
Grupo percussivo que reuniu registro fonográfico do ritual do Candomblé.
No ano 2000 lançaram o CD “Festa da Música”, com 16 cânticos de saudação aos orixás, extraídos do repertório do terreiro do Gantóis de Salvador, tal como são entoados durante os cultos e passados por tradição oral de geração em geração. O registro se tornou o primeiro documento de preservação da religião africana e da cultura baiana. Na ocasião, o cantor Caetano Veloso declarou no texto de apresentação do CD que, “essas peças chegam com uma viveza e uma verdade que não se encontrariam num disco antropológico ou folclórico”.
O CD trouxe peças de curta duração, cantadas em iorubá, sem um compromisso com a tradição purista. O disco foi produzido por Roberto Sant’Ana, que optou pela inclusão de instrumentos formalmente alheios ao ritual de culto aos orixás, como o violão e o teclado, ambos executados por Luciano Bahia, que também arranjou as músicas, conseguindo harmonizar os cantos e os elementos percussivos de ritmos raros, como o agueré, a ramunha, o sató, o ibi.
A seqüência das faixas seguiu a ordem de entrada dos orixás homenageados, Exu, Ogum, Oxóssi, Omolu, assim por diante, que desta forma apresentaram o “Xirê”, nome dado a esse aspecto ritualístico do culto. A cantora sacra do terreiro de Gantóis, Ebomi Delza, foi convidada para gravar o disco e participar das turnês. Elementos da música pop, através das intervenções harmônicas (teclados e violão) e dos efeitos eletrônicos aliados à gravação de sons ambiente recriaram o clima das casas de candomblé. O CD teve a direção musical de Yomar Assogba e Iuri Passos.
Em 2019 criou um projeto de preservação cultural de suas matrizes, através do CD “Obatalá”. A iniciativa contou com a participação de Gilberto Gil, Zeca Pagodinho, Gal Costa, Nelson Rufino, Lazzo, Margareth Menezes, Matheus Aleluia, Daniela Mercury, Ivete Sangalo, Carlinhos Brown e Márcia Short, dentre outros, que se uniram para a gravação do CD em da memória e preservação dos cânticos sagrados do candomblé. “Obatalá” foi dirigido por Alê Siqueira e Iuri Passos, contando com a participação do coral alagbês do Gantóis e também do grupo social Run Alagbê. O disco foi composto por 14 faixas, a maioria em iorubá, mas também contou com duas canções em português, compostas especialmente para o projeto, “A Força do Gantois”, por Nelson Rufino, cantada por ele e por Zeca Pagodinho, e “Carmen”, (Beto Pellegrino e Ariston), cantada por Gilberto Gil e Gal Costa, em homenagem à yalorixá do Gantóis, filha de Mãe Menininha.