Pianista. Compositora.
Filha do fazendeiro Lino Machado do Vale e de Guilhermina Alves Mourão do Vale, foi criada na Fazenda do Barreado, a maior de Rio Bonito. Começou a estudar piano aos 10 anos de idade. Em 1883, conhece o português João S. de Oliveira Barreto, comerciante e afinador de pianos, estabelecido na Travessa São Francisco de Paula, hoje Rua Ramalho Ortigão. Pouco tempo depois, casam-se e transferem-se para o Rio de Janeiro.
Dirigiu ao lado do marido a casa Ao Piano de Cristal, loja de pianos, músicas e águas minerais Vichy. Em fins de 1895, o casal viajou para a Europa e, chegando a Nice em pleno carnaval, conheceu o confete prateado e o dourado, que encomendou e lançou no Rio de Janeiro, no carnaval de 1896, com enorme sucesso. Os confetes eram distribuídos em saquinhos vendidos a dois e três vinténs. Com a morte do marido em março de 1900, assumiu a direção do estabelecimento, começando também a compor e editar suas músicas: valsas, polcas, xotes e mazurcas. Pouco mais tarde, passou a executar para os fregueses composições suas e de outros músicos. Apresentada por seu irmão Cândido ao magistrado Joaquim Augusto Guerreiro Lima, casaram-se em 1902 e passou a assinar-se Serafina Augusta do Vale Guerreiro Lima. Segue administrando Ao Piano de Cristal, compondo e tocando músicas para os fregueses. Por volta de 1909|1910, seu marido vem a falecer, e assim, tornou-se conhecida por Viúva Guerreiro, nome que dá a seu estabelecimento comercial agora situado na Rua Sete de Setembro. Em 1915, escreveu aquela que se tornaria sua mais célebre composição, a valsa “Penso em ti”. Dedicou a Rui Barbosa a valsa “Supremo mestre”, enviando-lhe 100 exemplares em papel acetinado. Rui enviou-lhe um telegrama, agradecendo a homenagem, indo visitá-la pessoalmente alguns dias depois. A Casa Viúva Guerreiro tornou-se ponto de encontro de famosos pianistas e compositores populares como Aristides Borges, Sinhô, Gastão Lamounier, Osvaldo Cardoso de Menezes, Pedro Sá Pereira, entre outros.
Em meados da década de 1930, a pianista passou a residir em Santa Teresa, onde veio a falecer. Em 1944, teve a valsa “Supremo mestre” gravada ao piano por Mário Azevedo na Continental. Em 1946, sua valsa “Quando penso em ti” foi gravada na Continental pelo pianista Mário de Azevedo. A Casa Viúva Guerreiro continuou sob a direção de seu sobrinho Fileto Moura, até o fechamento definitivo em setembro de 1962.
EFEGÊ, Jota. Figuras e coisas da Música Popular Brasileira. Rio de Janeiro: MEC/Funarte, 1978.