Cantor. Compositor. Letrista. Produtor.
Nasceu em Ricardo de Albuquerque, subúrbio do Rio de Janeiro.
Formado em Matemática.
Aposentado pela Prefeitura do Município da Cidade do Rio de Janeiro, foi motorista oficial, chefe de almoxarifado e substituto eventual do diretor do Departamento de Compras da STO (Superintendência de Transportes Oficiais).
Em 1970 começou sua carreira de compositor com o pseudônimo Jon Lemos.
No início da década de 1980, por sugestão do parceiro Carlos Dafé, assumiu o pseudônimo Toninho Lemos.
Em 1970 teve sua primeira composição gravada “Hoje eu quis recordar” (c/ Roberto Corrêa) por Altemar Dutra. Neste mesmo ano o grupo Golden Boys interpretou “A Charanga do Agripino”, também parceria com Roberto Corrêa. No ano seguinte, em 1971, o Trio Esperança gravou “A noite, o tempo e você” (c/ Roberto Corrêa) e o grupo Golden Boys incluiu as composições “Venha logo” e “Você também chora”, parcerias com Roberto Corrêa, do grupo Golden Boys. Posteriormente, em 1972, Agnaldo Timóteo interpretou “Espere-me”; o grupo Golden Boys gravou “Que saudade”; Tony Nunes “Só vivo de recordações”; Trio Esperança gravou “Só lembranças de você” e Wanderley Cardoso “Haja o que houver”, todas em parceria com Roberto Corrêa. No ano seguinte, em 1973, foram gravadas por Agnaldo Timóteo as composições “Amor sem resposta” e “Porque dizer adeus”; Diana interpretou “Não sou mais de ninguém”; Dóris Monteiro gravou “Lá se foi a imagem do bom crioulo”; José Augusto “Não vivo sem você”; Wanderléa “Eu quis falar do meu amor” e Evinha “No meio da madrugada”, todas em parceria com Roberto Corrêa.
Em dupla com Paulo Debétio, no ano de 1974, lançou o compacto simples “Lemos & Debétio”, pela gravadora Odeon, disco no qual interpretou “Morro do barraco sem água”, música em parceria com Roberto Corrêa. Neste mesmo ano Agnaldo Timóteo interpretou de sua autoria “Mais uma lembrança”; Wanderley Cardoso “Tentei esquecer você”; Edson Wander “Carta marcada”; Evinha “Olha eu aqui oh! Oh! Oh!”; Luiz Ayrão “Intrigas e opiniões”; José Ricardo “Como eu queria voltar a ser criança” e “Vem tirar-me da fossa”; Miltinho “Mulher”; Wanderley Cardoso “Minha namorada”; Orlando Dias “Não pense no amanhã se o sol não sair” e “Ninguém” e ainda o grupo Golden Boys gravou “Os tempos mudaram” e “Noite de verão”, todas em parceria com Roberto Corrêa, seu mais constante parceiro musical. Ainda neste ano, de 1974, o grupo Trio Esperança registrou “Arrasta a sandália” e “Replay”, ambas com Roberto Corrêa e ainda “Visitante K.O.Z.E” (c/ Ronaldo Corrêa) e “Crianças no parque”, somente de sua autoria.
No ano de 1975 o grupo Golden Boys gravou “Smack”; Silvio Aleixo “Por causa dela”; o grupo Trio Esperança gravou “Pare, pense…”, “Quem tá com samba” e “Chuva de verão”, todas com Roberto Corrêa. No ano posterior, em 1976, outros artistas gravaram suas composições, entre os quais Carlos Nobre em “Carnaval do amor”, (c/ Roberto Corrêa) e Luiz Ayrão “Reencontro”, parceria de ambos.
No ano de 1977 a composição “Porque esta saudade em minha vida”, parceria com Wagner, foi gravada por Agnaldo Timóteo. Neste mesmo ano Waldirene interpretou “Melhor amiga” e “Quero te dar o meu amor”, ambas em parceria com Eros e Roberto Corrêa. Posteriormente, em 1978, Luiz Ayrão interpretou de sua autoria, e ianda, “Algemas” (Possessão), parceria com Roberto Corrêa e Eros. O grupo Samba 4 gravou “Produto nacional” e Sonia Lemos “Pode ir”, todas em parceria com Roberto Corrêa. No ano seguinte, em 1979, Beth Maia gravou “Sou feita de açúcar” (c/ Roberto Corrêa); o grupo Super Bacana interpretou “Quando te vejo dançar” (c/ Eros e Pedrinho).
Em 1980 Cauby Peixoto gravou “Onde foi que eu errei” (c/ Carlos Dafé); Luiz de Lucas gravou “Elos marcados” (c/ Eros) e Beth Maia interpretou “Tipo a vida inteira”, parceria com Fidel. Ainda em 1980 “É triste nos vivermos separados” (c/ Carlos Dafé) foi interpretada por Agnaldo Timóteo. A cantora Alcione, no LP “E vamos à luta”, incluiu a composição “Quadro de Ismael”, também parceria com Carlos Dafé.
No ano de 1981 Ronaldo Adriano interpretou “Você é um lixo” (c/ Roberto Corrêa) e o cantor Almir (The Fevers) interpretou “Ainda existe amor”, parceria com Eros e Roberto Corrêa. Dois anos depois, em 1983, o parceiro Carlos Dafé lançou o LP “De repente”, no qual foram gravadas “Você chegou sorrindo”, “Meu coração não te elegeu”, “Pode ser que eu esteja enganado”, “É triste nós vivermos separados”, “Zicartola”, “Minhas carências”, “Venha”, todas em parceria com Carlos Dafé, e ainda, “Como é linda a natureza” e “Cada vez mais”, ambas em parceria com Roberto Corrêa e Carlos Dafé. Neste mesmo ano Gilberto Lemos interpretou “Motivos pra te esquecer”; Sidney Magal “Brilhante”; Reginaldo Rossi “Chega de sofrer”, todas em parceria com Roberto Corrêa.
Em 1984 sua composição “Realmente uma mulher” (c/ Reginaldo Rossi e Roberto Corrêa) foi gravada por Reginaldo Rossi. Neste mesmo ano Tarcys Andrade interpretou “A canção do amor” e “Um adeus e nada mais”, as duas parcerias de ambos e ainda “Menina da caixa” (c/ Eros).
Carlos Dafé, em 1985, no LP “O trem da gente”, incluiu duas composições de sua autoria, “Basta um gesto seu” (c/ Carlos Dafé e Gitman) e “Sol e chuva na moleira – Zé Marmita Blue”, em parceria com Carlos Dafé e Luiz Carlos Batera. Neste mesmo ano “Forte vendaval”, em parceria com Carlos Dafé, foi gravada por Agnaldo Timóteo e Beth Carvalho regravou “Zicartola” no LP “Das bênçãos que virão com os novos amanhãs”. Ainda neste ano, de 1985, lançou um compacto simples como integrante do grupo Ramal 3, no qual cantou “Não se deve com o amor brincar”, parceria com Roberto Corrêa.
No ano de 1986 o grupo Ramal 3, do qual foi o principal intérprete, gravou “Pipi na garoa”, parceria com Jorge Almeida Soares.
Em 1996 o parceiro Luiz Ayrão gravou “Amor amante”, “Eleição na floresta” e “Saudade morena”, parcerias de ambos.
No ano 2000 lançou o CD “Anões gigantes”, no qual interpretou de somente de sua autoria “Dama da noite” e diversas outras composições com vários parceiros, entre as quais “Quem viver verá” (c/ Sandro Dávila), “Mery Meg” (c/ Fernandinho Batuta), “O comandante” (c/ Ed. Maluco), “500 anos”, “Parei com você”, “Selva de sovaco”, “Rei dos absurdos”, todas em parceria com Jorge Almeida Soares e ainda “Margareth”, “Aposentado”, “Estranho bizarro”, “O jogador” e “Psiu!”, todas em parceria com Lajota.
No ano de 2002 lançou o CD “Ramal 3”, no qual interpretou diversas composições de sua autoria: “Um prazer e nada mais”, “Como toda ilusão”, “Cara fechada”, “Disputa”, “Www.@paixão”, “Marcas”, “Toque especial” e “Rebelião”, todas em parceria com Jorge Almeida Soares. No disco ainda incluiu “Brinquei com o amor” (c/ Roberto Corrêa), “Ana Maria” (c/ Jorge Almeida Soares e José Costa), “Séria diversão” e “Lance legal”, as duas últimas em parceria com Augusto Guitta. Ainda neste mesmo ano de 2002 o grupo Só pra contrariar regravou “Produto nacional”.
No ano de 2006 a composição “Saudade morena”, parceria com Luiz Ayrão, foi interpretada pela dupla Rio Negro e Solimões e incluída na trilha sonora da novela “Bicho do Mato”, da Rede Records.
No ano de 2013 lançou o CD “Toninho Lemos do rock ao rock”, em coprodução com o guitarrista e arranjador Augusto Guitta, no qual contou com as participações de Fábio Santa Cruz (baixo) e Marcelo Gomes na bateria. No disco, interpretou as faixas “A humanidade” (c/ Jorge Soares de Almeida), “Celeste”, “Louco varrido” e “Tempo ao tempo”, as três de sua autoria.
No ano de 2018 lançou, pela gravadora Lança Discos, com distribuição da gravadora/Sony Music, o CD “Qual o seu nome?”, produzido por Jairo Píres e com arranjos de Augusto Guitta, no qual interpretou as composições autorais “Hey boy” (c/ Jorge Soares), “Filhos da noite” (c/ Augusto Guitta), “Grafite” (c/ Jorge Soares), “Reciclagem” (c/ Jorge Soares) e “Senhores da guerra” (c/ Augusto Guitta), além da faixa-título “Qual o seu nome?”, em parceria com Jorge Soares. No ano seguinte, em 2019, lançou um single com as faixas “Girando ao contrário” (c/ Augusto Guitta), “Caminhão caminhoneiro – amigo caminhão” (c/ Jorge Soares) e “Rebeldia”, em parceria com o guitarrista Augusto Guitta. Neste mesmo ano sua composição “Morro do barraco sem água”, em parceria com Roberto Corrêa, gravada pela dupla Lemos & Debétio no ano de 1974 (da qual era integrante), foi escolhida pela agência de publicidade Mr. Bongo, do Reino Unido, para a propaganda mundial de lançamento do iPhone 2019, da Apple. Ainda em 2019 lançou o CD “Rock na veia”, pelo selo musical Lança Discos, no qual interpretou de sua autoria as faixas “Rebeldia” (c/ Augusto Guitta); “Girando ao contrário” (c/ Augusto Guitta); “Grafite” (c/ Jorge Soares); “Meus olhos solidão” (c/ Jorge Soares); “Homens e animais” (c/ Augusto Guitta); “Qual é o seu nome?” (c/ Jorge Soares) e “Rico, rico, rico”, em parceria com o guitarrista e arranjador Augusto Guitta.
Entre seus intérpretes destaca-se a cantora Celeste em “Amor a três”, em parceria com Eros e Roberto Corrêa, gravada no LP “Cinco e triste da manhã”.
No ano de 2020 lançou um single com as faixas “Pó de broca” (c/ Augusto Guitta), “A louca”, parceria com o poeta Euclides Amaral e o guitarrista Augusto Guitta, e ainda, “Nascido em dezembro” (c/ Augusto Guitta) e “Peregrinos da fé” (c/ Augusto Guitta e Jorge Soares) e “Multicores” (c/ Augusto Guita).
Sua composição “Um menino, uma mulher”, em parceria com Carlos Dafé, foi tema do filme “Um menino, uma mulher”, estrelado por Jece Valadão.
De seus intérpretes internacionais destacam-se Lynda Bardfield em “A letter to a friend (Just too long)” e Juan Franco em “Mi enamorada”, ambas em parceria com Roberto Corrêa.
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
AMARAL, Euclides. A Letra & a Poesia na Música Popular Brasileira: Semelhanças & Diferenças. Rio de Janeiro: EAS Editora, 2019.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.
Toninho Lemos é o compositor da inserção das expectativas e das experiências sociais, das que deram ou quase deram certo. Antropológico em sua verve poética passeou pela Jovem Guarda como um dos expoentes daquela geração, sendo gravado por ícones do movimento como Golden Boys, Trio Esperança, Wanderley Cardoso, Diana, Wanderléa, Celeste, Reginaldo Rossi e Evinha, em parcerias antológicas com Roberto Correa. Da fase áurea da Jovem Guarda, a que formou a juventude do rock brasileiro e toda a sua irreverência e inquietude, foi um dos faróis do movimento indicando novas tendências. Nas décadas de 1970 e 1980 grandes intérpretes também gravaram suas obras, tais como Agnaldo Timóteo, Dóris Monteiro, Orlando Dias e Cauby Peixoto, entre outros. Adentrou ao samba de linguagem popular com seus parceiros Luiz Ayrão e Carlos Dafé, sendo gravado por ícones como Beth Carvalho e Alcione, alcançando o povo das ruas, os desprovidos e os atentos às estórias de Cartola e Ismael Silva.
Quando escreve letras ou compõe melodias, totalmente camaleônico, navega calmo, como os argonautas portugueses, no rock billy, nas baladas e samba-canções, e ainda arruma tempo pra escrever pérolas como “Ciranda da ponte”, na qual apregoa um tempo onírico das coisas e dos seres, abusando dos substantivos abstratos e concretos como ‘felicidade’ e ‘maritacas’, ligando-os em sua essência através de uma ponte de sentimentos. Profético em letras como “Rebeldia”, por exemplo, em que traça um painel de esperança no que poderão ser tornar as pessoas, se assim seguirem o caminho do coexistir e do repartir o que nos faz humano em seu ethos e substrato.
A partir do ano de 1974 aventurou-se em registrar interpretações para suas composições. Em muitos discos, e com os novos parceiros Augusto Guitta e Jorge Soares, criou uma forma gutural de cantar, o que lhe deu o moral para apresentar uma linguagem progressista em seus rocks, aquela em que, em suas letras ácidas desmantela as mazelas dos poderosos de plantão que atentam contra o dia a dia da população.
Este é o compositor Toninho Lemos, formado em Matemática, que sabe usar o verso com precisão matemática, no qual não falta e nem transborda, exata.
Euclides Amaral (poeta-letrista e pesquisador de MPB)