Instrumentista. Arranjador. Compositor. Acordeonista. Violonista. Guitarrista. Pianista. Percussionista. Nasceu numa família de sapateiros e aprendeu a tocar sanfona ainda criança, quando, aos nove anos de idade, ganhou dos pais a primeira sanfona. Em 25 de maio de 2003, voltou para seu Estado natal, Paraíba, e fixou domicílio na cidade de João Pessoa. Faleceu na cidade de João Pessoa no dia 14 de dezembro de 2006, depois de lutar trinta e dois anos contra um câncer que o acometia desde 1968.
A partir de 1939, com apenas 9 anos de idade, começou a apresentar-se profissionalmente no interior nordestino, tocando em festas de casamento e batizados e até em circos. Em 1945, com 15 anos, mudou-se para o Recife a fim de apresentar-se no programa de calouros “Divertimentos Guararapes”, na Rádio Guararapes, na capital pernambucana. Nessa ocasião, apresentou “Tico tico no fubá”, de Zequinha de Abreu e Eurico Barreiros, e “In the mood”, de Garland e Razaf. Sua apresentação chamou a atenção do maestro Nelson Ferreira, que o convidou para apresentar-se no dia seguinte em programa escrito e apresentado por Antônio Maria. Foi contratado pela Rádio Clube de Pernambuco, onde permaneceu por três anos, tocando sozinho ou fazendo parte de regionais. Na mesma época, apresentou-se em shows das Festas da Mocidade, onde ganhou o nome artístico de Sivuca. Em 1948, transferiu-se para a Rádio Jornal do Comércio, onde fez aprendizado de teoria musical com os músicos da orquestra da rádio. Durante três anos estudou harmonia com o maestro Guerra Peixe. Nesse período, fez trilhas sonoras para novelas da Rádio Jornal do Comércio. Em 1949, foi convidado pela cantora Carmélia Alves, que excursionava pelo Recife, para gravar em São Paulo. Na capital paulista foi apresentado a Raul Duarte, que o contratou para a realização de uma temporada de um mês naquela rádio, a qual aconteceria no ano seguinte. Em 1951, gravou seu primeiro disco pela Continental, interpretando, de Zequinha de Abreu, o choro “Tico-tico no fubá”, e de Valdir Azevedo e Bonfiglio de Oliveira, o choro “Carioquinha no Flamengo”. No mesmo ano, acompanhou a cantora Carmélia Alves ao acordeom no pot-pourri “No mundo do baião”, e gravou seu segundo disco, interpretando o “Frevo dos Vassourinhas número 1”, de Matias da Rocha, e o baião “Sivuca no baião”, de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga. O registro contou com o acompanhamento de Canhoto e seu conjunto. Em 1952, gravou os choros “Entardecendo”, de sua autoria, e “Choro baixo”, parceria com Luiz Bandeira. Nesse período, continuou morando no Recife e realizando apresentações na Rádio Record de São Paulo. Em 1953, gravou os baiões “Lancha nova”, de João de Barro e Antônio Almeida, e “Feijoada”, de sua autoria. No mesmo período, continuou a realizar temporadas anuais em São Paulo, apresentando-se em programas especiais na Rádio Record, com regional, ou orquestra sob a regência dos maestros Hervê Cordovil e Gabriel Migliori. Paralelamente, continuou apresentando-se na Rádio Jornal do Comércio do Recife. Em 1955, foi contratado pelos Diários Associados para fazer apresentações na Rádio e na TV Tupi do Rio de Janeiro, lá permanecendo durante três anos. Ainda em 1955, fixou residência no Rio de Janeiro. Nessa época, compôs os baiões “Adeus Maria Fulô” e “Fogo Pagô”, em parceria com Humberto Teixeira, e o antológico choro “Homenagem à Velha Guarda”. Também arranjou e gravou trilhas sonoras para dois filmes de Roberto Farias: “Rico ri à-toa” e “No mundo da lua”. Em 1956, gravou pela Copacabana seu choro “Homenagem à Velha Guarda” e a polca “Pulando num pé só”, de Edvaldo Pessoa. No mesmo ano, gravou, de sua autoria, o samba “Lamento do morro” e o frevo “Carabina”, de Luiz Bandeira. Gravou também o LP “Turma da Gafieira” pela Musidisc. Em 1957, participou do LP “Altamiro Carrilho e sua bandinha na TV”. Teve também dois LPs lançados pela gravadora Copacabana: “Motivo para dançar” e “Motivo para Dançar nº 2 – Sivuca e seu conjunto”. Ainda em 1957, gravou com seu conjunto o bolero “Esmagando rosas”, de Alcir Pires Vermelho e David Nasser. Em 1958, fez sua primeira excursão para a Europa, onde tocou acordeom no grupo “Os Brasileiros”, sob a liderança de Guio de Morais, dentro do projeto de divulgação da MPB no exterior, promovido pela Lei Humberto Teixeira. O grupo, do qual faziam parte também o Trio Irakitan, Abel Ferreira, Dimas e Pernambuco, apresentou-se em temporada de 3 meses de duração com shows no Olympia de Paris, no London Palladium e na Exposição Internacional de Bruxelas. O trabalho resultou no disco “Os Brasileiros na Europa”, lançado pela gravadora Odeon. Em 1959, foi demitido da Tupi por ter aderido a uma greve de reivindicação salarial. Juntou-se então ao grupo Brasília Ritmos, integrado por Valdir Azevedo, Trio Fluminense, Vilma Valéria, Norato, Eliseu, Swing, Edison, Jorge e Tião Marinho. Atuou com este grupo durante 3 meses. No mesmo ano, novamente com o grupo Os Brasileiros, retornou à Europa. Após a excursão não voltou ao Brasil. Foi contratado por uma boate de Lisboa e lá ficou até o ano seguinte. Residiu em Lisboa durante nove meses e, nessa época, gerou o primeiro disco de música Angolana: “Africaníssimo – Sivuca/Duo Ouro Negro” da gravadora Valentim de Carvalho. Gravou também o LP “Vê se gostas”, pela Odeon. Em 1960, apresentou-se na Maison Barclay em Paris. Fixou residência na capital francesa até 1964, apresentando-se em restaurantes e clubes como La Grande Séverine. Em 1962 e 1963, gravou pela gravadora francesa Barclay, dois LPs intitulados “Rendez-vous a Rio”. Com seu conjunto musical, tocou no LP de música brasileira de Marpessa Dawn, a estrela do filme Orfeu Negro, de Marcel Camus. Ganhou o prêmio de melhor músico, concedido pela imprensa francesa. Em 1964, retornou ao Recife. No mesmo ano, seguiu para os Estados Unidos com a cantora Carmen Costa. Lá encontrou dificuldades para arranjar trabalho, tendo realizado bicos e dado aulas de violão. Em 1965, foi convidado pelo marido e também empresário da cantora Miriam Makeba, então gozando de grande popularidade em razão da música “Pata ti pata ta”, para integrar, como guitarrista, o conjunto que a acompanhava. Com Miriam Makeba, que lhe gravou o baião “Adeus Maria Fulô, em parceria com Humberto Teixeira, atuou por quatro anos, tendo passado a dirigir seu conjunto e acompanhado a cantora em excursões pela África, Europa, Ásia e América. O disco de Miriam Makeba, em que ela gravou “Adeus Maria Fulô” não incluía o nome de Humberto Teixeira, o que, por reinvidicação do compositor, passou a constar nas edições posteriores. Nessa época, foi generosamente aplaudido de pé quando se apresentou com Miriam Makeba no Carnegie Hall. Em 1966, viajando para shows com a cantora Miriam Makeba, chegou a Stockholm, onde gravou o LP “Sivuca med Putte Vickman orquester”. No Japão, em 1968, gravou com violão o compacto duplo “Golden Bossa Nova Guitar”, pela gravadora Reprise. Voltou a Stockholm, novamente acompanhando Miriam Makeba e, no mês de janeiro de 1969, gravou dois discos: um deles com o título “Sivuca” e outro chamado “Putte Vickman e Sivuca”. Fez um especial para a inauguração da “Sveriges Television” e convidou para uma participação especial o clarinetista Putte Vickman, mais a cantora Monica Zetterlund. Em 1969, atuou no musical “Joy”, de Oscar Brown e Jean Pace, como diretor musical, instrumentista, compositor e arranjador. O musical permaneceu em cartaz por um ano nas cidades de São Francisco, Chicago e New York. Ainda em 1969, desligou-se do conjunto da cantora e retornou a Nova York. Em 1970, gravou em New York, em stúdio, o musical “Joy”, pela RCA e passou a trabalhar como músico de Harry Belafonte. Tocou violão e sanfona nos shows de Belafonte em diversas partes do mundo, com brilhantes participações nesse trabalho. Permaneceu nessa companhia até julho de 1976. Nessa época, ao lado de Hermeto Pascoal, Flora Purim e Airton Moreira, registrou o LP “Natural Feelings”, pela Buddah Records. Ainda em 1970, apresentou-se na televisão de San Francisco. Em 1971, Harry Belafonte o convidou para arranjar e tocar no especial dele e de Julie Andrews, na TV NBC, na cidade de Los Angeles. Fez uso de violão e sanfona, arranjou para orquestra de cordas, a quatro mãos, com o compositor e arranjador Nelson Riddle, inclusive o arranjo de uma canção escrita para Julie Andrews homenagear Vincent van Gogh. Nesse mesmo ano, participou como violonista nos discos “Astrud Gilberto with Stanley Turrentine” e “Salt Song” de Stanley Turrentine. No mesmo ano, atuou em Chicago. De volta novamente a Nova York, recebeu convite do cantor Harry Belafonte para acompanhá-lo, permanecendo com este cantor até 1975. Em 1972, atuou intensamente no importante LP do cantor americano “Belafonte…Live!”, gravado ao vivo pela RCA, no O´Keefe Centre, em Toronto, Canadá. Realizou, em Nova York, dois discos pela Vanguard. Um deles foi o registro ao vivo de uma temporada de shows no Vilage Gate e outro gravado em Studio, em New York. Estes discos foram lançados em 1973 e 1975. Nessa época, em New York, deixou sua marca de sanfona/voz, no antológico solo improvisado do LP de Paul Simon de 1975. Em 1976, participou do disco de Bette Midler e, também, no LP de Hugh Masekela, além de participações nos discos do baterista brasileiro Dom Um Romão, registrados entre os anos de 1973 e 1976. Ainda em 1973, a convite do produtor americano Guiora, de New York, realizou a trilha sonora de seis filmes de curta metragem para a TV Educativa Americana, sobre Pelé e o futebol brasileiro: “Pelé: O mestre e seu método”, um trabalho que lhe rendeu uma indicação ao Grammy e um prêmio da União Soviética. Em 1975, a Copacabana lançou no Brasil os LPs “Sivuca” e “Live from Village Gate”, lançados originalmente pelo selo americano Vanguard. No LP “Village Gate”, Sivuca interpreta, entre outras, “Adeus Maria Fulô”, de sua autoria e Humberto Teixeira, “Berimbau”, de Baden Powell e Vinícius de Moraes, “Rancho fundo”, de Ary Barroso, e “Marina”, de Dorival Caymmi. De volta ao Brasil, em junho de 1976, passou por Paris e participou do especial de Belafonte e Marcel Marceau, para a TV francesa. Fez, então, seu último trabalho como músico ao lado do ator e cantor de baladas e músicas caribenhas, Harry Belafonte. Em 1977, de volta ao Brasil, apresentou-se no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, no “Projeto Seis e Meia”, juntamente com a violonista Rosinha de Valença, gravando ao vivo na ocasião um disco lançado pela RCA: o LP “Sivuca e Rosinha de Valença”, onde interpretam, entre outras, “Quando me lembro”, de Luperce Miranda; “Tema do boneco de palha”, de Vera Brasil e Sivan Castelo Neto; “Lamento” de Pixinguinha e Vinícius de Morais, e “Asa branca” de Luis Gonzaga e Humberto Teixeira. Esse disco foi eleito um dos cem melhores álbuns do século XX. Entregou no mesmo ano a Chico Buarque uma melodia composta em 1947, nascendo então a única parceria desses dois compositores: “João e Maria”. Fez também o arranjo da composição e a gravou no LP de Nara Leão, “Os meus amigos são um barato” da Philips. A seguir, realizou turnês pelo Brasil, registrou especiais para TVs, gravou em discos de vários cantores e instrumentistas, compôs com diversos parceiros além de fazer arranjos e registrar seus próprios discos. Em 1978, lançou o LP “Sivuca”, no qual interpretou, entre outras, o sambaião “O dia em que El Rey voltou à terra de Santa Cruz”, parceria com Paulinho Tapajós, a upakanga “Mãe África”, em parceria com Paulo Cesar Pinheiro, “Samburá de peixe miúdo”, um arrasta-pé, e a upakanga – um ritmo da África do Sul – “Barra vai quebrando”, ambas em parceria com a mulher Glorinha Gadelha. No mesmo ano, obteve grande sucesso com a composição “João e Maria”, feita em parceria com Chico Buarque e gravada por este e a cantora Miúcha. Também em 1978, fez os arranjos para o LP “Eu Waleska”, da cantora Waleska, no qual teve gravada a música “Passado, presente e amor”, com Glorinha Gadelha, No ano seguinte, fez os arranjos para o LP “Palavras amigas”, da cantora Waleska, que gravou a composição “Comigo só”, com Glorinha Gadelha. Outro grande sucesso de sua autoria, em parceria com a esposa foi “Feira de Mangaio”, na voz da cantora Clara Nunes. Em 1980, lançou o disco “Cabelo de milho”, no qual interpretou, entre outras, “Cabelo de milho”, em parceria com Paulinho Tapajós, “Cantador latino”, com Paulo Cesar Pinheiro, “No tempo dos quintais”, com Paulinho Tapajós, que contou com a participação especial do cantor Fagner, além de “Se te pego na mentira”, em parceria com Glorinha Gadelha. Em 1981 e 1982, escreveu, arranjou e gravou trilhas sonoras para dois filmes e dois álbuns de Renato Aragão: “O forró dos Trapalhões” e “Os vagabundos Trapalhões”. Em 1984 lançou, com Chiquinho do Acordeom, o disco “Sivuca e Chiquinho – Todos os sons”, da PhonoGram, com a participação especial do maestro Radamés Gnattali. Foram gravadas, entre outras, as composições “Pé de moleque” de Radamés Gnattali; “O eterno jovem Bach” de Altamiro Carrilho; “Valsa verde” de Capiba; “Aquariana” do próprio Sivuca e “Rabo de fita”, parceria de Sivuca e Chiquinho do Acordeom. Em 1985, lançou três discos na Suécia: “Som Brasil”; “Rendez-vous in Rio” e “Chicos Bar – Sivuca e Toots Thielemans”, os três pela gravadora Sonet. Ainda em 1985, escreveu sua primeira peça sinfônica, o “Concerto Sinfônico para Asa Branca”, para uma apresentação com a Orquestra Sinfônica do Recife, no Teatro Santa Isabel. Durante anos, aprimorou-se nessa escrita, criando, arranjando e orquestrando para sinfônicas. Com este repertório fez vários concertos com algumas orquestras sinfônicas do Brasil, participou dos CDs das orquestras sinfônicas da Paraíba e do Rio Grande do Norte. Nesse mesmo ano, gravou, em compacto, a música “Coração do povo”, canção tema do IV Centenário da Paraíba, uma composição feita em parceria com Marcus Vinícius. Também em 1985, iniciou um trabalho de destino europeu, realizado no Rio de Janeiro, produzido por Rune Ofwerman para a gravadora sueca Sonet: o LP “Rio de Janeiro Blue”, da cantora sueca Sylvia Vrethammar, também gravou LP “Som Brasil”, o disco “Chico´s Bar” com o gaitista Toots Thielemans, e a gravação ao vivo de um vídeo com Sylvia e Toots realizada no Chico´s Bar, no Rio de Janeiro. Ainda participou do LP “Aquarela do Brasil”, do guitarrista sueco Ulf Wakenius. Em agosto de 1986, durante uma turnê pela Europa com a cantora Sylvia Vrethammar, gravou, em Stockholm, o LP “Let´s vamos” com o duo dos suecos Ulf Wakenius e Peter Almqvist – Guitars Ulimited – mais os brasileiros Luizão Maia no baixo e Fernando Pereira, na bateria, com a participação da compositora Glória Gadelha. O disco foi produzido por Rune Ofwerman para a gravadora Sonet. Continuou a apresentar-se nos palcos europeus, ora com a cantora Sylvia Vrethammar, ora com Glória Gadelha e seu grupo brasileiro, ora com big bands e artistas locais, realizando temporadas em teatros e clubes de jazz. Em 1987, lançou, com o gaitista Rildo Hora, o LP “Sanfona e realejo”, que obteve boa receptividade por parte da crítica especializada, e no qual foram registradas, entre outras, as composições “San Vicente”, de Milton Nascimento e Fernando Brandt; “Doce de coco”, de Jacob do Bandolim; “Os meninos da Mangueira”, de Rildo Hora e Sergio Cabral, e “Sanfona e realejo”, de sua autoria. Ao longo da década de 1980, além da gravação de nove álbuns lançados pela Copacabana Discos, com destaque para “Cabelo de milho”, participou de festivais e shows de diversos estilos musicais, compôs com diversos parceiros, e criou arranjos para cantores brasileiros. Em 1990, lançou o LP “Um pé no asfalto, um pé na buraqueira”, com a participação especial de Rildo Hora e de Glorinha Gadelha, interpretando, entre outras, “Bom e bonito”, de Osvaldinho do Acordeom; “Forró da gente”, de Cecéu; “Guararema”, em parceria com Glorinha Gadelha, e “Quem disse que o forró acabou?”, de Moraes Moreira e Glorinha Gadelha. Em agosto de 1991, no Rio de Janeiro, participou do LP “Tocando o Brasil”, do violinista Jerzy Milewisk, dirigido por Leonardo Bruno. Na Dinamarca, em um stúdio sem platéia, exclusivamente para um programa de rádio, gravou três das suas peças, com a Orquestra Sinfônica de uma emissora de Copenhagen. Única ocasião em que tocou com uma sinfônica constituída fora do Brasil. Em janeiro de 1992, fez, na Dinamarca, o CD “Erik Petersen featuring Sivuca – Music Partner”. Meses depois, regressou à Europa para uma turnê e, de volta ao Brasil, gravou o CD “Pau doido”, que lhe deu outro Prêmio Sharp, com direção musical de Glória Gadelha e produção de Mário de Aratanha, pela Kuarup. Em 1994, reinaugurou o Teatro Desjazet, em Paris, com a participação de Glória Gadelha. Em 1995, apresentou-se na inauguração do Teatro da Cité de la Musique, em Paris. Voltou a Paris em outubro de 1996, para uma semana de show com Baden Powell, no Le Petit Journal. Em 1997, lançou pela Kuarup o CD “Enfim solo”, no qual interpreta composições de Pixinguinha, Luperce Miranda e Johann Sebastian Bach. No mesmo ano fez, juntamente com o compositor e violonista Baden Powell, duas apresentações em Paris, continuando a realizar apresentações no Brasil e no exterior participando de festivais e recebendo a reverência internacional por seu trabalho instrumental, Em 1999, recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal da Paraíba. Em 2000, apresentou-se no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, ao lado da Orquestra Petrobrás Pró Música e do arranjador Wagner Tiso. No ano de 2002, gravou, no Rio de Janeiro, com Dominguinhos e Oswaldinho do Acordeom o CD “Cada um belisca um pouco”, produzido por José Milton, para o selo Biscoito Fino. O repertório foi escolhido na hora e arranjos feitos no próprio estúdio. O disco traz composições como “Maria Fulô” e “Feira de Mangaio”, de sua autoria, além de muitas de autoria de Luiz Gonzaga, resultando numa homenagem natural ao Rei do baião. No mesmo ano, participou de shows em comemoração aos 25 anos de fundação da gravadora Kuarup, com apresentações no Canecão, no Rio de Janeiro, e no Teatro da UFF em Niterói. Já debilitado pela doença que lhe tiraria a vida, o músico realizou, em 2004, o CD “Sivuca sinfônico”, lançado em 2006, pela gravadora Biscoito Fino, em que toca com a Orquestra Sinfônica do Recife, sob a regência do maestro Osman Giuseppe Gioia. O álbum foi gravado no Teatro da Universidade Federal de Pernambuco, entre os dias 21 e 26 de agosto de 2004 e, novamente, homenageia Luiz Gonzaga, com Rapsódia Gonzaguiana e Concerto Sinfônico para Asa Branca, criando variações sobre temas do mestre. O disco também apresenta a recriação de dois de seus clássicos, “João e Maria” e “Feira de Mangaio”, uma peça semi-erudita, também de seu acervo (Aquariana), além de interpretações que vão desde uma peça complexa de Paganini (Moto Perpétuo), até um choro de Luperce Miranda. No mesmo ano, lançou também o CD “Terra Esperança”, pela Kuarup, em que reuniu 11 dos mais representativos grupos de instrumentistas de João Pessoa, incluindo o refinado Quinteto da Paraíba, o JP-Sax, a Brazilian Trombone Ensemble e o conjunto de câmara Quinteto Uirapuru. O disco teve idealização, produção e direção musical de Glória Gadelha. Participaram onze grupos da Paraíba, de formações distintas: camerata, quinteto de cordas, big band, sexteto de trombone, quinteto de sopro, quarteto de sax, quinteto de metais, grupo de jazz, de choro e de forró pé de serra. O show de lançamento do CD foi registrado em DVD. Ainda escreveu os arranjos para o CD “Tinto e Tropical”, de Glória Gadelha e nele registrou o toque da sua sanfona. Com o grupo Uirapuru também dividiu um álbum inteiro em 2004, “Sivuca e Quinteto Uirapuru” (Kuarup), unindo sanfona e cordas, em temas novos e consagrados. Ainda em 2005, foi indicado para cinco categorias do prêmio Tim de Música, vencendo duas: Melhor Arranjador e Melhor Disco Instrumental. Ainda no ano de 2005, o CD “Cada um belisca um pouco”, com Dominguinhos e Oswaldinho do Acordeom, ganhou o Prêmio Tim, concedido aos três músicos. Teve também nova indicação ao Grammy. Em 2006, foi indicado aos prêmios de Melhor Arranjador e Melhor Solista, ambos pelo disco “Sivuca Sinfônico”. Também em 2006, lançou o DVD “O poeta do som”, gravado em 2005 no Teatro Santa Rosa, com direção musical de Glória Gadelha e direção geral de Gal Cunha Lima, no Teatro Santa Roza e Cine Bangüê, na cidade de João Pessoa, lançado pela gravadora Kuarup, em janeiro de 2007. Em 2006, recebeu um prêmio Tim na categoria de melhor solista com o CD “Sivuca Sinfônico”. Em junho desse mesmo ano escreveu o arranjo de “Choro de Cordel”, para sanfona e sinfônica, partitura dedicada ao Maestro Osman Gioia e Orquestra Sinfônica do Recife. Com eles, fez a primeira e única execução dessa partitura no concerto do XXll Congresso Brasileiro de Neurologia, no Centro de Convenções de Pernambuco, em 20 de agosto deste mesmo ano. No mesmo período, ainda, recebeu indicação para o Prêmio Nacional Jorge Amado de Literatura e Arte. Em 08 de novembro deste mesmo ano, foi agraciado com a Ordem ao Mérito Cultural, do Ministério da Cultura do Brasil. Considerado um dos mais importantes nomes da música popular brasileira, seja como instrumentista ou compositor, faleceu, vítima de um câncer na laringe, em João Pessoa, à meia-noite de 14 de dezembro de 2006, no Hospital Memorial São Francisco. Ali fora internado dois dias antes, por agravamento de seu estado clínico, obrigando sua companheira, a compositora e cantora Glorinha Gadelha, a levá-lo para acompanhamento médico hospitalar. Seu corpo foi velado no Parque das Acácias, em João Pessoa. O músico sofria da doença há mais de um ano e, desde então, estava sendo acompanhado por médicos e sua mulher em seu apartamento no bairro de Manaira, em João Pessoa. Considerado pela crítica especializada como o músico responsável por elevar a sanfona, a uma categoria universal, inserindo-a no contexto do jazz e da música sinfônica, na ocasião de sua morte, o Governo da Paraíba e a Prefeitura de João Pessoa decretaram luto oficial de três dias. Por ordem do governador, a secretaria de Segurança preparou honras de Estado durante seu enterro; a Arquidiocese de João Pessoa distribuiu nota assinada pelo arcebispo Dom Aldo Pagotto, afirmando: “A arte brasileira fica sem um de seus maiores instrumentistas, arranjadores e compositores.” As emissoras de rádio de João Pessoa apresentaram programas especiais em sua homenagem, assim como TVs e rádios de todo o país.
Em 26 maio de 2007, dia em que completaria 77 anos de idade, foi homenageado na Sala Baden Powell, em Copacabana, Rio de Janeiro, num show-tributo que reuniu um grupo de sanfoneiros, entre eles: Zé Calixto, o rei da sanfona de oito baixos, Mará, do grupo Forróçacana, e Kiko Horta, fundador do Cordão do Boitatá. Foram interpretados grandes sucessos de Sivuca, entre eles, o forró, “Feira de Mangaio”; o baião “Adeus, Maria Fulô”; o choro “Homenagem à Velha Guarda”; e valsa “João e Maria”. O show também apresentou um teatro de boneco em homenagem ao mestre da sanfona, a cargo do artista circense Fabiano Freitas, além da participação especial do cantor Zé Tobias, grande parceiro do músico paraibano nas décadas de 1950, em Recife, e 1960, no Rio de Janeiro. O espetáculo foi comandado pelo Quinteto Sivuca, formado por Edu Krieger (baixo), Paula Faour (piano), Fábio Luna (bateria), Guga Mendonça (guitarra) e Marcelo Caldi (sanfona). Também em, teve sua música “No tempo dos quintais” (c/Paulinho Tapajós), gravada pelo cantor e compositor Fagner, no CD “Fortaleza”, lançado pela Som Livre.
Em 2009, sua única filha dedicou-se a ultimar os preparativos para a abertura do Projeto Sivuca – Maestro da Sanfona Brasileira. O ArteSivuca, instalado em Copacabana (RJ), prevê um acervo com discografia completa, fotografias, material de imprensa e gravação de shows, com abertura para visitação pública, contando também com disponibilização para pesquisa através da criação de um site. Em 2011, foi homenageado no Rio de Janeiro, em dois shows no Centro Cultural do Banco do Brasil. As apresentações, ambas realizadas por orquestras da Pro Arte (de sopro e de flautistas), contaram com arranjos novos criados para suas composições mais famosas, entre as quais “João e Maria”, parceria sua com Chico Buarque; e “Feira de Mangaio”, parceria com Glorinha Gadelha. Na mesma época, também no Rio de Janeiro, foi homenageado com show do Quinteto Sivuca, que tocava com ele, e em um encontro de Sanfoneiros.
Em 2015, no site youtube.com, foi publicado uma apresentação sua, cujo registro estava perdido, realizada em 1969, uma rede de TV sueca. No programa, apresentado por Arne Wise, apareceu por cerca de meia hora, tocando violão e acordeom, passeando por um repertório de bossa nova e jazz.
Em 2018, foi homenageado na cidade sergipana de Itabaiana, com o festival anual ganhando o nome de “Festival de Jazz e Blues Sivuca”.
No mesmo ano, sofreu tentativas de agressão de cunho racista em uma apresentação na Suécia. Na ocasião, sofreu perseguição por aparecer no palco ao lado de negros.
(Trilha sonora musical-Oscar Brown Jr/Jean Pace/Sivuca)
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014.
FUSCALDO, Chris. Discobiografia Mutante: Álbuns que revolucionaram a música brasileira. Rio de Janeiro: Editora Garota FM Books, 2018. 2ª ed. Idem, 2020.
KOIDIN, Julie. Os Sorrisos do Choro – Uma jornada musical através de caminhos cruzados. São Paulo: Global Choro Music, 2011.