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Nome do Grupo
Os Tápes
Componentes

Cláudio
Waldir
Beto
Acy
Jorge
Darcy
Tuio
Zezé

Dados Históricos e Artísticos

Conjunto vocal e intrumental criado em 1971, na cidade de Tape, Rio Grande do Sul e integrado pelos músicos Cláudio Boeira Garcia, (Flauta, composição e violão); J. Waldir S. Garcia ( Violão, viola, flauta solo, vocal); Beto (Bombos); Acy T. Vieira (Viola, violão, vocal solo);
Jorge L. Ferreira (Violão, flauta composta, vocal); Darcy (Acordeon e percussão); Tuio (Taquareira e tumbaquara) e Zezé (Percussão e flauta solo), todos com idades em torno dos 18 e 20 anos, quando da formação do grupo, e residindo na cidade natal, onde desenvolveram seu trabalho, situada a 100 Km de Porto Alegre, com, então, cerca de 7 mil habitantes. Seguindo carreira de professores e funcionários públicos, pagaram do próprio bolso a reforma do teatro local, no qual organizaram apresentações e festas populares. Numa dessas apresentações, foram descobertos pelo produtor Marcus Pereira que, em viagem de pesquisa e mapeamento musical pelo sul do país, os viu e reconheceu neles o talento. “Até então, os rapazes do grupo, segundo as palavras do próprio Marcus Pereira, Vinham se recusando a aceitar propostas de gravação, pois envolviam concessões ao que se convencionou  chamar de música comercial. “Os Tapes” não estavam interessados, como não estão, em ganhar dinheiro a custa do sacrifício das suas convicções sobre a música popular do Brasil. Como nós também não estamos, “Os Tapes” aceitaram nosso convite, pegaram um Ita aéreo no sul e vieram gravar o primeiro disco que documenta o trabalho do grupo ao longo de quatro anos”. Esse disco, lançado em 1975, pelo selo Marcus Pereira, foi intitulado de “Canto da gente” e contou com produção da pesquisadora Carolina Andrade. Nesse LP o grupo interpretou o tema de inspiração indígena “Dança da Lagoa do Sol”, de J. Waldir S. Garcia; a carreada “Carreta”, de Jorge L. Ferreira e Acy T. Vieira; as milongas “Janaíta”, de Cláudio B. Garcia e J. Waldir S. Garcia; “Versos perplexos”, de Cláudio B. Garcia e Jorge Ferreira, e “Canto da gente”, de Álvaro B. Cardoso e J. Waldir S. Garcia; o tema de lenda missioneira “Cheraçar Y Apacuy”, de Cláudio B. Garcia; o tema de lenda pampeana “Gauchê”, de Cláudio B. Garcia e Rafael Koler; a cena gaúcha “Homens de preto”, um clássico composto por Paulo Ruschell; a milonga pampeana “Pedro Guará”, de Cláudio B. Garcia e J. Cláudio L. Machado; o tema de lagoa “Barqueiro”, de Cláudio B. Garcia, e o tema latino americano “Continente americano”, de Cláudio B. Garcia. Na contra capa desse LP, o pesquisador e produtor Marcus Pereira assim referiu-se ao trabalho do grupo: “Os componentes do conjunto têm outras atividades além daquelas que os reúne. Ensaiam todos os dias, pesquisam, criam e se apresentam para o povo de sua cidade nos fins de semana. Os recursos vocais e instrumentais de que se utilizam estão a serviço de sua arte e de sua criação, e não o contrário. O trabalho de “Os Tápes” deve, pois, ser julgado a partir desta colocação fundamental, considerando ainda o fato de o conjunto não ter podido dedicar-se exclusivamente à tarefa comum que, entretanto, é a preocupação fundamental de cada um, pesquisar, criar e interpretar. Quando ouvimos, entre dezenas de fitas gravadas em nossa pesquisa do Sul, a música “Dança da Lagoa do Sol”, verificamos ter descoberto algo de muito importante no processo dinâmico que deve ser a arte do povo. “Os Tápes” criaram, no sul, um caminho que nos leva à música mais expressiva da América Latina, o som nativo quíchua e guarani. É a descoberta do elo perdido, é a mão estendida para ampliar a roda da grande ciranda dos povos americanos de cultura latina. As fronteiras políticas não são fronteiras culturais, muito menos para a alma andeja da gente do sul. “Os Tápes”  cantam – com suas flautas primitivas e seus  curiosos instrumentos fabricados com bambus e taquaras – a música  mais latino-americana já criada no  Brasil. Já era tempo de o Brasil assumir o seu lugar na grande assembléia permanente da cultura popular da América Latina.” No mesmo ano, o grupo participou da “IV Califórnia da canção nativa do Rio Grande do Sul” interpretando o tema de lenda missioneira “Cheraçar Y Apacuy”, de Cláudio Boeira Garcia, que seria incluída no LP do festival lançado pelo selo Independente Calhandra em gravação ao vivo. Ainda em 1975, o grupo participou da série de 4 LPs lançados pelo selo Marcus Pereira intitulada “Música popular do Sul” e que contou a participação de diversos artistas gaúchos, entre os quais
Elis Regina, Noel Guarany e Telmo de Lima Freitas. No primeiro volume interpretaram a música missioneira “Tiarajú”, de Barbosa Lessa,  e a canção “Charqueada”, de Airton Pimentel; no volume 2 cantaram a milonga pampeana “Pedro Guará”, de Cláudio B. Garcia e Cláudio I. Machado; o tema de inspiração indígena “Dança da Lagoa do Sol”, de J. Waldir S. Garcia, e o tema de lenda missioneira “Cheraçar Y Apacuy”, de Cláudio Boeira Garcia. No volume 3 interpretaram as músicas tradicionais “Cuá-fubá”, um canto de trabalho, “Andar de caboclo”, canto de pescador, e “Seu Belendrengue”, canto de lenhador. Finalmente no volume 4 interpretaram um pot-pourri de danças gaúchas tradicionais, a canção “Bugio”, de J. Waldir S. Garcia, e o xote “Chotes do cavaquinho”, de J. Waldir S. Garcia.  Dando continuidade, o grupo lançou seu segundo LP solo em 1980, ainda pelo selo Marcus Pereira. Em disco intitulado “Não está morto quem peleia” interpretaram as canções tradicionais “Bugio”, “Vanera”,  “Trovas”, “Cantigas do Quicumbi”, “Terno-de-reis de Tapes”, “Cantigas do Maçambique”, “Serrote e Rancheira”, “Chote Inglês”, “Mazurca” e “Milonga”, todas com adaptação do próprio grupo, além de “Marcha do Emboaba”, de Correia da Cunha, “Dores de Camaquã”, de Arlindo do Carmo, “Trinta anos”, de João Prass e Jorge Raab, e “Terno-de-reis da Vila”, de João Gonçalves Montenegro. Em 1982, lançaram de forma indepentente o LP “Tapes”, interpretando “Versos de Itapoã a São José”, “Um doutor”, e “Zamba sem porto”, de Cláudio B. Garcia; “Olegário”, de O. A. Meirelles; “Viregenes del sol”, de M. Vivanco; “Mazurca”, tema tradicional com arranjos do grupo; “Canción para despertar um negrito”, de C. Isella, sobre letra do poeta cubano Nicolas Guillén, e “Tema do sabiá”, de J. A. Rebello, A. T. Vieira, D. D. Pacheco, J. T. Prestes e Cláudio B. Garcia; “El condor pasa”, de D. A. Robles; “Soneto 93”, de Pablo Neruda e C. Isella, e “Marcha do Emboaba”, de C. Cunha. Ainda nos anos 1980, o grupo se dissolveu.

Discografias
1982 Independente LP Tapes
1980 Marcus Pereira LP Não está morto quem peleia
1975 Marcus Pereira LP Canto da gente
Obras
Barqueiro Cláudio B. Garcia
Canto da gente Álvaro B. Cardoso e J. Waldir S. Garcia
Carreta Jorge L. Ferreira e Acy T. Vieira
Cheraçar Y Apacuy Cláudio B. Garcia
Continente americano Cláudio B. Garcia
Dança da Lagoa do Sol J. Waldir S. Garcia
Gauchê Cláudio B. Garcia e Rafael Koler
Janaíta Cláudio B. Garcia e J. Waldir S. Garcia
Pedro Guará Cláudio B. Garcia e J. Cláudio L. Machado
Um doutor Cláudio B. Garcia
Versos de Itapoã a São José Cláudio B. Garcia
Versos perplexos Cláudio B. Garcia e Jorge L. Ferreira
Zamba sem porto Cláudio B. Garcia