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Nome Artístico
Zequinha de Abreu
Nome verdadeiro
José Gomes de Abreu
Data de nascimento
19/9/1880
Local de nascimento
Santa Rita do Passa Quatro, SP
Data de morte
22/1/1935
Local de morte
São Paulo, SP
Dados biográficos

Compositor. Instrumentista. Regente.

Filho do farmacêutico José Alacrino de Abreu. Estudou na escola de São Simão, cidade vizinha, transferindo-se depois para o Colégio São Luís, em Itu (SP). Em 1894, entrou para o seminário episcopal, em São Paulo (SP). Dois anos depois, fugiu e retornou à Santa Rita do Passa Quatro para trabalhar na farmácia do pai. Num baile em Santa Cruz da Estrela (SP), conheceu a professora Durvalina Brasil, com quem veio a se casar em 1899. Residindo naquela cidade, abriu uma farmácia e afastou-se da música por um período, que seria breve. De volta à Santa Rita do Passa Quatro, retomou seu envolvimento com as partituras, criando a Lira Santa Ritense e a Orquestra do Cinema Smart. Conseguiu um emprego como escrevente da coletoria e, em 1909, tornou-se secretário da câmara municipal. Além desssas atividades, continuava a compor e a coordenar a Lira Santa Ritense. Em 1919, mudou-se para São Paulo (SP), onde passou a trabalhar como pianista demonstrador da Casa Beethoven e na Orquestra do Bar Viaduto. Reforçava o seu orçamento interpretando ao piano suas composições e vendendo as partituras para famílias abastadas. Boêmio , faleceu durante uma noitada, num quarto do Hotel Piratiniga, em São Paulo (SP), de ataque cardíaco.

Dados artísticos

Estudou harmonia no seminário com o padre Juvenal Kelly (José Pinto Tavares). Datam de 1896 as composições “Flor da estrada” e o maxixe “Bafo de onça”. A Casa Sotero, do Rio de Janeiro (RJ), lançou as suas primeiras composições editadas, “Soluços dalma” e “Dalva”. Nesse período organizou uma banda e uma orquestra, que se tornaram conhecidas nas cidades do interior de São Paulo. Em 1917, num baile em Santa Rita do Passa Quatro, apresentou um chorinho inacabado e ainda sem nome, que se tornou uma das músicas brasileiras mais gravadas em todos os países do mundo. Contam que, ao final da interpretação do número, impressionado com os pares que pulavam freneticamente, disse aos músicos: “Até parece tico-tico no farelo!” Surgiu daí o título definitivo, “Tico-tico no fubá”, que, mais tarde, seria divulgada internacionalmente pela interpretação de Carmen Miranda. Compôs também outro grande sucesso, a valsa “Branca”, dedicada à filha do chefe da estação ferroviária local, Branca Barreto. Uma de suas primeiras composições gravadas foi o tango “Astro apagado”, por Arthur Castro. Em 1924, lançou o choro “Sururu na cidade”, que fez grande sucesso devido à forma bem-humorada na qual retratava os dias agitados da Revolução Paulista daquele ano. Em 1927 teve o samba “Pé de elefante” gravado por Francisco Alves na Odeon. Em 1930 teve a marcha “Patinando”, parceria com Vicente de Lima gravada por Arnaldo Pescuma na Victor. Em 1931 a Orquestra Copacabana lançou de sua autoria a valsa “Coração amargurado”. No mesmo ano, a Orquestra Colbaz lançou pela Columbia, seus dois maiores sucessos, o choro “Tico-tico no fubá” e a valsa “Branca”. No ano seguinte, Jaime Vogeler gravou a valsa “mulher”, parceria com Naro Demóstenes e a Orquestra Típica Victor gravou as valsas “Morrer sem ter amado”, “Último beijo” e “Só pelo amor vale a vida”. Em 1933, pouco antes da sua morte, foi fundada com 25 músicos a Banda Zequinha de Abreu. No mesmo ano, Celestino Paraventi gravou na Odeon as valsas “Tardes em Lindóia”, parceria com Pinto Martins e “Longe dos olhos”, parceria com Salvador Morais, e Francisco Alves gravou de sua parceria com João de Barro, a valsa “Amor imortal”. Também em 1933, a valsa “Minha Valsa”, foi registrada com vocal de  César Pereira Braga e acompanhamento da Orquestra Típica Victor. No fim da sua vida, foi inúmeras vezes ao Rio de Janeiro (RJ), onde conheceu, por intermédio do compositor Bororó, o poeta e compositor Catulo da Paixão Cearense. Em 1934 o acordeonista Antenógenes Silva gravou as valsas “Elza” e “Súplicas de amor” e a Orquestra Típica Victor as valsas “Beijos divinais” e “Primavera de beijos”. Em 1942, Ademilde Fonseca gravou “Tico-tico no fubá”, com versos de Eurico Barreiros. Em 1944, seu clássico choro “Tico-tico no fubá”, com letra em inglês de Ervin Drake, foi incluído nos filmes musicais norte americanos “Escola de sereias”, da MGM, com direção de George Sidney, e “Melodias roubadas”, da Columbia, direção de Del Lord. Em 1947, “Tico-tico no fubá”, com letra de Aloysio de Oliveira, foi interpretado por Carmen Miranda no filme “Copacabana”, da United Artists, direção de Alfred E. Green. Em 1952, a Companhia Vera Cruz produziu, sob a direção de Fernando de Barros e Adolfo Celi, o filme “Tico-tico no fubá”, baseado na sua vida, estrelado por Anselmo Duarte e Tônia Carrero. No mesmo ano, a Orquestra Star, da gravadora do mesmo nome lançou três dicos com composições de sua autoria, entre as quais, as valsas “Tardes em Lindóia”, “Pensando em ti”, “Tentadora” e “Aurora”. Em 1954, teve três obras regravadas em discos Copacabana pelo citarista Avena de Castro: o choro “Sururu na cidade”, e as valsas “Branca” e “Tardes de Lindóia”. Em 1958, teve as valsas “Último beijo” e “Morrer sem ser amado” gravada por Alberto Calçada no LP “Cascata de valsas – Alberto Calçada e seu conjunto” da Chantecler. Em 1962, Valdir Azevedo regravou “Tico-tico no fubá” na Continental. Ainda em 1962, suas valsas “Tardes em Lindóia”, com Pinto Martins, e, “Morrer… Sem ter amado” e “Só pelo amor vale a vida”, com Naro Demosthenes, foram gravadas por Altamiro Carrilho e sua Bandinha, para o LP “Vai da valsa”, da gravadora Copacabana. Em 1968, sua clássical valsa “Branca” foi regravada por Gilberto Alves no LP “E as valsas voltaram”.
Em 1979, os pianistas Jacques Klein e Ezequiel Moreira lançaram pela gravadora Eldorado um LP com 12 canções de sua autoria, incluindo “Branca” e “Tico-Tico no fubá”, além de resgatarem outras não tão gravadas, como “Tardes em Lindóia” e “Rosa desfolhada”,  confirmando, mais uma vez, a estreita ligação, no Brasil, entre músicos eruditos e compositores populares. Em 1994, foi homenageado pelo grupo Regional de Seresteiros no CD “Zequinha de Abreu e Ernesto Nazareth”. No mesmo, foram interpretadas suas obras “Tico tico no fubá”; “Os pintinhos no terreiro”; “Não me toques”; “Sururu na cidade”; “Só pelo amor vale a vida”, e “Tardes em Lindóia”. Em 2011, foi lançado pelo selo Discobertas em convênio com o ICCA – Instituto Cultural Cravo Albin a caixa “100 anos de música popular brasileira” com a reedição em 4 CDs duplos dos oito LPs lançados com as gravações dos programas realizados pelo radialista e produtor Ricardo Cravo Albin na Rádio MEC em 1974 e 1975. No volume 4 está incluído seu choro “Tico tico no fubá” com Altamiro Carrilho e seu conjunto.

Discografias
1979 Eldorado LP Zequinha de Abreu interpretado por Jacques Klein e Ezequiel Moreira
Obras
Amando sobre o mar (c/ Arlindo Marques Júnior)
Amor imortal (c/ João de Barro)
Astro apagado
Aurora (c/ Salvador Morais)
Bafo de onça
Beijos ao lua
Beijos divinais
Branca (c/ Duque de Abramonte)
Coração amargurado
D'alva
Elza
Envelhecer sorrindo
Flor da estrada
Idílio suave
Levanta poeira
Longe dos olhos (c/ Salvador J. de Morais)
Lágrimas de amor
Minha valsa
Morrer sem ter amado
Mulher (c/ Naro Demóstenes)
Noites de alegria
Nossa padroeira (c/ Arlindo Marques Jr.)
Não me toques
Os pintinhos no terreiro (c/ Eurico Barreiros)
Patinando (c/ Vicente de Lima)
Pensando em ti
Primavera de beijos
Pé de elefante
Ressurreição
Rosa desfolhada (c/ Dino Castilho)
Saudoso adeus
Soluços d'alma
Sururu na cidade
Só pelo amor vale a vida
Súplicas de amor
Tardes em Lindóia (c/ Pinto Martins)
Tentadora
Tico-tico no fubá (c/ Eurico Barreiros)
Zombando sempre
Último beijo (c/ Príncipe dos Sonhos)
Bibliografia Crítica

GIFFONI, Maria Amália Corrêa. “Zequinha de Abreu revisitado”. Santa Rita do Passa Quatro: Prefeitura Municipal, 1986.

SCHILIRO, Luiz e CRUZ, M. Ayres da. “Vida artística e boêmia de Zequinha de Abreu”. São Paulo: Edição do autor, 1950.

VASCONCELOS, Ary. “Panorama da música popular brasileira na belle époque”. Rio de Janeiro: Livraria Sant’anna, 1977.