
Compositor. Cantor.
Nasceu no subúrbio de Madureira.
Filho do mato-grossense, professor e pastor protestante José Mário de Assumpção) e de fluminense Jordalina de Oliveira de Assumpção, moradores da Rua Guaxima, em Vaz Lobo.
Foi professor e trabalhou na escola fundada por seu pai, “Colégio Assumpção”, na Avenida Marechal Rangel, número 553, hoje Avenida Edgard Romero. O nome da escola foi dado em homenagem a um político muito popular na época, benfeitor daquela área.
Faleceu enquanto apresentava dois de seus mais famosos sambas-enredo no Clube ASA, em Botafogo, bairro do Rio de Janeiro, em roda de samba promovida pelo também compositor Mauro Duarte. Foi velado na Associação de Escolas de Samba. Na ocasião do enterro, o presidente da Portela, Natal da Portela (Natalino José do Nascimento), sugeriu que fosse cantado seu samba “Heróis da Liberdade”, que passou a ser executado em funerais de sambistas.
Seu nome foi dado a principal rua da comunidade do Morro da Serrinha: “Rua Compositor Silas de Oliveira”, no morro que divide os subúrbios de Vaz Lobo e Madureira.
No ano de 2014, o viaduto que faz a ligação entre os dois lados da linha do trem de Madureira, no qual transita o BRT (ônibus especial articulado), foi nomeado de Viaduto Silas de Oliveira.
Escondido de seu pai, frequentava as rodas de samba e de jongo ao lado de Rufino, Mestre Fuleiro, Olímpio Navalhada, Aniceto do Império e Mano Elóy, este último pai-de-santo e jongueiro respeitado.
Em 1934 compôs, com Mano Décio da Viola, o primeiro samba intitulado “Meu grande amor”. Por essa época, Mano Décio Viola o levou para a escola de samba Prazer da Serrinha, que posteriormente, em 1947, se tornaria o Grêmio Recreativo e Escola de Samba Império Serrano. Começou tocando tamborim e passou a ser diretor de bateria. Seu primeiro samba para escola foi “Sagrado amor” (c/ Manula).
Na década de 1940 corrigia os erros nas letras dos sambas que os compositores da escola mandavam para as pastoras aprender a cantar.
Com Mano Décio da Viola compôs o samba-enredo “Conferência de São Francisco”, em 1945.
Em 23 de março de 1947, juntamente com Mano Décio da Viola, Fuleiro, Rufino, Sebastião de Oliveira, entre outros, fundou o Grêmio Recreativo e Escola de Samba Império Serrano. Aprendeu com o diretor de harmonia na época, Antônio dos Santos – O Mestre Fuleiro -, a tocar tamborão (versão grande do tamborim).
Em 1950 o Império Serrano desfilou com o samba-enredo “Batalha Naval do Riachuelo” (c/ Mano Décio da Viola, Molequinho e Penteado). No ano seguinte, em 1951, o samba “Sessenta e um Anos de República” (c/ Mano Décio da Viola), inspirado em Getúlio Vargas, classificou a escola em primeiro lugar no desfile.
No ano de 1953 com a composição “O Último Baile da Corte Imperial – Ilha Fiscal”, em parceria com Waldir Medeiros, a escola classificou-se em segundo lugar. No ano posterior, em 1954, o Império Serrano desfilou com o samba enredo “O Guarani”, de sua autoria em parceria com Mestre Fuleiro e João Fabrício.
Em 1955 a escola desfilou com a composição, de sua autoria, “Exaltação a Duque de Caxias”, parceria com Mano Décio da Viola e João Fabrício. Neste mesmo ano, teve a primeira música, “Rádio patrulha” (c/ J. Dias e Marcelino Ramos), gravada por Heleninha Costa, em 78 rpm, pela Copacabana. A composição fez sucesso no carnaval de rua neste mesmo ano e ainda no carnaval do ano posterior.
Em 1956 seu samba-enredo “O Caçador de Esmeraldas” (c/ Mano Décio da Viola) classificou a escola em primeiro lugar.
No ano de 1957 “D. João VI”, samba enredo de sua autoria em parceria com Mano Décio da Viola e Penteado, classificou a Império Serrano em segundo lugar no desfile daquele ano.
Em 1960 o samba “Medalhas e Brasões” (c/ Mano Décio da Viola) dividiu o primeiro lugar com outros quatro sambas.
No ano de 1964 compôs para o Império Serrano o samba enredo “Aquarela Brasileira”, obtendo para a escola o quarto lugar no desfile, sendo este o seu maior sucesso e um dos sambas mais executados de todos os tempos. No ano seguinte, tirou novamente o quarto lugar com “Os cinco bailes da corte” (c/ Dona Ivone Lara e Bacalhau). No mesmo ano, fez parte do grupo “Samba Autêntico”.
Em 1966 com o samba “Exaltação à Bahia” em parceria com Joaci Santana, alcançou o terceiro lugar no desfile oficial. No ano seguinte, ainda de parceria com Joaci Santana, obteve o segundo lugar com o samba “São Paulo, chapadão da glória”. Neste mesmo ano de 1967 Elizete Cardoso no disco “Viva o samba!”, lançado pela gravadora Copacabana, interpretou de sua autoria “Meu drama” (c/ Joaquim Laurindo).
Em 1968 o samba “Pernambuco, Leão do Norte” conseguiu o segundo lugar. Este samba, aliás, foi gravado nos Estúdios do MIS (Museu da Imagem e do Som), pelo próprio Silas de Oliveira no LP “As escolas cantam seus sambas de 1968 para a posteridade”, sendo este o primeiro disco que reuniu todos os sambas das escolas em um mesmo ano, produzido pelo então diretor do Museu da Imagem e do Som, Ricardo Cravo Albin, para a própria instituição. Neste mesmo ano compôs com Walter Rosa o samba “Legados de Getúlio Vargas”, para a peça “Dr. Getúlio, sua vida, sua glória”, de Ferreira Gullar e Dias Gomes, encenada no Teatro Leopoldina em Porto Alegre, sob a direção de José Renato.
O ano de 1969 foi o último em que a escola desfilou com um samba seu, “Heróis da liberdade” (c/ Mano Décio da Viola e Manoel Ferreira)
, gravado posteriormente por Elza Soares com sucesso.
Em 1990, no LP “Felicidade”, Neguinho da Beija-Flor incluiu de sua autoria “Aquarela brasileira” e “Os cinco bailes da história do Rio” (c/ Ivone Lara e Bacalhau).
Em 1996 em CD lançado pelo selo Atração Fonográfica o cantor Renato Braz interpretou de sua autoria “Meu drama”, música em parceria com Joaquim Laurindo.
No ano de 2002 Martinho da Vila incluiu “Heróis da liberdade” em seu novo disco “Voz e coração”, lançado pela gravadora Sony Music. Neste mesmo ano Dudu Nobre no disco “Chegue mais” interpretou também “Meu drama”.
Lançado no ano de 2011 pelo Selo Discobertas, do pesquisador Marcelo Fróes em convênio com o Selo ICCA (Instituto Cultural Cravo Albin), o box “100 Anos de Música popular Brasileira” é integrado por quatro CDs duplos, contendo oito LPs remasterizados. Inicialmente os discos foram lançados no ano de 1975, em coleção produzida pelo crítico musical e radialista Ricardo Cravo Albin a partir de seus programas radiofônicos “MPB 100 AO VIVO”, com gravações ao vivo realizadas no auditório da Rádio MEC entre os anos de 1974 e 1975. Beth Carvalho participou do CD volume 7 regravando o samba “Heróis da liberdade” (Silas de Oliveira, Mano Décio da Viola e Manuel Ferreira).
De 1950 até a sua morte, compôs 14 sambas-enredo para o Império Serrano, fazendo com que a escola obtivesse várias colocações com seus sambas.
No ano de 2015 o cantor Luiz Henrique prestou-lhe homenagem com o CD “O Império de Silas, ao grande mestre do samba Silas de Oliveira”, o primeiro trabalho a reunir uma parte significativa da obra do compositor da Escola de Samba Império Serrano. Com produção artística e musical de Thiago da Serrinha e Julio Florindo, no disco foram incluídas de autoria de Silas de Oliveira as faixas “O Império tocou reunir” (c/ Mano Décio da Viola); “Calamidade”; “Caçador de esmeraldas” (c/ Mano Décio da Viola); “Heróis da liberdade” (c/ Mano Décio da Viola e Manoel Ferreira), com participação especial de Jorginho do Império; “Os cinco bailes da história do Rio” (c/ Dona Ivone Lara e Bacalhau); “Pernambuco, Leão do Norte”, com participação especial de Alex Ribeiro; “Meu drama” (c/ J. Ilarindo); “Desprezado” (c/ Mano Décio da Viola); “Me leva” (c/ Anísio Silva e José Garcia); “Amor aventureiro” (c/ Mano Décio da Viola); “Rádio Patrulha” (c/ Luizinho, J. Dias e Marcelino Ramos); “A Lei do Morro” (c/ Mestre Fuleiro), com participação especial de Silas Júnior; “Aquarela brasileira” e “Apoteose ao samba” (c/ Mano Décio da Viola), com a participação especial da Velha-Guarda Show do Império Serrano. O disco foi lançado em show no Centro Cultural Memórias do Rio, na Lapa, centro boêmio do Rio de Janeiro.
Entre seus intérpretes estão Roberto Ribeiro, Martinho d aVila, Jorginho do Império, Elizeth Cardoso, Dudu Nobre e Elza Soares, além de seu parceiro mais constante, Mano Décio da Viola.
(vários)
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