Aparecida Martins Batista
Irene Campos Mendonça
Irene Lopes
Primas. Cantoras. Dupla sertaneja.
Aparecida Martins Batista – Franca, SP – 22/05/1940, São Paulo, SP – 17/07/2011
Primeira formação: Irene Campos Mendonça – Franca, SP – 11/12/1939
Segunda formação: Irene Lopes – Franca, SP – 1941
Primas, Irene Mendonça e Aparecida Martins Batista, mais conhecida como Cida, trabalhavam numa fábrica de tecidos, na Zona Leste de São Paulo (SP). Irene Mendonça as inscreveu no programa “A Hora do Pato”, na época, da Rádio Nacional.
Tendo ouvido a dupla, o sanfoneiro Orlandinho convidou as duas para formar um trio, Orlandinho, Geni & Gessi, com ele na sanfona e elas na voz.
Ainda trabalhando na fábrica, passavam a noite inteira ensaiando o que viria a ser mais tarde o grande sucesso da dupla, a música “Não Beba Mais Não”, composição de Jeca Mineiro e do próprio Orlandinho.
Em 1959, ano em que iniciaram a carreira, fizeram sua primeira viagem: um show na cidade Cana do Reino (MG), atual Carvalhópolis.
Após isso, vários shows se seguiram. Na volta de um deles, Orlandinho conversou com a Irene Mendonça, dizendo que sentiu que a familia dela não aprovava a participação dela no trio.
Com essa incompatibilidade, Irene Mendonça foi substituída por outra prima, Irene Lopes.
Em 1960, já como uma dupla, e sem Orlandinho, Tito Neto, da Gazeta Esportiva, as batizou como Duo Ciriema, tendo como inspiração o rasqueado “Ciriema”, de Mário Zan e Nhô Pai.
A dupla, formada, a partir de então, por Cida e Irene Lopes, passou a cantar na Rádio Nacional, no programa “Alvorada Cabocla”.
Em setembro do mesmo ano, gravou seu primeiro compacto em 78 rotações, contendo a canção rancheira “Não beba mais não”, carro chefe de seu sucesso, e o bolero “Mais uma lição”, de Nonô Basílio.
Acompanhada do sanfoneiro Orlandinho, a dupla passou a cantar em diversas rádios paulistas, tendo participado de programas na Nacional, na América, na Bandeirantes e na Piratininga.
Em maio de 1961, lançou o segundo compacto, contendo o huapango “Pecado de amor”, de Nízio e Piraci e o bolero “Sonhando contigo”, de Junquinha, Junqueira e Paulo Jorge.
No mesmo ano, fez sucesso com a guarânia “Colcha de retalhos”, de Raul Torres.
Pela mesma época, iniciou uma excursão ao Nordeste do Brasil, levando a música sertaneja aonde, até então, somente predominavam o frevo e o forró. Apresentou-se em estados como Bahia, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Paraíba e Ceará.
Em janeiro de 1962, lançou o bolero “Beijos proibidos”, de Raimundo Teles e Antônio Mendes, e o rasqueado “Indiazinha”, de Paulo Borges e Doralice Ferreira.
Ainda em 1962, lançou o rasqueado “Não bebas mais”, de Nízio e Piraci.
Em 1963, gravou dois de seus maiores sucessos, o rasqueado “Oh! Ciriema”, de Mário Zan e Nhô Pai e “Bebida não mata saudades”, canção rancheira de Benedito Seviero e Luiz de Castro.
Lançou, também, com sucesso, inclusive em Assunção, Paraguai, a música “Lencinho de nhanduti”, de Piraci e Nhô Fio.
Em 1964, a dupla fez temporada no país vizinho. De lá trouxe a composição “Saudade”, uma guarânia do escritor e embaixador Mário Palmério.
No mesmo ano, a dupla se afastou da vida artística.
Em 1966, lançou outro LP, com o sugestivo nome de “Voltamos”, e tornou a fazer sucesso.
Em 1972, gravou a toada “Chitãozinho e Xororó”, de Serrinha e Athos Campos. Gravou também “Como era bom aquele tempo”, de César e Cirus, “Rogo ao senhor”, de J. K. Filho e Miguel da Portela e “Hei de vencer”, de Capitão Furtado e Juvenal Fernandes.
Em 1973, lançou novo LP, em que gravou “Saudade”, guarânia de Mário Palmeiro, até então inédita. Gravou também “Mensagem de esperança”, de Capitão Furtado e João Pacífico, que se tornou tema de uma novela do Capitão Furtado com o mesmo nome. Regravou também “Não beba mais não”, de Jeca Mineiro e Orlandinho, a primeira gravação e sucesso do duo.
Em 1975, gravou LP pela Copacabana, em que se destacaram, entre outras, “Onde tu irás sem mim”, de J. K. Filho e Zito Berdinato e “Vivo chorando”, de Everaldo Ferraz e Silvia Boanato.
Em 1977, lançaram três LPs, sendo um deles totalmente em homenagem a um de seus compositores mais recorrentes, João Pacífico.
Em 1978 gravou “Mensagem de esperança”, de Ariovaldo Pires e João Pacífico.
De 1978 a 1981, lançaram um LP por ano.
No início da década de 1980, houve mais uma interrupção na carreira de ambas.
Em 1983, a dupla gravou “Quem Ama Não Mata”, sua última gravação em estúdio.
Mesmo assim, não pararam de realizar participações em tradicionais programas sertanejos.
Em 1994 a BMG relançou “Não beba mais não”, no CD “Acervo especial sertanejo”.
Em 1996 a mesma gravadora relançou “Mais uma lição” e “Colcha de retalhos” no CD “Meio século de música sertaneja – volume 2”.
Em 1997, dentro da série da gravadora BMG “Luar do sertão”, que abrigou inúmeras duplas sertanejas de sucesso, foi lançado o CD “Duo Ciriema”, com 14 sucessos da dupla, a saber: “O vai e vem do carreiro”, de Carlos Cezar e José Fortuna; “Ciriema”, de Mário Zan e Nhô Pai; “É disso que o velho gosta”, de Gildo Campo e Berenice Azambuza; “Colcha de retalhos”, de Raul Torres; “Nosso juramento”, de Benito de Jesus com versão de Jacy Moraes; “Lencinho de Inhandoti”, de Piraci e Nhô Fio; “Índia”, deJosé A. Flores e Manuel O. Gueerero e versão de José Fortuna; “Não beba mais não”, de Jeca Mineiro e Orlandinho; “Triste lembrança”, de Laércio Flores; “Mais uma lição”, de Nonô Basílio; “Tardes morenas de Mato Grosso”, de Goiá e Valderi; “Orgulhoso”, de Nhô Pai e Mário Zan; “Fuscão preto”, de Atílio Versutti e Jeca Mineiro, e “Moreninho lindo”, de Tony Damito.
Em 2009, a dupla comemorou 50 anos de carreira, e voltou a gravar, lançando um DVD.
Em 17 de julho de 2011, em São Paulo (SP), Aparecida Batista, Cida, faleceu, aos 71 anos, por causa de um câncer.
No mesmo ano, em ocasião da morte de Cida, a dupla foi homenageada por Inezita Barroso, na TV Cultura, no programa “Viola, Minha Viola”, onde se apresentaram inúmeras vezes durante a carreira.
Irene Lopes continuou cantando modas de viola ao lado de Iara e Pontelli, antigos parceiros de Dorinho.