
Pixinguinha
João da Bahiana
Donga
Francisco Sena
Tio Faustino
Benedito
Bonfíglio de Oliveira
Wanderley
Vantuil de Carvalho
Elísio
José Alves
Chico
Jonas
Braga
Oswaldo Viana
Nelson
Tute
Vidraça
Grupo instrumental criado por Pixinguinha em 1931, quando ele passou a trabalhar como arranjador da gravadora Victor e teve, juntamente com Donga, a ideia de criar uma orquestra apenas com instrumentistas veteranos. Apesar de ter durado apenas três anos, a orquestra tornou-se célebre. O nome do grupo pode ter surgido em função de uma cerveja mambembe da época “que explodia como champangne quando o barbante arrebentava”, segundo Vasco Mariz, ou, então, devido a um boteco “situado perto do antigo Morro do Castelo, onde se reuniam os músicos para bebericar”, também segundo Vasco Mariz. A orquestra era composta pelos seguintes artistas: Pixinguinha – regente e flautista; João da Bahiana – prato; Donga – violão e Banjo; Francisco Sena – canto; Tio Faustino (Faustino da Conceição) – omelê; Benedito – bateria; Bonfíglio de Oliveira – piston; Wanderley – piston; Vantuil de Carvalho – piston; Elísio – piano; José Alves – baixo; J. Martins – bandolim; Chico – saxofone; Jonas Aragão – saxofone; João Braga – sax tenor; Oswaldo Viana – cabaça; Nelson – cavaquinho; Tute – violão; Vidraça – chocalho; Adolfo Teixeira (prato e faca).
Desse grupo tomaram parte, portanto, pelo menos cinco dos apontados como mais importantes músicos brasileiros de todos os tempos: Pixinguinha, Donga, João da Bahiana, Bonfíglio de Oliveira e Tute. Em outubro de 1931, o grupo fez suas primeiras gravações, interpretando o partido-alto: “Há! Hu! Lahô!” e a chula-raiada “Patrão prenda seu gado”, ambas de Donga, Pixinguinha e João da Baiana. No mês seguinte, o grupo gravou a batucada “Já andei”, e a macumba “Que querê”, ambas de Pixinguinha, Donha e João da Baiana, em disco que contou com as participações vocais de Zaíra de Oliveira e Francisco Sena. Em dezembro do mesmo ano, gravou mais um disco, interpretando o partido-alto “Conversa de crioulo”, de Pixinguinha, Donga e João da Baiana, e o batuque “Cadê Viramundo”, de J. B. de Carvalho. Acompanhou ainda a cantora Carmen Miranda na gravação do samba “Sonhei que era feliz”, de Ary Barroso, o cantor Jonjoca, no samba “Orgulhosa”, de Jonjoca, e o cantor Castro Barbosa, nos sambas “Passarinho…passarinho…”, de Lamartine Babo, e “Nunca pensei”, de Jonjoca, e na marcha “O teu cabelo não nega”, dos Irmãos Valença e Lamartine Babo, grande sucesso do carnaval seguinte e uma das gravações mais celebradas da música popular brasileira. Acompanhou ainda Carmen Miranda e Murilo Caldas na marcha “Isola! Isola!”, de Ildefonso Norat e Murilo Caldas, Murilo Caldas na marcha “Doquinha”, de Valfrido Silva e André Filho, e o Trio TBT nos sambas “Quando der uma hora!” e “Não há nada”, de Caninha, “Ao romper da madrugada”, de Francisco Rodrigues de Melo, e “Para amar e não sofrer”, de Mário Travassos de Araújo. Em 1932, gravou a quadrilha “Esperança”, parte um e dois, de Anacleto de Medeiros e, com o Trio TBT, os sambas “Ai que dor”, de Heitor dos Prazeres, e “Como eu te amei”, de André Filho. Nesse ano, acompanhou diversos artistas importantes, entre eles: Murilo Caldas, nos sambas “Tá com raiva…fala”, de Ildefonso Norat e Murilo Caldas, “Traidora”, de Euclides Silva, “Vou dá um jeito”, de Heitor dos Prazeres, e “Adeus morena”, de Gastão Viana; o Trio TBT, nos sambas “É a dor que nos maltrata”, de Helena Menezes da Silva, e “Ri melhor quem ri por último”, de Donga; a dupla Jonjoca e Castro Barbosa, nos sambas “Não posso acreditar”, de Ary Barroso e Claudemiro de Oliveira, “Aula de música”, de Ary Barroso, “Pode chorar”, de Buci Moreira, e “Adeus”, de Noel Rosa, Ismael Silva e Francisco Alves; Castro Barbosa, no samba-canção “Chega”, de J. Nascimento; Francisco Sena, na batucada “Vi o pombo gemê” e na macumba “Xou coringa”, ambas de João da Baiana; o grupo Diamantes Negros, nas rumbas “Ali Baba”, de E. Lecuona, e “Vacunalá”, de M. Simon, Paulo Werneck, nos sambas “A neném é do amor”, de J. Machado, e “Meu coração está magoado”, de Paulo de Frontin Werneck; Sílvio Caldas, nos sambas “Se eu fora rei”, de Sílvio Caldas, “Não te perdôo”, de Sílvio Caldas e De Chocolat, “Prazer é sofrer”, de Orlando Tomás Coelho, “Sofri demais”, de Nonô, e “E ela não voltou”, “Chorei”, e “Se o teu amor consola”, de André Filho, e na marcha “Segura esta mulher”, de Ary Barroso; Marília Batista, nos sambas “Enquanto eu viver na orgia”, de Teodorico Augusto de Oliveira, e “Eu sou feliz”, de Valter de Andrade; Elisa Coelho, nos sambas “Viva o meu Brasil!” e “Nega Maria”, de J. Thomaz, e nas marchas “Coração de picolé”, de Paulo Neto de Freitas e Jaime Tolomi, e “Fon-fon”, de Heitor dos Prazeres; Lamartine Babo, na marcha “É um xuxu”, de Jurandir Santos; Mário Reis e Lamartine Babo, nas marchas “Aí!…hein!…” e “Boa bola”, de Lamartine Babo e Paulo Valença, e “Linda morena”, de Lamartine Babo, sucesso no carnaval do ano seguinte; Mário Reis, nos sambas “A tua vida é um segredo”, de Lamartine Babo, e “Fui louco”, de Noel Rosa e Alcebíades Barcelos; Patrício Teixeira, nos sambas “Olha a rola”, de Heitor dos Prazeres, e “Beijo de moça”, de João da Baiana; Almirante, na marcha-pernambucana “Morena (Adeus morena)”, de Nelson Ferreira, e “Trem blindado”, de João de Barro; e Gastão Formenti, nas marchas-rancho “Bem-te-vi”, de Lamartine Babo, e “Flor divinal”, de J. B. de Carvalho. Também em 1932, apresentou-se no Cine Eldorado com Carmen Miranda, Lamartine Babo, Almirante e Trio T.B.T, para promover as músicas de carnaval da gravadora Victor. O grupo apresentou-se, ainda nesse ano, em diversos bailes de carnaval. Embora já tivesse feito uma série de gravações na Victor, o grupo somente assinou contrato com a gravadora em novembro de 1932 que, segundo Sérgio Cabral, obrigava o conjunto “no prazo de um ano a executar músicas para gravação e qualquer produção por meio de processo mecânico etc., em discos de gramofone, única e exclusivamente para a RCA Victor Brasileira Inc. Na obrigação de gravar, compreende-se também a de reexecutar essas gravações sempre que necessário, até a RCA Victor achar satisfatórias. Terminado esse contrato, a RCA Victor teria a opção por mais um ano.” Em 1933, acompanhou Carmen Miranda no samba “Quando você morrer”, de Donga e Aldo Taranto; André Filho, nos sambas “Vou navegar” e “Nosso amor vai morrendo”, de André Filho; Carmen Miranda e Lamartine Babo, no grande sucesso carnavalesco “Moleque indigesto”, de Lamartine Babo; Almirante, nas marchas “Moreninha da praia”, de João de Barro, e “Prato fundo”, de Noel Rosa e João de Barro; Sílvio Caldas, nos sambas “Não dou bola”, de Helena Menezes Silva, “Vou fazer tua vontade” e “Chora”, de Heitor dos Prazeres, “Pomba rola” e “Alguém precisa morrer”, de Orlando T. Coelho, e “Eu vivo sem destino”, de Sílvio Caldas, Wilson Batista e Osvaldo Santiago; Carlos Galhardo, nas marchas “Você não gosta de mim”, de Irmãos Valença, e “Que é que há?”, de Nelson Ferreira, e nos sambas “Para onde irá o Brasil?”, e “É duro de se crer”, de Assis Valente; Paulo Neto de Freitas, na marcha “Mulata fuzarqueira”, de Hervê Cordovil e Paulo Neto de Freitas, e no samba “Como é que pode”, de Hervê Cordovil e João Tolomi; Patrício Teixeira, no partido-alto “Tentação do samba”, de Getúlio Marinho e João Bastos Filho, e no samba “Que doce é esse?”, de Benedito Lacerda e Gastão Viana; e Moreira da Silva, nos sambas “Cabrocha inteligente” e “Quando a noite vem chegando”, de Ary Barroso. O grupo se dissolveu pouco depois deixando, no entanto, marca fundamental na História da música popular brasileira, representando, de certa forma, um elo de ligação entre Os Oito Batutas e o Grupo da Velha Guarda.