Compositor. Cantor. Jongueiro. Calangueiro. Improvisador e versador. Mestre do partido-alto.
Nasceu no bairro do Estácio, segundo alguns pesquisadores e no bairro do Rio Comprido, segundo outros.
Em 1935, desfilava na Escola de Samba Unidos de Rocha Miranda. Por essa época, começou a compor. Por esta mesma data, entrou para o Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela, tornando-se conhecido como improvisador.
Transferiu-se, juntamente com Paulo da Portela, para a ala de compositores da Escola Lira do Amor.
Aos 16 anos ingressou no Grêmio Recreativo e Estação Primeira de Mangueira, após ter passado em um teste de improvisador.
Inicialmente, foi diretor de harmonia, sendo auxiliar de Cartola.
Até 1951, foi o puxador de samba da escola, quando passou o cargo para Jamelão. No ano seguinte, ingressou na Ala de Compositores da escola.
Foi estivador do cais do Porto do Rio de Janeiro.
Aposentou-se como guarda de segurança.
Faleceu nos primeiros dias do mês de janeiro. Em sua homenagem a Prefeitura da cidade deu nome a uma rua em frente à quadra da escola, Mangueira, a qual foi integrante da bateria por mais de 50 anos.
Em 2010 foi tema do projeto “República do Samba”, que celebrava 10 anos de existência, em um tributo realizado no Centro Cultural Laurinda Santos Lobo, em Santa Teresa (RJ), com a participação de Tantinho da Mangueira, Dona Sônia Ferreira (víúva), Tânia Malheiros, Márcia Moura, Baiaco, Juninho Thybau, grupo Opção-Samba, Velha-Guarda do Arranco de Engenho de Dentro, músicos da Estácio, baianas da Associação das Escolas do Rio de Janeiro, Partideiros de Turiaçu, Gegê da Mocidade, Margarete Mendes, Paulinho Cerqueira, DiMenor, dentre outros. Nesse mesmo ano foi exibido da 15ª edição da “Mostra Internacional do Filme Etnográfico” o média-metragem “Quando Xangô apita”, de Emílio Domingos e Gustavo Rajão, que contou com uma entrevista concedida aos diretores no ano de 2001.
A Mangueira foi sete vezes campeã do carnaval carioca sob sua direção. Na década de 1960, foi muito solicitado a participar de sows em teatros no Rio de Janeiro. Por essa época participou diversas vezes da roda de samba no Teatro Opinião.
No ano de 1968, foi um dos fundadores do Conselho Superior das Escolas de Samba, criado por Amaury Jório, então presidente da Associação das Escolas de Samba, para juntar críticos, estudiosos e personalidades ligadas ao samba.
Em 1972, gravou pela Copacabana Discos o LP “Rei do partido-alto”, como era conhecido na época. Neste disco, constam sambas anteriormente gravados por Martinho da Vila e Clara Nunes. No ano seguinte, Clara Nunes gravou outra composição sua, “Quando eu vim de Minas”, que logo se tornou um sucesso na voz da cantora.
No ano de 1975, gravou pela Tapecar o LP “O velho batuqueiro”, no qual constaram “Carolina, meu bem” (de sua autoria), “Piso na barra da saia” (c/ Rubem Gerardi), “O namoro de Maria” (c/ Aniceto do Império) e “No tempo dos mil-réis” (c/ Sidney da Conceição). Por esta época, fez inúmeros shows no Teatro Opinião do Rio de Janeiro.
Em 1976 relançou, pelo selo Discobertas, o LP “Chão da Mangueira”, no qual incluiu a faixa “Festa de Santo Antônio” de Dona Ivone Lara.
Em 1978 apresentou-se toda terça-feira no Forró Forrado, casa fundada no bairro do Catete por João do Vale, Adolfo e Adélio. Nessas apresentações Xangô da Mangueira era acompanhado pelo grupo Os Reais do Samba, que tinha como músico (tocava tamborim e cantava) Walter Nunes (mais tarde conhecido como Walter Alfaiate).
Em 1991, integrou a nova formação da Velha-Guarda da Mangueira. Neste mesmo ano, participou do show de lançamento do grupo na boate People, no Rio de Janeiro, que teve como madrinha Beth Carvalho.
Em 1995, na pracinha do Leme, no Rio de Janeiro, participou do show de comemoração do “Dia Nacional do Samba”. Neste show, apresentou-se ao lado de Monarco e Walter Alfaiate, entre outros.
Em 1999, a gravadora Nikita Music lançou o CD “Velha-Guarda da Mangueira e convidados”, no qual participou como seu integrante.
No ano 2000, o Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro lançou o CD duplo “Mangueira – Sambas de terreiro e outros sambas”, para o qual colaborou com preciosas informações sobre os compositores. Neste disco, participou cantando as faixas “Cuidado que o vento te leva” (Chico Modesto), “Divergência” (c/ Zagaia e Quincas do Cavaco), “Diretor de harmonia” (Zagaia), “Vela acesa” (Fandinho) e “Sai da minha frente” (Zagaia).
Em janeiro de 2001, apresentou-se, juntamente com Tantinho, em show na Gafieira Elite, no Rio de Janeiro.
Em 2003, ao lado de Casquinha, Jorge Presença, Cláudio Camunguelo, Leci Brandão, Dona Ivone Lara, Arlindo Cruz, Ivan Milanez e Marquinho China, foi um dos convidados de Nei Lopes em projeto sobre o partido-alto apresentado no Centro Cultural Banco do Brasil. Neste mesmo ano, participou do CD “Maxixe não é samba”, de Vó Maria, interpetando em dueto com a anfitriã a faixa “Moro na roça”, de domínio público. Ao lado de Nelson Sargento, Eliane Faria, Beth Carvalho, Diogo Nogueira, Dalmo Castelo, Wilson Moreira, Nei Lopes e Áurea Martins, foi um dos convidados de Vó Maria para o show de lançamento do disco “Maxixe não é samba”, na Sala Cecília Meireles, no Rio de Janeiro.
Em 2004 interpretou “Mineiro, mineiro” (Rubens da Mangueira e Ivan Carlos) no CD “Sabe lá o que é isso?”, do grupo carioca Cordão do Boitatá. Apresentou-se no Bar, Restaurante e Casa de Shows Feitiço Mineiro, no projeto “Gente do Samba”, acompanhado do grupo Samba Choro integrado por Evandro Barcellos (violão de sete cordas), Valerinho (cavaquinho), Chico Lopes (sax e flauta), Kunka (surdo) e Makley (pandeiro e vocais).
Em 2005, com Marquinhos China, Silvino da Silva, Marli Teixeira e Tantinho da Mangueira, apresentou o show “Partideiros e calangueiros”, dentro do projeto “Na Ponta do Verso”, do Centro Cultural Banco do Brasil. Neste mesmo ano lançou o livro “Xangô da Mangueira – recordações de um velho batuqueiro”, com apresentação de Nei Lopes e no qual constou encartado um CD com 11 faixas. No disco, produzido por Paulão Sete Cordas, participaram Waldomiro do Candomblé e Tantinho da Mangueira, entre outros convidados que interpretaram composições de autoria de Xangô, entre as quais “O samba nasceu no morro” (c/ Tio Doca), “Partido da remandiola” (c/ Waldomiro do Candomblé), “Formiguinha pequenina”, “Lá vem ela”, “Você me balançou” (c/ Wilson Medeiros e Waldomiro do Candomblé), “Isso não são horas” (c/ Catoni e Chiquinho) e “Piso na barra da saia” (c/ Rubens Gerardi). Ainda em 2005 Luciane Menezes e a Associação Brasileira Mestiço produziram o disco “Samba em pessoa”, no qual constou uma seleção de composições de Xangô da Mangueira apresentadas através dos anos na “Festa da Penha”, no Teatro Opinião, nas festas de candomblé e nas quadras de escolas de samba, muitas delas inéditas. O disco também teve a produção musical e arranjos de Paulão Sete Cordas.
No ano de 2006 sua composição “Vem rompendo o dia” (c/ Tantinho da Mangueira), foi incluída no disco “Tantinho, memória em verde e rosa”. Neste mesmo ano lançou o CD-livro “Xangô da Mangueira” na Casa Brasil Mestiço, na Lapa, centro do Rio de Janeiro. No disco foram incluídas composições de seus LPs anteriormente lançados e fora de catálogo nas gravadoras. O CD, produzido pela cantora Luciane Menezes e com direção musical do Paulão 7 Cordas, contou com a participação dos cantores Marcos André e Tania Malheiros e foi acompanhado de um livro com textos do jornalista Marceu Vieira e fotos de Bruno Veiga.
Em 2010 foi exibido da 15ª edição da “Mostra Internacional do Filme Etnográfico” o média-metragem “Quando Xangô apita”, de Emílio Domingos e Gustavo Rajão, que contou com uma entrevista concedida aos diretores no ano de 2001.
No ano de 2012 os quatro primeiros discos de sua carreira “O rei do partido alto” (1972), “Velho batuqueiro” (1975), “Chão da Mangueira” (1976) e “Xangô da Mangueira vol. 3” (1978) foram reeditados em CDs pelo Selo Discobertas, com as capas e contracapas originais.
Em 2023 a cantora e compositora Tania Malheiros apresentou, em sua homenagem, o espetáculo “Tributo a Xangô da Mangueira – 100 Anos”, no Centro Cultual Justiça Federal, no Centro do Rio de Janeiro. Na ocasião, foi acompanhada por uma banda composta por Vinicius do Vale (violão e direção musical, Miguelzinho (cavaquinho), Marcos Basílio (percussão) e José Carlos (percussão).
(c/ convidados)
Cordão do Boitatá
(participação)
(participação)
(participação)
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