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Nome do Grupo
Jazz Espia Só
Componentes

Albino Rosa
Binga
Marino dos Santos
Paulino Mathias
Veridiano Farias
Severo
Herald Alves
Paulino Mahias

Dados Históricos e Artísticos

Grupo instrumental criado na cidade de Porto Alegre em 1923 pelo flautista Albino Rosa. Inicialmente o grupo se chamava Regional Espia Só e tinha a seguinte formação: Albino Rosa, direção musical e flauta; Binga, 1º violão de seis cordas; Marino dos Santos, cavaquinho e bandola, que é uma espécie de bandolim; Paulino Mathias, 2º violão; Veridiano Farias, violino; Severo, ganzá, e Herald Alves, caixa clara. O nome do grupo surgiu a partir do sucesso do samba carnavalesco “Espia só?, de Maximiliani F. da Costa, gravado por J. B. de Carvalho pela Parlophon em dezembro de 1931, e que acabou dando ensejo ao aparecimento de um ditado popular. A idéia surgiu quando Albino Rosa convidou alguns amigos que tocavam juntos após a jornada de trabalho para formarem um conjunto musical. Até 1926, foi chamado de Regional Espia Só. Nesse período o grupo apresentou-se em ensaios de sociedades carnavalescas para que os cordões pudessem aprender as músicas de sucesso. Além disso o grupo realizava de três a quatro serestas por semana. Naquela época, as serestas eram proibidas pela polícia que quando apanhava um grupo tocando geralmente prendia os músicos que que normalmente, se reuniam de surpresa na casa de um amigo para a realização da seresta. Em 1926, a cidade de Porto Alegre recebeu a visita do conjunto Oito Batutas dirigido por Pixinguinha que por vinte dias tocou na Exposição do Parque Menino de Deus. A visita dos Oito Batutas à cidade provocou mudanças no Regional dirigido por Albino Rosa a começar pelo nome que passou a ser Jazz Espia Só. Além disso, a partir de informações obtidas junto à Pixinguinha sobre casas musicais no Rio de Janeiro que vendiam arranjos para conjuntos de jazz, Albino Rosa encomendou à amigos que trabalhavam na Companhia Costeira de Navegação partituras de música popular. Também houve troca de instrumentos: Albino Rosa passou a tocar sax alto e flauta; Marino dos Santos, sax alto e soprano; João Luiz, pistão; Oswaldino Peixoto, trombone de pisto, que mais tarde ficaria conhecido como trombone de vara; Heraldo Alves, na bateria; Severiano de Souza, baixo-tuba; Armindo Alves, banjo; Luiz Alves, conhecido como Camaleão, no ritmo, e Leopoldo de Carvalho no vocal, e que na época, sem microfone improvisava a ampliação da voz utilizando um megafone feito de lata. Com essas modificação iniciou-se a época áurea da Jazz Espia Só. Passaram a receber diversos convites para tocar em clubes existentes na época na cidade de Porto Alegre. Tocavam na Sociedade Germânia, na Sociedade Satelista, na Sociedade Philosofia  e na Sociedade Rui Barbosa, além de se apresentarem no Clube Caixeiral e no Clube do Comércio. O sucesso do grupo era tal que mesmo composto por vários músicos negros foi aceito pelo elitista e racista Clube Germânia que não admitia negros em seu interior. O grupo tocava ainda na Sociedade As Margaridas com entrada paga. Em suas apresentações tocavam choros, polcas, valsas, habaneiras, tangos, schottich, marchas e também o charleston, ritmo da moda no final da década de 1920. No período pré-carnavalesco o grupo se apresentava em diversos clubes e sociedades tocando as marchas que seriam sucesso no carnaval para que o povo aprendesse a cantar. Enquanto tocava eram fixados cartazes nas paredes com as letras das músicas. O conjunto também se apresentava em festivais beneficentes muito comuns na época, nos quais além da música havia canto, declamação e sketchs teatrais. Em suas apresentações possuíam dois figurinos: o smoking para as apresentações de gala, e o esporte para outras ocasiões quando os componentes vestiam casacos azul-marinho com botões de madrepérola, lenço no bolso do paletó e gravata borboleta. Ao longo do tempo o grupo sofreu alteração com a passagem de Paulino Mahias para o sax alto, tenor e violão; substituindo Marino dos Santos. Em 1932, Albino Rosa recebeu o convite de um empresário para realizar uma torunê pelo Brasil. Alguns músicos reasolveram não arriscar e desistiram. Albino Rosa acrescentou outros músicos além de duas jovens cantoras e um sapateador cubano. Fizeram apresentações em algumas cidades do Rio Grande do Sul e em Santa Catarina onde descobriram que o empresário aplicara um golpe fugindo com o dinheiro. Com isso o grupo se desfez. Albino Rosa, Paulino Mathias e o sapateador cubano ainda prosseguiram na viagem e tocaram na zona portuária de Santos e numa Rádio paulista antes de seguir para o Rio de Janeiro onde receberam convite para atuar nos vapores da companhia costeira até Belém do Pará. Na década de 1980, quando Albino Rosa já falecera em 1982, e Paulino Mathias em 1977, alguns remanescente do grupo se reuniam para relembrar os velhos tempos de glória da Jazz Espia Só, que, apesar do sucesso alcançado na cidade de Porto Alegre entre os anos de 1923 e 1932, não deixou nenhum registro fonográfico.