Instrumentista (pianista). Compositor.
Considerado um dos músicos mais importantes da bossa nova, costumava apresentar-se no Beco das Garrafas, no Rio de Janeiro. Seu piano pode ser ouvido em discos antológicos da década de 1960, como “É samba novo” (Edison Machado) e “Vagamente” (Wanda Sá), ambos relançados em CD em 2001.
Em 1964, gravou seu único disco solo, o LP instrumental “Embalo”, como pianista e arranjador, registrando, entre outras, a faixa-título, de sua autoria. Ao seu lado, os músicos Sérgio Barroso (baixo), Milton Banana (bateria), Rubens Bassini (congas), Celso Brando (violão), Neco (guitarra), Pedro Paulo e Maurílio (trompete), Edson Maciel e Raul de Souza (trombone), Paulo Moura (sax alto), J. T. Meirelles e Hector Costita (sax tenor). Nessa época, atuou com freqüência nas sessões jazzísticas do Clube de Jazz e Bossa, a convite do crítico Ricardo Cravo Albin, que havia sido seu amigo desde a adolescência, no bairro de Laranjeiras, na Zona Sul do Rio de Janeiro.
Atuou com vários artistas, como Lô Borges, Milton Nascimento, Beto Guedes, Nelson Angelo, Joyce e Edu Lobo, entre outros.
Em 1976, viajou para Buenos Aires, acompanhando Vinicius de Moraes e Toquinho em turnê de shows. No dia 18 de março desse mesmo ano, após uma apresentação no Teatro Grand Rex, retirou-se para o Hotel Normandie, onde estava hospedado. Às três horas da madrugada, deixou um bilhete na porta do quarto de Vinicius, que dizia: “Vou sair para comer um sanduíche e comprar um remédio. Volto logo”. Foi levado preso pela rede clandestina da repressão oficial argentina. Torturado durante nove dias, após ter ficado claro o seu não envolvimento com atividades políticas, recebeu um tiro na cabeça. Deixou Carmen Cerqueira Magalhães, sua mulher, grávida e quatro filhos. A quinta criança nasceu um mês após o seu desaparecimento.
Em 2023 foi lançado no Festival do Rio o documentário em animação “Atiraram no pianista”, dos diretores espanhóis Fernando Trueba e Javier Mariscal. O documentário utiliza depoimentos reais sobre Tenório Jr. para reconstituir o personagem e também os acontecimentos que culminaram no desaparecimento do músico em Buenos Aires, na Argentina. Na animação, a história teve o ponto de vista do personagem ficcional Jeff: um, jornalista que está escrevendo um livro sobre a bossa nova mas descobre a história de Tenório e se envolve com ela.
De acordo com a matéria “História de pianista brasileiro desaparecido vira filme de vencedor do Oscar: ‘Uma carta de amor ao Brasil'”, publicada no site do jornal O Globo, em 26 de setembro de 2023, a ideia surgiu em Salvador, enquanto Trueba gravava o documentário “O milagre do Candeal”, sobre a passagem do músico cubano Bebo Valdés pela capital baiana. Foi quando o cineasta tomou conhecimento da história do músico carioca.
Antes de passar na sessão inaugural da 25ª edição do Festival do Rio de cinema o filme foi apresentado fora da mostra competitiva da 71ª edição do Festival de San Sebastián. No filme estão presentes depoimentos – com seus respectivos personagens desenhados – de Caetano veloso, Chico Buarque, Milton Nascimento, João Donato e muitos outros personagens ligados à música brasileira.
Também foram incluídos no documentário o depoimento do americano John Dinges, autor de “Operação Condor”, sobre o terrorismo de Estado internacional na América do Sul e um entrevista de Vinicius de Moraes a uma TV argentina pedindo ajuda para encontrar Tenório que nunca foi ao ar. O Instituto Cultural Cravo Albin foi representado no filme e teve agradecimentos nos créditos.
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014.
COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.