
Violeiro. Cantor. Compositor. Nascido na vila de Monte Azul, perto de Montes Claros, teve infância difícil e foi criado em uma fazenda em Araçatuba, SP. Aos oito anos já tirava os primeiros acordes da viola depois do trabalho na lavoura, onde ajudava o pai.
Começou a carreira aos 16 anos quando adotou o nome artístico de Palmeirinha e formou dupla com Coqueirinho, com quem se apresentou no Circo Giglio em 1951. Aperfeiçoou-se na viola e mudou-se para Valparaíso, onde trabalhou como garçon. Trocou o nome artístico para Zezinho (posteriormente para Zé Mineiro) e passou a se apresentar com Lenço Verde, com quem tocou no programa “Assim canta o sertão” e em diversos circos do interior de São Paulo e Mato Grosso. Em 1955, separou-se de Lenço Verde. Nesse mesmo ano, já se apresentando com o nome de Zé Mineiro, conheceu Pardinho, com quem formou nova dupla e passou a se apresentar na Rádio Cultura. Instalados em São Paulo, conheceram o compositor Teddy Vieira, que lhes sugeriu a mudança do nome artístico de Zé Mineiro para Tião Carreiro. Em 1956 gravou com Pardinho na Columbia a moda de viola “Boiadeiro punho de aço”, de Teddy Vieira e Pereira, e o cururu “Cavaleiro de Bom Jesus”, de Teddy Vieira e João Alves Mariano. No ano seguinte fez sucesso com Pardinho com o cururu “Urutu cruzeiro”, de Carreirinho e Pedro Calandro. A dupla entretanto não seguiu atuando junto, e Tião Carreiro formou dupla com Carreirinho, com quem gravou nove discos 78 rpm. Em 1958, saiu o primeiro desses discos pela Continental, com o tango “Mariposas do amor”, de Torrinha e Canhotinho, e a moda de viola “Rei do gado”, de Teddy Vieira, que foi um grande sucesso. No ano seguinte, entre outras músicas, a dupla lançou o cururu “Jangadeiro cearense”, o recortado “Pagode”, ambas de autoria da dupla. Em 1960, voltou a gravar com Pardinho, com quem lançou pela Sertanejo com grande sucesso a canção rancheira “Borboleta do asfalto”, de sua autoria, o tango “Alma de boêmio”, de sua parceria com Benedito Seviero, e o pagode “Pagode em Brasília”, de Teddy Vieira e Lourival dos Santos. Em 1962, lançou com Carreiro dois de seus maiores sucessos, a moda de viola “Terra roxa”, de Teddy Vieira, e o pagode “A viola e o violeiro”, de sua autoria e Lourival dos Santos. A partir do início dos anos 1960, a dupla com Pardinho se firmou alcançando um sucesso após o outro, “Borboleta do asfalto” e “Punhal da falsidade” foram alguns deles. Em 1961 saiu o primeiro LP, de sua dupla com Pardinho, “Rei do gado”. Nas décadas de 1960 e 1970 a dupla chegou a gravar dois LPs por ano. Foi inventor do pagode sertanejo, um jeito específico de se tocar a viola. Segundo o produtor, cantor e compositor Téo Azevedo, “O Tião chegou com aquele batidão de viola, misturando o ritmo do coco com o do calango de roda, um tipo de calango que tem lá na nossa região. Aí fundiu os dois estilos. Botou o violão fazendo a batida do coco, e a viola, a do calango de roda. Isso é que virou o pagode, um dos ritmos mais tradicionais da cultura sertaneja-raiz”. Como compositor obteve diversos sucessos, o maior deles foi “Rio de lágrimas”, também conhecido como “Rio de Piracicaba”, parceria com Piraci e Lourival dos Santos, e regravada entre outros por Mineiro e Manduzinho, Sérgio Reis, Pena Branca e Xavantinho, Renato Teixeira, Almir Sater, Passoca, Bráz da Viola, e Caim e Abel. Também foram sucesso “Amargurado”, com Dino Franco, “Oi paixão”, com Zé Paulo, “A mão do tempo”, com Zé Fortuna, “A coisa tá feia” e “Em tempo de avanço”, com Lourival dos Santos. Em 1972, estrelou com Pardinho o filme “Sertão em festa”, que ficou mais de 30 semanas em cartaz em São Paulo. Em 1976, desfez a dupla com Pardinho. No mesmo ano gravou sozinho o LP “É isso que o povo quer”, no qual aparecem entre outras, “Pagode na praça”, “Pagode em Brasília” e “O menino da porteira”. Três anos depois lançou um segundo disco solo “O criador e o rei do pagode em solo de viola caipira”, também recebido, assim como o anterior, com entusiasmo pela crítica e pelo público. Após a separação de Pardinho, formou dupla com Paraíso, com quem gravou quatro LPs. Em 1981, voltou a atuar com Pardinho com quem gravou mais seis discos até nova separação em 1986. Em 1988, teve a sua música “O sequestro” (c/ Donizete e Romeu Wandscheer) gravada pela dupla Goiano & Paranaense, no LP “Lágrimas de Pai”. Juntou-se então a Praiano com quem gravou em 1992 o LP “O fogo e a brasa”. Por cerca de 30 anos se apresentou na Festa do Peão Boiadeiro de Barretos. Falecido em 1993, não parou de ser reverenciado e homenageado como o maior talento da viola. Em 1996, a Continental-Warner lançou o CD “Saudades de Tião Carreiro”, com gravações remasterizadas e mixadas com as vozes de, entre outros, Leandro e Leonardo, Nalva Aguiar, João Paulo e Daniel, Almir Sater, Rick e Renner e Gian e Giovani. Em 2002, teve as suas músicas “Pagode” (c/ Carrerito); e “A coisa tá feia” (c/ Lourival dos Santos), gravadas no CD ao vivo “Acústico”, da dupla Edson e Hudson, lançado pela Deckdisc. Em 2003, foi criado o “Prêmio Nacional Tião Carreiro de Excelência da Viola Caipira” numa homenagem ao violeiro. Nesse ano, completando dez anos de sua morte continuou com todos os seus discos em catálogo pela Warner e teve uma vendagem de cerca de 1 milhão de CDs vendidos. Continua a ser revenrenciado pelo conjunto dos violeiros como o maior de todos. No mesmo ano, teve 9 músicas de sua autoria gravadas pelo cantor Daniel, no CD “Meu Reino encantado II”, do selo Warner Music Brasil, produzido por Daniel e Manoel Nenzinho Pinto. As músicas foram: “Encanto da Natureza”, com Luiz de Castro; “Mundo Velho”, com Lourival dos Santos; Cabelo Loiro, com Zé Bonito, contando com a participação especial de José Camillo; “Tudo Certo”, com Moacyr dos Santos, que contou com participação especial Cézar e Paulinho; “Versos aos pés do homem”,com Geraldinho, com participação especial de Matogrosso e Mathias; “Moradia”, com Craveiro e Nhõ Chico, com participação especial de João Mulato e Douradinho; “Prá tudo se dá jeito, com Lourival dos Santos, com participação especial de Liu e Léo; “Viúva Rica”, com Edward Machi, com participação especial de Valderi e Mizael; “Tudo é Beleza”, com Lourival dos Santos, com participação especial de Craveiro e Cravinho; e “Minas Gerais”, com Lourival dos Santos. Em 2005, o clássico “Rio de Lágrimas”, popularmente conhecido como “Rio de Piracicaba”, de sua autoria com Piraci e Lourival dos Santos, foi incluído na trilha sonora do filme “2 Filhos de Francisco”, de Breno Silveira. Em 2011, teve a sua música, “Amargurado” (c/ Dino Franco), regravada pela cantora e compositora Paula Fernandes, no DVD “Paula Fernandes ao vivo”, lançado pela Universal Music. O álbum ultrapassou a marca de 700 mil cópias vendidas. Em 2011, teve a sua música, “Amargurado” (c/ Dino Franco), regravada pela cantora e compositora Paula Fernandes, no DVD “Paula Fernandes ao vivo”, lançado pela Universal Music. O álbum ultrapassou a marca de 1 milhão de cópias vendidas. Em 2013, foi homenageado ao vencer o Prêmio Rozini de Excelência da Viola Caipira, promovido pelo Instituto Brasileiro de Viola Caipira, na categoria Referência. Em 2017, teve suas composições “Chora Viola” (c/ Lourival dos Santos) e “Rio de lágrimas” (c/Piracy e Lourival dos Santos), consideradas clássicas, incluídas no repertório da peça teatral “Bem sertanejo – O Musical”, estrelada por Michel Teló e dirigida por Gustavo Gasparani. O espetáculo esteve em cartaz em diversas cidades brasileiras, entre elas São Paulo, Porto Alegre, Curitiba, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte e Ribeirão Preto.
(Com Pardinho)
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(Discos solo)
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(Com Pardinho)
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Ele foi o criador de um estilo, de uma maneira inimitável de interpretar e de tirar luminosidade das cordas de sua viola. Em suas mãos a viola transformou-se em força viva da natureza a verter musicalidade. Em seus dedos de fogo ela ardia em sons candentes de amorosas toadas de amor ou em chicotadas vibrantes de encantamento. Na sua voz o cotidiano do homem do campo e as agruras do trabalhador rural se faziam representar. Seu canto e sua vida se misturaram numa mesma lenda. Não foi apenas mais um artista da música popular brasileira. Foi “O Artista” com letra maiúscula e toda a auréola que cerca os magistrais.
Gravou discos e se apresentou em programas de rádio e de televisão. Mas também arrebatou multidões para vê-lo tocar em circos e praças de cidades do interior, em cinemas e em clubes. Também deu shows memoráveis em rodas de violeiros e pessoas do interior em noites de lua cheia em sítios e fazendas de amigos e admiradores.
Para ele, tocar sua viola era uma sina. A sina do cantador, a sina do violeiro e ninguém mais do que ele encanou essa sina. E essa lenda. No fértil campo da música popular brasileiras há muitos e muitos músicos de primeira qualidade. Tião Carreiro está na faixa daqueles poucos que estão além de qualquer grau de excelência, pois entraram no espaço mítico da lenda. Para um número grande de pessoas seu nome consta em qualquer lista de três dos maiores músicos brasileiros do século XX. Criou o pagode sertanejo, inventado a partir de seu jeito peculiar de tocar. Na batida do pagode seus dedos desembaraçados fizeram transbordar rios de lágrimas de emoções vertidas no encanto de ouvir o trinado lacerante da sua viola.
Paulo Luna