
Formação original
Joel do Nascimento
Raphael Rabello
Luciana Rabello
Maurício Carrilho
Celsinho Silva
Luiz Otávio Braga
Em outras formações
João Pedro Borges
Henrique Cazes
Beto Cazes
Edgar Gonçalves
Joaquim Santos
A origem da Camerata Carioca remonta ao músico Joel Nascimento que pediu a Radamés Gnatalli para transcrever a composição “Retratos” (originalmente escrita para bandolim, quinteto de cordas, cavaquinho, violão e ritmo), para a formação de conjunto de choro (três violões, cavaquinho, pandeiro e bandolim solo). Esta nova versão resultaria em uma forma camerística jamais concebida a um tradicional grupo instrumental, um regional. A primeira audição da nova versão de “Retratos” aconteceu na Escola Nacional de Música do Rio de Janeiro, com Joel Nascimento e o grupo que o mesmo havia formado somente para execução desta suíte. Além de Joel, integrava o grupo, ainda sem nome, Maurício Carrilho (responsável por essa primeira apresentação da composição), Rafael Rabello, Luciana Rabello, Celso Silva e Luiz Otávio Braga (pouco depois substituído por João Pedro Borges. Com essa nova formação, a inclusão do violonista João Pedro Borges, o conjunto apresentou-se em Curitiba, São Paulo e Brasília. Logo o grupo estava em estúdio para o que viria a ser o último disco de Joel Nascimento na EMI/Odeon “Tributo a Jacob do Bandolim”, disco que teve Radamés Gnatalli como arranjador e pianista. O ano era 1979 e o disco, produzido por Hermínio o Bello de Carvalho, foi uma homenagem a Jacob do Bandolim que completava 10 anos de falecimento. O conjunto como Camerata Carioca, só existiria alguns meses depois da gravação do disco, sendo o nome do grupo dado por Hermínio Bello de Carvalho. Este mesmo disco, devido a um impasse entre Joel Nascimento e a gravadora Odeon, seria lançado em 1980 pela WEA (gravadora com a qual o músico assinou contrato apenas para o disco “Tributo a Jacob do Bandolim”) que seria atribuído, erroneamente, através de sua capa, a Radames Gantalli, Joel Nascimento e Camerata Carioca. Contudo, o LP é somente de Joel Nascimento como é assinalado no label do fonograma. Não havendo na WEA qualquer registro de disco da Camerata Carioca. Rafael Rabello, Luciana Rabello e Celso Silva a rigor não gravaram com a Camerata Carioca. Na ocasião da gravação do LP de Joel Nascimento “Tribuito a Jacob do Bandolim”, não existia o nome Camerata Carioca. Os três músicos chegaram a participar, mais tarde, por um curto período, deste mesmo grupo já com o nome Camerata Carioca. O disco foi lançado posteriormente em CD sendo repetidos todos os erros anteriores. Luiz Otávio Braga reassumiu seu lugar com a saída de Rafael Rabello. Os integrantes Luciana Rabello e Celso Silva, foram substituídos por Henrique Cazes (Henrique Leal Cazes) e Beto Cazes (Humberto Leal Cazes). O conjunto, a partir de então, passou a se apresentar como Joel Nascimento e Camerata Carioca. Posteriormente o grupo apresentava-se somente como Camerata Carioca, do qual Joel Nascimento era o solista e Radamés Gnattali, sempre convidado, participava como arranjador e pianista.
Em 1982 o grupo lançou o LP “Vivaldi & Pixinguinha”, através do “Projeto Almirante”, projeto da Funarte, por onde o disco fora lançado. Com produção artística e co-produção executiva de Hermínio Bello de Carvalho no LP foram incluídas as faixas “Jubileu” (Anacleto de Medeiros), “Batuque” (Henrique Alves de Mesquita), “Marreco quer água” (Pixinguinha), “Devagar e sempre” (Pixinguinha e Benedito Lacerda), “Tapa buraco” (Pixinguinha), “Um a zero” (Pixinguinha e Benedito Lacerda), “Carinhoso” (Pixinguinha e João de Barro), “Ingênuo” (Pixinguinha e Benedito Lacerda), “Vou vivendo” (Pixinguinha e Benedito Lacerda), além de “Concerto grosso op. 3 n. 11 – estro armonico” em seus movimentos “Allegro”, “Largo” e “Alegro final”, de Antonio Vivaldi. O disco contou com a participação especial do maestro Radamés Gnatalli (cravo, piano acústico e arranjos), além dos músicos que integravam o Camerata Carioca na ocasião Joel Nascimento (bandolim e seu principal solista), João Pedro Borges (violão), Maurício Carrilho (violão), Luiz Otávio Braga (violão de sete cordas), Henrique Cazes (cavaquinho) e Beto Cazes (reco-reco e pandeiro). Após a gravação do LP “Vivaldi & Pixinguinha”, João Pedro Borges deixou o grupo, sendo substituído pelo violonista Joaquim Santos. No ano de 1983 o grupo lançou o LP “Tocar”, já contando com um novo integrante, o flautista e saxofonista Dazinho. Com esta formação, o conjunto adquiriu uma forma mais elaborada. Os arranjos foram assumidos por Luiz Otávio Braga, Maurício Carrilho, Joaquim Santos e Radamés Gnatalli. No LP o grupo interpretou “Fugata” (Astor Piazzolla), “Choro de mãe” (Wagner Tiso), “Marreco quer água” (Pixinguinha), “Valsa triste” (Radamés Gnattali), “Ainda me recordo” (Pixinguinha), “Terna saudade” (Anacleto de Medeiros), “Remexendo” Radamés Gnattali), “Uma rosa para Pixinguinha” (Radamés Gnattali), “Lenda do caboclo” (Heitor Villa-Lobos) e “Fuga nº 1” (Léo Brouwer). Por essa época o grupo ganhou o “Prêmio Playboy” na categoria “Melhor conjunto instrumental”. Viajou para o Japão com Nara Leão acompanhando a cantora no show “Nasci para bailar” e, com ela, fez uma série de apresentações no “Projeto Pixinguinha”. Ainda em 1983, no disco “Uma rosa para Pixinguinha”, de Elizeth Cardoso, o grupo atuou nas faixas “Fala baixinho” (Pixinguinha e Hermínio Bello de Carvalho), “Página de dor” (Pixinguinha e Cândido das Neves), “Isso é que é viver” (Pixinguinha e Hermínio Bello de Carvalho), “Glória” (Pixinguinha), “Marreco quer água” (Pixinguinha), “Tapa buraco” (Pixinguinha), “Um a zero” (Pixinguinha e Benedito Lacerda) e “Patrão prenda seu gado” (Pixinguinha, João da Baiana e Donga). As atividades da Camerata Carioca encerraram-se em maio de 1986, após cumprir alguns compromissos já firmados e posteriores à turnê “Camerata Carioca e Nara Leão”, em Tóquio, em 1985, quando Joel Nascimento comunicou ao grupo que iria se afastar. A propósito, vale lembrar o que assegurou o maestro Radamés Gnattali:
“O dia em que o Joel sair da Camerata Carioca, ela acaba. Camerata é Joel. Joel é Camerata”.
(De Elizeth Cardoso - Participação)
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.
CAZES, Henrique. Choro – Do quintal ao Municipal – Rio de Janeiro: Editora 34, 1998.