Pedro Bento
Zé da Estrada
Dupla sertaneja. Cantores. Compositores.
José Antunes Leal, o Pedro Bento – Porto Feliz, SP-1934
Valdomiro de Oliveira, o Zé da Estrada – Botucatu, SP-1929 – 05/06/2017 – São José do Rio Preto, SP
Pedro Bento começou a cantar cururus aos sete anos de idade. Fez sua formação musical ao lado de nomes como Sebastião Roque, Pedro Chiquito, Luís Bueno, João David e Zico Moreira. Atuou no Trio Paulistano e formou a dupla Matinho e Matão, apresentando-se na Rádio Club de de Santo André. Cantou também no programa de Nhô Zé na Rádio Nacional. Abandonou o interior aos 13 anos rumo à São Paulo. Zé da Estrada foi retireiro e agricultor. Vem de uma família de cantadores. Consta que seu bisavô teria cantado com d. Pedro II e recebido de presente do Imperador uma viola de madrepérola, com a qual fez questão de ser enterrado. Foi caminhoneiro e daí resulta o seu nome artístico. Antes de formar dupla com Pedro Bento, atuou no trio Os Fazendeiros, juntamente com Paiozinho e com o acordeonista Pirigoso. O trio atuou com sucesso nas rádios Nacional e Cultura. Em 1954, Pedro Bento e Zé da Estrada se encontraram no programa de rádio de Chico Carretel e formaram uma dupla. Passaram a atuar em circos. Foram cantar na Rádio Cultura e fizeram campanhas políticas. Em 1959, gravaram o primeiro disco pela Continental, interpretendo a folia-de-reis “Santo reis”, de Pedro Bento e Paulo Vitor e o tango “Teu romance”, de Pedro Bento, Zé da Estrada e Braz Hernandez. No mesmo ano gravaram mais um disco onde se destacava um dos maiores sucessos da dupla, o valseado “Seresteiro da lua”, de Pedro Bento, Zé da Estrada e Cafezinho. Em dezembro de 1959, gravaram com o acordeonista Coqueirinho um disco por um selo sertanejo, com destaque para a guarânia “Quero te beijar”, de Nízio e Pedro Bento. Em 1960 gravaram na Sertanejo o bolero “Aventureira”, Pedro Bento, Zé da Estrada e Douradense e a canção rancheira “Culpada”, de Nízio e Emílio Gonzales. A partir de 1961, passaram a formar com Célio Cassiano Chagas, o trio Pedro Bento, Zé da Estrada e Celinho. Passaram a fazer apresentação na Rádio Bandeirantes. No mesmo ano gravaram na Sertanejo o cururu “Mulher do feiticeiro”, de Priminho e Roque José de Almeida e a toada “Falso amor”, de Eurides Reis e Pedro Bento. Em seguida são contratados para trabalhar na Rádio Tupi, também em São Paulo. Além das composições próprias, gravaram diversos sucessos de outros compositores, tais como “O rio”, de Almirante, “O sonho do matuto” de Capitão Furtado e Laureano, “Mourão da porteira”, de Raul Torres e João Pacífico, e “Sinhá Maria”, de René Bittencourt. Em 1962 gravaram na Chantecler a toada “Zé Claudino”, de Carreirinho e Zé da Estrada e o valseado “Vai embora”, de Pedro Bento e Cachoeirinho. A partir de 1963, o trio passou a se vestir com trajes típicos dos rancheiros mexicanos, adotando aquele estilo de música. Passaram a ser acompanhados pelo trompetista Ramón Pérez. Esta fase duraria até 1973. Ainda em 1963 gravaram a moda de viola “Boiadeiro punho de aço”, de Teddy Vieira e Pereira, um clássico sertanejo, e o lundu “Fim do malandro”, de Zé da Estrada e Zé Goiás. Em 1974, são contratados pela Rádio Record onde ficaram até 1981. Em 1978, trabalharam no filme de Valdir Kopezky “Os três boiadeiros”. Por 18 anos consecutivos foram atração nos espetáculos da Festa de Peão de Barretos, a maior festa de rodeios do país. Em 1999, lançaram pela gravadora Atração, o CD “Voa Paloma, voa”, onde estão presentes principalmente canções românticas, sem deixar de lado a mistura de ritmos, flamenco, canção rancheira, bolero, mambo, fox e guarânia, que sempre foi a marca da dupla. Em 2006, gravaram o CD “Sete palavras”, o 23o da carreira nesse formato. Com produção de Divino dos Santos, o álbum trouxe um repertório mais dançante, com 6 forrós, sendo o principal deles, a faixa-título, de autoria de Luizinho Rosa, além de uma homenagem aos 50 anos da tradicional festa de Peão de Barretos (SP). Pelo disco, que vendeu mais de 70 mil cópias, receberam o Disco de Ouro, no programa “Viola, Minha Viola”, exibido na TV Cultura.
Em julho de 2007, a dupla compôs o quadro de convidados de honra, juntamente com Inezita Barroso, Pena Branca e Liu e Léu, na “Semana Nenete de Música Sertaneja”, evento que ocorre desde 1995, na cidade de Pirassununga, no interior paulista, em preservação à memória da cultura caipira. No mesmo ano, foram atração na composição da edição especial do programa “Viola, minha viola”, comandado por Inezita Barroso, na TV Cultura de São Paulo, em homenagem aos 100 anos de Raul Torres. Na ocasião, interpretaram “Sinhá Maria” e “Moda da Mula preta”, de Raul Torres e João Pacífico. No mesmo ano, lançaram o CD “50 anos de mariachis e grandes sucessos sertanejos”, com regravações de vários de seus sucessos, como “A lua é testemunha”, “Coxinilho”, “Amanheci em teus braços”, “Pena de minha alma”, “Tropas e boiadas”, “Mulher de ninguém”, “Desejo antigo”, “Vinte anos”, “Ébrio de amor”, “Galopeira”, “Caminho de minha vida”, “Sete palavras”, “Cavalo preto valente”, “Canção para ti”, “Serenata de amor”, “Contra o vento” e “Fracasso do boêmio”. Em 2011, lançaram um DVD com regravações de suas primeiras músicas, entre elas, as primeiras que cantaram no rádio,”Paraguaia”, de Pedro Bento; “Desejo antigo”, de Osteclínio Lacerda; “Último Adeus”, de José Fortuna e Fernandes; e “Arroz à carreteira”, de Palmeira. O álbum consistiu em um resumo dos 56 anos de carreira que a dupla completou naquele ano. Na década de 2010, tida como uma das duplas mais tradicionais da música sertaneja, possuía mais de 2000 gravações, entre 16 discos de 78 rpm, 104 LPs e 15 CDs. Foram homenageados na cidade de Pratânia (SP), ganhando um museu histórico sobre eles, que conta com objetos pessoais, troféus, discos, fotos, indumentárias e instrumentos musicais utilizados por eles durante sua trajetória. Em 5 de junho de 2017, Zé da Estrada faleceu após ficar internado na UTI de um hospital em São José do Rio Preto (SP).
Sua morte causou comoção em todo o meio sertanejo, pela dupla, na época, se tratar de uma das mais antigas e populares em atividade.
LUNA, Francisco; LUNA, Paulo. Almanaque de duplas caipiras e sertanejas. Rio de Janeiro: Lunamar Edições, 2015