativo Tradição e Pesquisa Morro das Pedras, da periferia de São Paulo, fundado em abril de 2001 e que encerrou as atividades em dezembro de 2006. Eu os conheci em janeiro de 2005, numa homenagem ao portelense Alvaiade. Os sambas vinham naquela cadência de quem não tem pressa, cada um melhor que outro, quase sempre iniciados pelo cara do cavaquinho, um homem pequenino com um vozeirão daqueles que não existem mais. O Tuco canta com o coração, um coração enorme. E o coro segue com força e emoção. Uma roda de samba com eles pode durar mais de 8 horas sem repetir o repertório. A música, para eles é alegria e diversão, todos trabalham em outras áreas e não existe aquela vaidade e hipocrisia tão comuns hoje em dia. Com eles os meus olhos vertem lágrimas. (Na moita)”.