
Cantora.
Veio para o Rio de Janeiro, juntamente com a família, aos 9 anos. Estudava na Escola Paraná, no bairro carioca de Madureira, quando conheceu Villa-Lobos, passando a integrar o Conjunto Orfeônico Infantil. Abandonou a carreira em 1957, para casar-se, retomando-a 20 anos mais tarde, incentivada por Paulinho da Viola.
Com apenas 10 anos foi selecionada pelo Maestro Villa-Lobos para cantar no coral organizado por ele, integrado por crianças das escolas públicas do Rio de Janeiro. Apresentou-se no Teatro Municipal com o coral das escolas públicas do Rio de Janeiro como solista no “Canto do Pajé”. Em 1940, com apenas 14 anos, participou do programa de calouros de Ary Barroso onde se apresentou cantando “O samba e o tango”, um sucesso de Carmen Miranda, cantora de quem era fã. A interpretação impecável, sem imitar Carmen Miranda, lhe garantiu o primeiro lugar, contestado pelo próprio Ary Barroso, que afirmou: “Ganhou, mas não leva. Você já é herdeira de Carmen Miranda, portanto, profissional, e o prêmio é para calouros.” Foi grande a dificuldade para convencer Ary Barroso de que aquela era a primeira vez que a moça se apresentava no rádio. A ida de Carmen Miranda para os Estados Unidos favoreceu o início de sua carreira no rádio, onde passou a cantar os sucessos da “Pequena Notável”, compensando o espaço deixado e a saudade dos fãs de Carmen. Trabalhou nas Rádios Tupi, Educadora e Ipanema, onde assinou seu primeiro contrato, consagrando-se principalmente pela interpretação original de “Camisa listrada”, outro sucesso de Carmen, de autoria de Assis Valente.
Gravou o primeiro disco em 1940, com as marchas “Vou sair de Pai João”, de J. Cascata e Leonel Azevedo e “Pulo do gato”, de J. Cascata e Correia da Silva, pela Victor. Em 1941, gravou a marcha “Mama meu netinho”, com arranjo de Pixinguinha e Jararaca, o samba “Homem chorando é novidade”, de Alvarenga e Osvaldo Santos com o qual fez algum sucesso e o frevo canção “Você não nega que é palhaço”, de Nelson Ferreira. No mesmo ano, assinou contrato com a Rádio Nacional onde permaneceu por 16 anos. Gravou também com sucesso a batucada “Meu dinheiro tem”, de Germano Augusto e Zé Pretinho. Em 1942, gravou o frevo canção “O coelho sai”, de Nelson Ferreira e Ziul Matos e a valsa frevo “Vovô, vovó, eu e você”, de Nelson Ferreira. Em 1945, foi contratada pela Continental e estreou com o samba “Aumento de salário”, de Ernâni Alvarenga e Paquito e a marcha “Cheque à granel”, de Ernâni Alvarenga, Paquito e Antenor Gargalhada. No mesmo ano, gravou da dupla Roberto Martins e Mário Rossi o samba “Vou tratar de mim” e a marcha “Tem tamanduá no baile”. Destacou-se, ainda no mesmo ano, com a marcha “Leilão da baiana”, de Max Bulhões e Gustavo de Oliveira. Em 1946, gravou o samba “Aproveita seu Aristeu”, de Ernâni Alvarenga, Paquito e Mabial João Diniz e o choro “Ontem, hoje e amanhã”, de Aldo Cabral e Benedito Lacerda com acompanhamento de Benedito Lacerda e seu conjunto regional.
Em 1950, gravou como vocalista com Raul de Barros e sua Orquestra o choro “Faísca”, de Lauro Maia e Penélope. No mesmo ano, gravou na Sinter a marcha “É carinho que falta” e o samba “Sabe lá o que é isso”, ambas de Joubert de Carvalho. Em 1951, gravou pelo selo Star o samba “Cansei de chorar”, de Carvalhinho e Francisco Neto e a marcha “Não vou trabalhar”, de Carvalhinho, Mário Rossi e Buci Moreira. No mesmo ano, lançou pelo selo Carnaval o samba “Rainha da Lapa”, de Rubens Silva e Grande Otelo. Em 1953, estreou na Odeon com o beguine “Mundo encantador”, de Romberg e Hammerstein II, com versão de Guido Douglas e o baião “Minha morena”, de Henrique Almeida, Rômulo Paes e Braga Filho. No ano seguinte, gravou o samba “Vou levando”, de Valsinho e Domício Costa e a marcha “Vagalume”, de Victor Simon e Fernando Martins, que fez sucesso razoável no carnaval carioca, já que comentava a crônica falta de água e de luz no Rio de Janeiro. Esta música, aliás, foi escolhida para representar suas criações fonográficas no show “Estão voltando as flores”, em que atuou ao lado de Carmélia Alves, Carminha Mascarenhas e Ellen de Lima, entre 2001 e 2003, por todo o país. Em 1955, gravou com o Trio Irakitan, a valsa “Deixa eu, nego…”, de Carson, Hill e Ghiaroni. No mesmo ano, lançou o samba “Nossa terra, nosso samba”, de Bruno Marnet e Zimbres e o samba canção “Cartas”, de Ismael Neto e Antônio Maria, que fez sucesso com arranjos do então jovem maestro Antônio Carlos Jobim. Em 1956, gravou a marcha “De baixo pra cima”, de Raul Sampaio e Dantas Ruas e os sambas “Trabalhou, trabalhou”, de Herivelto Martins e José Messias e “Fita meus olhos”, de Peterpan, este, seu maior sucesso. No mesmo ano, gravou com destaque o samba canção “Só louco”, de Dorival Caymmi. Ainda em 1956, com acompanhamento de Orquestra com Arranjos e Direção de Alexandre Gnattali, gravou o LP “Exaltação à Bahia” interpretando o samba-jongo “Na Baixa do Sapateiro” e o samba “Faixa de Cetim”, de Ary Barroso, e também os sambas “Você Já Foi À Bahia?”, “Vatapá”, “A Preta do Acarajé” e “O Que É Que A Baiana Tem”, de Dorival Caymmi, “Exaltação à Bahia”, de Vicente Paiva e Chianca de Garcia, e “Eu Não Sou Baiano”, de Waldemar Ressurreição. Em 1957, gravou os sambas “Vou perder a cabeça”, de William Duba, Raul Sampaio e Ivo Santos e “Pagou”, de Klécius Caldas e Armando Cavalcânti. No mesmo ano, gravou “Dono dos meus olhos”, de Humberto Teixeira e a toada “Cajueiro doce”, de Manezinho Araújo e Antônio Maria. Em 1958, gravou seu último disco, antes de abandonar a carreira a fim de se casar interpretando o fox-trote “No azul pintado de azul”, de Modugno e Migliacci, com versão de David Nasser e o fox “Por que chorar?”, de T, Snyder, B. Kalmar e H. Ruby, com versão de Juvenal Fernandes.
Em 1977, retornou à carreira artística após longo afastamento, quando foi convidada por Albino Pinheiro para shows da série “Seis e meia” onde se apresentou com Paulinho da Viola. Em 1988, passou a integrar o grupo vocal As Cantoras do Rádio, juntamente com Nora Ney, Rosita Gonzalez, Zezé Gonzaga, Ellen de Lima, Carmélia Alves e Ademilde Fonseca. Gravou com outros cantores os Lps “Velhos sambas – velhos bambas”, Vols. 1 e 2 e “Ary Barroso – 90 anos”, em 1992, ambos editados pela Fenab. No fim da década de 1980 e início da de 1990, com As Cantoras do Rádio gravou dois LPs e fez vários shows pelo Brasil. Participou ainda em 1988 do LP duplo “Há sempre um nome de mulher”, produzido por Ricardo Cravo Albin e que alcançou a tiragem de 600 mil cópias, em benefício da Campanha do Aleitamento Materno (LBA/ Banco do Brasil).
Em 13 de junho de 2001, estreou, ao lado de Carmélia Alves, Carminha Mascarenhas e Ellen de Lima o show “As Cantoras do Rádio: Estão voltando as flores”, com roteiro e direção de Ricardo Cravo Albin, no Teatro-Café Arena, em Copacabana, no Rio. Nesse show, Violeta personificava Elizeth Cardoso, Aracy de Almeida, Nora Ney e Dalva de Oliveira, cantando alguns dos sucessos que marcaram as carreiras dessas cantoras, como “Mulata Assanhada”, de Ataulfo Alves e “Não me diga adeus”, de Paquito, L. Soberano e J.C. Silva. Segundo Ricardo Cravo Albin, a cantora é a “Clementina de Jesus branca”. Em 2008, atuou ao lado de Carminha Mascarenhas, Carmélia Alves e Ellen de Lima, no documentário “Cantoras do Rádio – Estão votando as flores”, dirigido por Gil Baroni e Marcos Avellar, a partir de roteiro de Ricardo Cravo Albin.
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014.
AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.
COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.
EPAMINONDAS, Antônio. Brasil brasileirinho. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1982.
MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.