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Nome Artístico
Zé do Norte
Nome verdadeiro
Alfredo Ricardo do Nascimento
Data de nascimento
18/12/1908
Local de nascimento
Cajazeiras, PB
Data de morte
4/1/1992
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Cantor. Compositor. Poeta. Escritor. Folclorista.

Aos 11 anos de idade perdeu os pais, indo morar com um tio. Fugiu de casa dois anos depois, devido a uma briga. Começou a trabalhar ainda criança, na lavoura de algodão. Nunca estudou música, mas desde pequeno gostava de acompanhar os cantadores, chegando a viajar três a quatro léguas para assistir as cantorias. Depois trabalhou como tropeiro e apanhador de algodão. Mais tarde, mudou-se para Fortaleza. Em 1928, mudou-se para o Rio de Janeiro e ingressou no Exército, indo servir no I Regimento de Infantaria da Vila Militar, no Rio de Janeiro, onde formou-se em Enfermagem. Cursou também a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais.

Dados artísticos

Sua primeira composição, aos 11 anos de idade, motivada por uma desilusão amorosa, mais tarde se tornaria a famosa “Sodade, meu bem, sodade”, sofrendo modificação no ritmo quando ele passou a trabalhar na Rádio Tupi. Em 1938, durante uma apresentação em um show na Feira de Amostras do Rio de Janeiro, Joracy Camargo e Rubens de Assis viram a cantoria de Alfredo Ricardo, que era fiscal de feira. Eles o convidaram, então, para apresentar-se ao lado dos consagrados Sílvio Caldas e Orlando Silva. Cantou, então, para uma platéia de cerca de 20 mil pessoas que vibrou, pedindo para que ele repetisse diversas vezes a embolada “Errou o tiro”, em que debochava do capitão que matou Lampião. Em 1939, foi convidado por Lacy Martins, irmão de Herivelto Martins, para cantar na Rádio Tupi, adotando, então, o nome artístico de Zé do Norte. Passou a apresentar o programa “Noite da roça”, que lançou diversos artistas e no qual apresentaram-se, entre outros, Alvarenga e Ranchinho e Luiz Gonzaga, este ainda em começo de carreira. Em 1941, começou a trabalhar na Rádio Transmissora Brasileira, atual Rádio Globo, onde apresentou e participou dos programas “Desligue, faz favor” e “Hora sertaneja”. Tendo trabalhado em diversas estações, teve de afastar-se do rádio em 1942, devido a problemas na garganta que o deixaram afônico. Em 1947, ingressou na Rádio Fluminense. Trabalhou, ainda, nas Rádios Guanabara e Tamoio. Em 1948, lançou o livro “Brasil sertanejo”, com temas folclóricos. Em 1950, gravou o xote “Vamos rodar” e a valsa “Prazer do boiadeiro”, ambas de sua autoria. Na mesma época, foi convidado pelo diretor Lima Barreto para fazer a trilha sonora do filme “O Cangaceiro”. A conselho da escritora Raquel de Queiroz, então roteirista, foi indicado como consultor de linguagem para o mesmo filme. O filme ganhou o prêmio de melhor filme no Festival de Cannes. Da trilha sonora destacaram-se “Sodade, meu bem, sodade”, gravada com a atriz Vanja Orico, “Lua bonita”, “Mulher rendeira” e o coco “Meu pião”, com referências ao seu tempo de criança. Essas músicas fizeram grande sucesso e chegaram a ser gravadas no exterior. Dedicando-se aos trabalhos do filme, retirou-se do rádio. Em 1953, impetrou ação na justiça contra a empresa cinematográfica Vera Cruz pois o seu nome não foi incluído na apresentação do filme “O cangaceiro” pedindo uma indenização de 300 mil cruzeiros.

Em 1955, Inezita Barroso gravou “Mineiro tá me chamando”, adaptação de Zé do Norte para tema do folclore mineiro. Em 1956, voltou a fazer um programa na Rádio Tupi, a convite de J. dÁvila, permanecendo, entretanto, por pouco tempo, por não adaptar-se aos programas gravados, já que queria apresentá-los ao vivo. Em 1957, gravou com seu Conjunto Nordestino os cocos “Mudança na capitá” e “Na Paraíba”. No ano seguinte, com o mesmo grupo, gravou o coco “No boero da usina” e a toada “Vaca Turina”. Em 1959, Luiz Vieira gravou o baião “Milho verde”. Nos anos de 1970, o roqueiro Raul Seixas regravou a toada “Lua bonita”. Deixou mais de 100 músicas editadas.

Discografias
1960 Copacabana 78 Rock do matuto/Berimbau de baiano
1958 Copacabana 78 No boero da usina/Vaca Turina
1957 Copacabana 78 Mudança na capitá/Na Paraíba
1955 Todamérica 78 Coco de Macaíba/Meu baraio dois-dois
1955 Todamérica 78 Três potes/Será que eu sou baiano?
1953 RCA Victor 78 Meu pinhão/Sodade, meu bem, sodade
1953 RCA Victor 78 Mulher rendeira/Lua bonita
1953 Continental 78 Na fazenda do Ingá/Lagoa Javari
1950 Star 78 Estrela d'alva/Cabra macho é Pernambuco
1950 Star 78 Rói...rói/Zé das Alagoas
Obras
Berimbau de baiano
Cabocla malvada
Cabra macho é Pernambuco (c/ Alencar Terra)
Coco de Macaíba
Estrela d'alva (c/ Alencar Terra)
Estrela matutina
Lagoa Javari
Lamento de Acauã
Lua bonita (c/ José Martins)
Meu baraio dois-dois
Meu curió
Meu pião
Milho verde
Mineiro tá me chamando
Mistérios da lua
Mudança da capitá
Na Paraíba
Na fazenda do Ingá
No Boero da usina
Náufrago da vida (c/ Goiá)
Não me abandones (c/ Zacarias Mourão)
Prazer do boiadeiro
Rock do matuto (c/ Pachequinho)
Rói... rói...
Será que eu sou baiano?
Siri jogando bola
Sodade, meu bem, sodade
Três estados
Três potes
Tumbalelê
Vaca Turina
Vamos rodar
Zé das Alagoas