5.001
Nome Artístico
Waltel Branco
Nome verdadeiro
Waltel Branco
Data de nascimento
22/11/1929
Local de nascimento
Paranaguá, PR
Data de morte
28/11/2018
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Maestro. Guitarrista. Arranjador. Violonista. Diretor musical. Produtor. Multi-instrumentista.

Quando era muito jovem, o violão ainda era um instrumento associado à vagabundagem, e por este motivo, para não desobedecer seu pai, começou a estudar música erudita. Iniciou-se como músico por meio da bateria, do violão, cavaquinho e violoncelo, vindo a estudar harpa e órgão.

Durante a infância e adolescência estudou música e religião, em Curitiba e no Rio de Janeiro.

Atuou como diretor musical da Rede Globo, a partir da fundação da emissora em 1964, para a qual fez arranjos para trilhas musicais das novela “Irmãos Coragem”, “Selva de Pedra” e “Escrava Isaura”, entre outras, atuando como arranjador nos Festivais de Música como “Abertura”, em “Especiais Musicais” e Séries da emissora.

No Brasil trabalhou (como arranjador e violonista) com Tim Maia, Djavan, João Gilberto, Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Djavan, Cartola, Gal Costa, Maria Creuza, Vanuza, Roberto Menescal, Marcos Valle, Nara Leão, Elizete Cardoso, Pixinguinha, Hyldon, Dorival Caymmi, Nana Caymmi, Zé Kéti, Peri Ribeiro, Sérgio Ricardo, Toni Tornado, Odair José, Evaldo Braga, Cauby Peixoto, Alceu Valença, Zé Ramalho, Cazuza, Chico Anysio, Alcione, Elza Soares, Elis Regina e Fafá de Belém, entre muitos outros.

No exterior trabalhou com Dizzy Gillespie, Quincy Jones, Laurindo de Almeida, Mercedes Sosa, Astor Piazzola, Henri Mancini e Paco de Lucía.

Faleceu aos 89 anos em decorrência de diabetes no ano de 2018.

No ano de 2024 foi lançada a biografia “Waltel Branco: O Maestro Oculto”, de Felippe Aníbal, pela Editora Banquinho.

Dados artísticos

No período em que esteve no seminário, estudou com o chileno Joquín Zamacois, e posteriormente com outros mestres como, Bento Mossurunga, padre José Penalva, Jorge Koshag, Stanley Wilson e Alceo Bocchino. Ao sair do seminário, formou uma banda de jazz com seu irmão, Ismael Branco na bateria e Gebran Sabag no piano.

Ao lado de Lia Ray, foi arranjador, diretor musical e violonista do conjunto que ambos formaram. Em Cuba, tocou ao lado de Perez Prado, Mongo Santamaria e Chico OFarrel. Segundo apontam alguns estudos acadêmicos, no campo da música, esses encontros em Cuba teriam ajudando a criar a mistura de jazz, música cubana e brasileira, alterando a salsa e, posteriormente, influenciando o “jazz fusion”, gênero do qual foi considerado um dos precursores.

Durante as décadas de 1950 e 1960, nos Estados Unidos, integrou o trio do baterista Chico Hamilton. Ainda neste país, conheceu o maestro Stanley Wilston e o violonista Sal Salvador, formando um trio com ele e o cantor Nat King Cole. Posteriormente produziu um disco para seu irmão, Fred Cole. Mais tarde conheceu a cantora Peggy Lipton e sua irmã, Lede Saint-Clair, com quem se casou.

Em 1963 conheceu o empresário Roberto Marinho, que o chamou para trabalhar na Rede Globo, onde compôs ao lado de Radamés Gnattali, César Guerra Peixe e Guio de Moraes.

Em 1974 lançou o LP “Músicas do século XVI ao século XX”, pela CID (Cia. Industrial de Discos), gravadora independente carioca, sob o selo Itamaraty, com distribuição da extinta Codil. No repertório, obras de Villa-Lobos (“Prelúdio n.o 2”), Brahms (“Valsa n.o 15”), Chopin (“Prelúdio n.o 20”), Schumann (“Romanza”), Gluck, Weiss (ambas denominadas “Ballet”) e Poulnac (“Sarabanda”), além de composições suas, como “Prelúdio, sarabanda e Bourrée” (que dedicou ao dr. Fernando Paes Leme) e “Moda de viola”.

Foi o arranjador da versão do Hino Nacional Brasileiro para a Orquestra de Viena executar em 1986.

Em 2001, quando da fundação do Instituto Cultural Cravo Albin, foi convidado pelo amigo Ricardo Cravo Albin a prestar-lhe assessoria artística. No mesmo ano de 2001,  assumiu a regência da Orquestra Sinfônica de Ponta Grossa (OSPG), para a qual musicou o poema “Os poentes da minha terra”, de Anita Philipovsky. Em 2004 foi eleito presidente do Fórum de Música do Paraná, engajando-se na defesa da música brasileira junto as esferas públicas como Câmara Setorial de Música do Ministério da Cultura e Conferência Nacional de Cultura. Ainda em 2004 é destacado no livro “A[des]construção da Música na Cultura Paranaense” de Manoel J. de Souza Neto. Em 2005, teve um breve relato de sua história contada através do documentário “Descobrindo Waltel”, de Alessandro Gamo, onde ilustres personalidades como Ed Motta, Roberto Menescal e o Maestro Julio Medaglia deram seus depoimentos.

Em 2007 lançou o disco “Meu Novo Balanço” com músicas de outros dos seus álbuns e algumas inéditas como “Fera Pantera” na qual, por sugestão de Chico Buarque, fez uma versão da música da Pantera Cor de Rosa voltada para educação. Ainda neste ano foi artista homenageado no “Festival de Artes do estado do Paraná”. Em 2008 foi lançado em Curitiba o livro “A Obra para Violão de Waltel Branco”, com mais de 40 partituras revisadas por Cláudio Menandro. O livro conteve ainda um resumo detalhado de sua biografia.

Em 2012 recebeu o título de doutor honoris causa pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) como compositor, arranjador e multi-instrumentista paranaense, sobre o que o reitor da instituição destacou: “É um marco nos 100 anos da UFPR e reflete o reconhecimento que a instituição tem das pessoas que marcam a história do Paraná”. Também foi destaque o fato deste ser o primeiro título de doutor honoris causa da instituição concedido a um músico.

Discografias
2016 Fundação Cultural de Curitiba CD Waltel Branco 101 músicas
2011 Fundação Cultural de Curitiba CD O Violão Plural de Waltel Branco
2007 Lethal Level CD Meu novo Balanço
2006 ICAC CD Orquestra À Base De Sopro De Curitiba & Waltel Branco
1997 CD Kabiesi
1997 Fundação Cultural de Curitiba CD Naipi
1976 Som Livre LP Recital (II)
1974 Cia. Industrial de Discos – Selo Itamaraty LP Seleção de Clássicos, Músicas do século XVI ao Século XX
1972 Musidisc LP Guitarras em Fogo
1972 CBS LP Jungle Bird Black Soul

(com pseudônimo Airto Fogo)

1972 CBS LP Meu balanço
1966 Selo Mocambo LP Mancini também é samba
1963 Musidisc LP Guitarra Bossa Nova'
1960 CBS LP Recital Violão
Obras
Caprichoso
Choro empacotado
Feira da lua
Kabiesi Brasil
Ninho de cobra
Rua das Flores
Bibliografia Crítica

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014.

AMARAL, Euclides. O Guitarrista Victor Biglione & a MPB. Rio de Janeiro: Edições Baleia Azul, 2009; 2ª Esteio Editora, 2011; 3ª ed. EAS Editora, 2014; 4ª ed. EAS Editora, 2024.

THOMPSON, Mario Luiz. Música Popular Brasileira (vol. 1 e 2). São Paulo: Editora Bem Te Vi, e Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2001.