
Compositor. Instrumentista (violonista). Cantor. Advogado. Publicitário.
Sobrinho do escritor José de Queiroz Júnior e do compositor Nilo Queiroz. Primo do saxofonista Cacao Chamiê e do compositor Fred Falcão.
Aos quatorze anos, formou, com Johildo Barbosa e Mário Morgade, o Abaeté Samba Trio, que atuava em colégios e clubes e chegou a participar de programas de televisão, com destaque para o primeiro programa musical da TV Itapoã, de Salvador, comandado pelo compositor Carlos Coqueijo, que registrou, no início dos anos 1960, a primeira aparição em TV de Caetano Veloso e Maria Bethânia. Em 1961, compôs sua primeira música, “Compreensão”, classificada em segundo lugar no Festival de Música Carnavalesca, promovido pela prefeitura de Salvador. Atuante no movimento estudantil, foi contemplado, em 1966, com uma bolsa da A.U.I. (Associação Universitária Inter-Americana), com a qual estudou na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, tendo sido diplomado, com distinção, no curso de verão de Ciência Política naquela instituição. No ano seguinte, diplomou-se bacharel em Direito, pela Universidade Federal da Bahia, na qualidade de orador da turma. Trabalhou, como advogado, durante três anos, abandonando a profissão para dedicar-se exclusivamente à carreira musical.
Em 1968, foi finalista no festival “Brasil Canta no Rio”, com a música “A flor e o bloco”. Nesse mesmo ano, convidado por Glauber Rocha, participou, como compositor, da trilha sonora do filme “O dragão da maldade contra o o santo guerreiro”, com a canção “Diálogo na gruta”. Ainda em 1968, começou a compor jingles para o mercado publicitário. Também nesse ano, participou do II Festival Nordestino de Música Popular Brasileira, com a canção “A cigana e o alecrim”, incluída no LP que registrou as finalistas do evento, lançado pela gravadora JS, de Salvador.
Em 1970, mudou-se para o Rio de Janeiro.
No ano seguinte, venceu o V Festival Nordestino da Música Popular Brasileira, com a canção “Antes de partir” (c/ Antônio Burgos Lima). Também em 1971, apresentado pela dupla Antônio Carlos e Jocafi, iniciou fértil parceria com César Costa Filho, obtendo sucesso com a gravação de sua música “Dose pra leão”, registrada pelo parceiro no LP “E os sambas viverão” (RCA Victor), produzido por Rildo Hora. Venceu, com “Tesoura cega” (c/ César Costa Filho), o quadro “Criar na hora uma canção”, do programa “Flávio Cavalcante”.
Em 1972, compôs “Feijãozinho com torresmo”, obtendo sucesso nacional com a gravação de Maria Creuza. Ainda nesse ano, gravou um compacto simples no estúdio Planisom (RJ), de Chico Feitosa, contendo suas composições “Vista a sua mortalha” e “Cheguei de azul”, para o Bloco do Jacu, que se tornaria legendário no carnaval de rua da Bahia.
Ainda na década de 1970, participou da trilha sonora da novela “Gabriela” (1975), como autor da canção “Filho da Bahia”, primeira música gravada por Fafá de Belém, e como intérprete de “Quero ver descer, quero ver subir” (folclore baiano). Também nessa época, lançou seu primeiro LP, “Filho do povo”, com apresentação de Jorge Amado, contendo exclusivamente composições próprias, com destaque para “Filho da Bahia”, “Tudo debaixo do banco”, “Pode entrar”, “Noturno dos abandonados”, “Maravilhá” e “Maculelê” (c/ Levita), entre outras. Realizou show de lançamento do disco no Teatro Ipanema (RJ), com direção musical e participação de João Donato e apresentação das cantoras Oneida, Fátima Miranda e Zizi Possi, que se apresentava pela primeira vez no Rio de Janeiro.
Participou, como compositor e intérprete, da trilha sonora de “Pastores da noite”, filme de Marceu Camus, compondo, inclusive, o tema de abertura, “Ô Bahia”, gravada por Maria Creuza.
Compôs e gravou a música que se tornou o hino do Bloco do Jacu, “No meio da rua, no meio do povo”. Compôs o jingle “Arembepe”, encomendado pelo crítico Júlio Hungria, última gravação da cantora Maysa.
Participou, por três vezes, do Projeto Pixinguinha, na primeira ao lado de Antonio Adolfo e Danilo Caymmi, na segunda ao lado do Trio Elétrico de Armandinho, Dodô e Osmar e do grupo A Cor do Som, e na terceira em dupla com Fafá de Belém.
Apresentou-se na Sala Funarte (RJ), ao lado de João Donato e da cantora Fátima Miranda.
Realizou na Cinelândia, ao lado de Grande Otelo, show patrocinado pela Funarte. Participou da fundação da Sombras, ao lado de Maurício Tapajós, Aldir Blanc, Ivan Lins e Sérgio Ricardo, entre outros.
Na década de 1980, gravou seu segundo LP, “Seguindo o mantra” (1982), lançado pela Som Livre. O disco teve direção artística e 10 arranjos de João Donato e contou com a participação especial de Armandinho, Elba Ramalho e Sivuca. No repertório, suas composições “Ifá, um canto pra subir”, “O último da sala”, “O som da cor” e “Maluca por Sivuca”, entre outras.
Participou do espetáculo “Bahia di tutti samba”, realizado em Roma, com direção de Gianni Amico, ao lado de João Gilberto, Dorival Caymmi e Caetano Veloso, entre outros. Realizou show fechado na ilha de Capri para cem convidados.
De volta ao Brasil, realizou, no Bar do Violeiro (RJ), show de lançamento do disco “Seguindo o mantra”.
A convite de Maria da Conceição Nobre, participou, ao lado de Erasmo Carlos, Alceu Valença e Carlinhos Vergueiro, entre outros, do “Show do césio”, em solidariedade às vitimas do acidente radioativo ocorrido em Goiás. Ao lado dessa produtora, assumiu a direção artística do Teatro da Casa do Comércio, sendo responsável pela realização de shows de Beth Carvalho, Os Cariocas e Edu Lobo, entre outros.
Participou, como compositor, de trilhas sonoras de novelas da Rede Globo, como “Uma rosa com amor” (com a música “Do amor fazer novas lendas”, em parceria com César Costa Filho), “Saramandaia” (também como intérprete da faixa “Bole-bole”) e da já citada “Gabriela”, na década de 1970, “Sinhá moça” (também como intérprete da faixa “Camará”) e da mini-série “Tenda dos milagres” (também como intérprete da faixa “Maluco pra te ver”, em parceria com Vevé Calazans), na década de 1980.
Em 1986, gravou o tema de abertura, de sua autoria, da novela “Cambalacho” (Rede Globo). Nesse mesmo ano, compôs a canção “Luz e esplendor”, que deu título ao LP Elizeth Cardoso e ao último show realizado pela cantora.
Em 1988, após o nascimento de seu único filho, João Henrique, decidiu voltar para Salvador, onde vive desde então. Nessa cidade, suas canções vêm sendo gravadas pelos principais nomes do movimento Axé Music, como Jerônimo (“Fumo e mel”) e Margareth Menezes (“Ifá, um canto pra subir,”), entre outros. Compôs os hinos do Esporte Clube Ypiranga, do Esporte Clube Vitória e do Brasiliense Futebol Clube.
Em 1990, fundou a Associação Etílica Sentimental e Carnavesca Chegando Bonito, que prossegue a saga carnavalesca do lendário Bloco do Jacu.
Compôs a música “Jorge Amado 80 anos”, que interpretou no programa comemorativo do aniversário do escritor baiano, e a canção tema do documentário “Capeta Caribé”, sobre o artista plástico baiano, dirigido por Agnaldo Siri.
Em 2000, compôs a música “Brasil 500 anos”, para a Embratur. A pedido do escritor João Ubaldo Ribeiro, escreveu “A luta, o canto e a dança de um povo e sua esperança”, artigo sobre capoeira publicado na revista internacional da Patteck Philipe, editado em oito línguas.
Em 2002, apresentou-se, com Paulinho da Viola, em show inaugurativo do espaço cultural Livros, Livros Livros, no Rio de Janeiro. Também nesse ano, participou do CD comemorativo dos 30 anos do Bar Jobi (RJ), interpretando sua canção “Toalha no chão”.
Constam da relação dos intérpretes de suas canções artistas como Dóris Monteiro, Beth Carvalho, Vicente Barreto, Trio Elétrica Dodô e Osmar, Antônio Carlos & Jocafi, Maria Creuza, Fafá de Belém, Marku Ribas, Luiz Caldas, Milton Banana, Gerônimo, Margareth Menezes, César Costa Filho e Amelinha, entre outros.
(Participação:) Vários artistas
(Participação:) Vários artistas
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.