
Cantora. Instrumentista (violonista).
Nascida em São Paulo, transferiu-se com um mês de idade para o Rio de Janeiro, cidade onde vive até hoje. Aos seis anos, começou a estudar balé, surgindo deste aprendizado a paixão pela música. Aos 11 anos, trocou o balé pelo violão, estudando com uma professora particular que promovia apresentações de seus alunos em espetáculos de fim de ano. Na adolescência, assistiu a todos os shows da bossa nova, sentada na primeira fila e memorizando os acordes executados pelos instrumentistas no braço do violão. Mais tarde, estudou com Roberto Menescal e, em 1962, já fazia parte da equipe de professores da academia de violão que o compositor mantinha com Carlos Lyra na Rua Dias da Rocha (Copacabana, RJ). É mãe do cantor Bernardo Lobo.
Sua carreira profissional teve início em 1962, em apresentação no programa “Dois no balanço”, do qual participaram também Tom Jobim, Sérgio Mendes e o conjunto Bossa Rio, com direção da dupla Miéle e Bôscoli, levado ao ar pela TV Excelsior em transmissão ao vivo.
Em 1964, gravou seu primeiro disco, “Wanda vagamente”, produzido por Roberto Menescal e lançado pela RGE. O LP contou com a participação de Dom Um Romão, Edison Machado e os conjuntos de Luís Carlos Vinhas, Tenório Júnior e Sergio Mendes, trazendo os primeiros arranjos orquestrais assinados por Eumir Deodato. Constam do repertório as primeiras músicas de Edu Lobo, Francis Hime e Marcos Valle, além da canção “Encontro”, de autoria da própria cantora, em parceria com Nélson Motta. O disco teve lançamento no “Fino da bossa”, show montado no Teatro Paramount (SP). No fim desse ano, mudou-se para os Estados Unidos, convidada por Sergio Mendes a tomar parte do Brasil 65, juntamente com Jorge Ben, Rosinha de Valença, Tião Neto e Chico Batera. Apresentou-se em diversos shows e gravou dois LPs com o grupo. Ainda nesse país, registrou um trabalho solo no disco “Softly”, produzido por David Cavannaugh e lançado pela Capitol Records.
Em 1966, voltou para o Brasil, decidida a prestar vestibular para o curso de Sociologia da PUC.
Três anos depois, casou-se com Edu Lobo e transferiu-se com o marido para os Estados Unidos. Neste país, fez uma participação no disco do compositor com Paul Desmond, gravando a versão americana de “Pra dizer adeus”, de Edu Lobo e Vinicius de Moraes. Em seguida, interrompeu suas atividades artísticas para dedicar-se exclusivamente à família.
Em 1982, separou-se de Edu Lobo e retomou sua carreira profissional, apresentando-se em shows. O primeiro registro em estúdio desta segunda fase profissional da cantora foi o CD “Brasileiras”, com Célia Vaz. Em seguida, vieram os shows e gravações com Roberto Menescal, lançados nos CDs “Eu e a música”, “Uma mistura fina”, gravado ao vivo no Mistura Fina (RJ), com a participação de Miéle, e “Estrada Tókio-Rio”, que sublinha as constantes temporadas da cantora no Japão, onde, além de se apresentar em shows, dá aulas de violão para a juventude do país.
Participou dos songbooks de Tom Jobim, Vinicius de Moraes, João Donato, Marcos Valle e Chico Buarque, e do CD “Revendo amigos”, da cantora Joyce.
Em 1998, seu LP “Wanda vagamente” foi lançado em CD no mercado japonês.
Dois anos depois, gravou, com Luís Carlos Vinhas, Tião Neto e João Cortez o CD “Wanda Sá & Bossa Três”, registrando canções como “Errinho à toa” (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli), “Brisa do mar” (João Donato e Abel Silva), “Canção que morre no ar” (Carlos Lyra e Ronaldo Bôscoli) e “Zanga zangada” (Edu Lobo e Ronaldo Bastos), entre outras, além de “In the moonlight” (John Williams e A&M Bergman).
Em 2001, participou, ao lado de Roberto Menescal, Marcos Valle e Danilo Caymmi, do Fare Festival, realizado em Pavia (Itália) pela Società dell’Academia, em colaboração com a prefeitura da cidade. Nesse mesmo ano, lançou o CD “Bossa entre amigos”, gravado ao vivo com Roberto Menescal e Marcos Valle no Teatro Rival. Ainda em 2001, seu disco “Wanda Vagamente” foi relançado em CD pela Dubas Música, com distribuição da Universal Music, acrescido de três faixas bônus: “So nice”, versão de Norman Gimbel para “Samba de verão” (Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle), “Quiet nights of quiet stars”, versão de Gene Lees para “Corcovado” (Tom Jobim) e “To say goodbye”, versão de Lani Hall para “Pra dizer adeus” (Edu Lobo e Torquato Neto).
Em 2002, lançou o CD “Domingo azul do mar” contendo as faixas “Sabedoria” (Roberto Menescal e Abel Silva), “Jobiniando” (Martinho da Vila e Ivan Lins), “Its too late” (Carole King e Toni Stern), “Então, que tal?” (João Donato e Lysias Ênio), “Ciúme” (Carlos Lyra), “Não faz assim” (Oscar Castro Neves e Ronaldo Bôscoli), “Nanã” (Moacir Santos e Mário Telles), “Comigo é assim” (Luís Bittencourt e José Meneses), “Melancolia” (Luiz Eça e Ronaldo Bôscoli), “Tetê” (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli), “O amor que acabou” (Chico Feitosa e Lula Freire) e “What a wonderful world” (George Weiss e Bob Thiele), além da faixa-título (Antonio Carlos Jobim e Newton Mendonça). Nesse mesmo ano, realizou show de lançamento do disco no Bar do Tom (RJ).
Gravou, em 2003, o CD “Wanda Sá com João Donato”.
Em 2004, apresentou-se, ao lado de Johnny Alf, João Donato, Carlos Lyra, Roberto Menescal, Leny Andrade, Pery Ribeiro, Durval Ferreira, Eliane Elias, Marcos Valle, Os Cariocas e Bossacucanova, no espetáculo “Bossa Nova in Concert”, realizado no Canecão (RJ). O show foi apresentado por Miele e contou com uma banda de apoio formada por Durval Ferreira (violão), Adriano Giffoni (contrabaixo), Marcio Bahia (bateria), Fernando Merlino (teclados), Ricardo Pontes (sax e flauta) e Jessé Sadoc (trompete), concepção e direção artística de Solange Kafuri, direção musical de Roberto Menescal, pesquisa e textos de Heloisa Tapajós, cenários de Ney Madeira e Lídia Kosovski, e projeções de Sílvio Braga.
Em 2005, apresentou-se no Bar do Tom (RJ), com o espetáculo “Bênção Bossa Nova”, ao lado de Roberto Menescal e Miéle. Nesse mesmo ano, gravou, com Roberto Menescal, o CD “Swingueira”, contendo as canções “A morte de um deus de sal”, “Copacabana de sempre”, “Telefone”, “Mar amar” e “Errinho à toa”, todas de Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli, “Vai de vez”, “Amanhecendo” e “Adriana”, todas de Roberto Menescal e Lula Freire, “Bye bye Brasil” (Roberto Menescal e Chico Buarque), “A banca do distinto” (Billy Blanco), “Tem dó” (Baden Powell e Vinicius de Moraes) e “Um abraço no Menescal e no Bôscoli” (Pery Ribeiro), além de “Ninguém”, canção de sua parceria com Roberto Menescal.
Lançou, em 2006, o CD “Bossa do Leblon”, contendo “Os grilos” (Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle) e “Essa passou” (Carlos Lyra e Vinicius de Moraes), entre outras, além de “Praia do Leblon”, de sua parceria com o baterista e produtor japonês Kazuo Oshida.
Em 2007, lançou, com Roberto Menescal, o DVD “Swingueira”. Fez show na Modern Sound (RJ) ao lado de Roberto Menescal (violão e voz) Adriano Giffoni (contrabaixo), Adriano Souza (teclado) e João Cortez (bateria), com a participação especial de Miele. Nesse mesmo ano, gravou suas mãos na Calçada da Fama, na Toca do Vinicius, em Ipanema (RJ). Ainda em 2007, participou do projeto “Sarau da Pedra”, realizado pelo Instituto Cultural Cravo Albin, com patrocínio da Repsol YPF e apoio da Biscoito Fino, na apresentação musical que celebrou a homenagem ao compositor Roberto Menescal. Também nesse ano, apresentou o show “Bossa e Jazz” no Armazém Digital (RJ), acompanhada pelo pianista Fernando Merlino e o baixista Dôdo Ferreira.
Em 2008, participou do espetáculo “Bossa nova 50 anos”, realizado na Praia de Ipanema, no Rio de Janeiro. Também no elenco, Roberto Menescal, Oscar Castro Neves, Carlos Lyra, Leila Pinheiro, Emílio Santiago, Zimbo Trio, Leny Andrade, Fernanda Takai, Maria Rita, João Donato, Joyce, Marcos Valle e Patrícia Alvi, Bossacucanova e Cris Delanno. O show, em comemoração aos 50 anos da bossa nova, e também celebrando o aniversário da cidade do Rio de Janeiro, teve concepção e direção de Solange Kafuri, direção musical de Roberto Menescal e Oscar Castro Neves, pesquisa e textos de Heloisa Tapajós, e apresentação de Miele e Thalma de Freitas.
Celebrando os 46 anos do lançamento de seu disco de estréia, “Wanda Vagamente”, lançou, em 2010, em parceria com Roberto Menescal, o CD “Declaração”, que contou com a participação de Adriano Giffoni (contrabaixo). No repertório, além da inédita que dá nome ao disco (Bena Lobo e Paulo César Pinheiro), parcerias de Menescal com Ronaldo Bôscoli (“Vagamente”), Abel Silva (“Sapatos felizes”) e Oswaldo Montenegro (“Eu canto meu blues”), entre outras. O CD teve show de lançamento no Espaço Tom Jobim (RJ).
Em 2012, lançou, em parceria com o grupo vocal Bebossa e o compositor Roberto Menescal, o CD “A Galeria do Menescal”, contendo exclusivamente canções do violonista: “O barquinho”, “Telefone”, “Você”, “Rio”, “Vagamente”, “A morte de um deus de sal” e “Balansamba”, todas com Ronaldo Bôscoli, “Benção Bossa Nova” (c/ Carlos Lyra e Paulo César Pinheiro), “Bye bye Brasil” (c/ Chico Buarque), “Brasil precisa balançar” (c/ Paulo César Pinheiro), “Ninguém” (c/ Wanda Sá), “Agarradinhos” (c/ Rosália de Souza), “Eu canto meu blues” (c/ Osvaldo Montenegro) e “Japa” (c/ Paulo César Feital). Nesse mesmo ano, dividiu o palco do Bar do Tom (RJ) com grupo Os Cariocas, apresentando o show “Para sempre Tom Jobim”.
Em 2013, apresentou-se, ao lado de Roberto Menescal, no Instituto Cultural Cravo Albin, em show de abertura da exposição “A magia do disco – André Midani”, que teve curadoria de Heloisa Carvalho Tapajós.
Em 2014, lançou pelo selo Discobertas a caixa “Bossa Nova – Anos 60”, caixa com três CDs em homenagem aos seus 50 anos de carreira. O Box conta com os álbuns “Vagamente”, “Brasil 65” e”Softly”, os dois últimos inéditos no Brasil.
No mesmo ano estreou o show “Wanda Sá e Os Cariocas” em homenagem aos 100 anos de Dorival Caymmi, no Tom Jazz, em São Paulo. Estreou também um show com Marcos Valle, no qual ambos comemoraram seus 50 anos de carreira. A apresentação aconteceu no Espaço Tom Jobim, no Jardim Botânico, Rio de Janeiro e contou com canções como “Ciúme” (Carlos Lyra), “Ela é carioca” (Tom e Vinicius). Marcos Valle, ao piano, interpretou “Os grilos” (Marcos Valle/Paulo Sérgio Valle), “Samba do avião” (Tom Jobim), entre outras.
No mesmo ano apresentou-se no projeto “MPB – 12:30 em ponto” no Centro Cultural Light.
Box
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.