Violeiro. Agricultor e marceneiro, nasceu e foi criado na Fazenda Santa Cruz, em Porto de Manga, MG. Seus pais o entregaram para ser criado pela patroa, que costumava pontear viola. Aprendeu a tocar viola com ela, e também ouvindo outros violeiros, já que nunca frequentou escola. Ainda criança, começou a acompanhar e, depois, a guiar folias. Tornou-se especialista nos estilos Rio Abaixo e Inhuma Brôca. Conheceu o violeiro Paulo Freire que passou várias temporadas em sua casa e que com ele aprendeu vários segredos da viola.
Tocando viola desde criança em festas rurais e folias de reis, em 1977, conheceu o violeiro Paulo Freire, que passou várias temporadas em sua casa e a quem ensinou vários segredos da viola. Em 2006, teve gravado seu primeiro CD, “Urucuia”, produzido pelo violeiro Paulo Freire. O disco contou ainda com as participações do próprio Paulo Freire, na viola, Adriano Busko, na percussão, Zé Esmerindo, no violão e voz, e Thomas Rohrer, na rabeca. Nesse disco o mestre toca composições de sua autoria, como “A corrida do sapo e do veado”, “Jaca”, e “Toque do papagaio”. No mesmo ano, apresentou-se no Espaço Cultural CPFL, em Campinas, juntamente com Paulo Freire, interpretando o repertório do CD e contando casos de sua região, como a famosa lenda do pacto com o diabo. No encarte do CD, Paulo Freire assim escreveu: “A música de Mestre Manelim é considerada a trilha sonora do grande sertão de Guimarães Rosa”. Em 2007, participou, juntamente com os violeiros Paulo Freire, Roberto Corrêa , Toninho da Viola, Andréia Carneiro, e Cacai Nunes, do show “Viola Instrumental: Ponteados Ancestrais e Contemporâneos”, realizado CAIXA Cultural em Brasília. Nesse espetáculo, interpretou em dueto com Paulo Freire, as composições “Brincando com a viola”, de sua autoria e “Recordação”, de domínio público; e sozinho, interpretou “Inhuma Brôca”, de sua autoria, além de tocar, com todos os outros participantes do espetáculo, a toada “Luar do sertão”, de Catulo da Paixão Cearense, e “Arara comeu pequi”, de domínio público.
Lançou postumamente, pelo Selo Sesc, em 2024, o álbum “Deixa a viola me levar”, produzido pelo poeta Paulo Freire e pelo violeiro Cacai Nunes. O trabalho reuniu 17 gravações inéditas, feitas em locais diferentes, das quais 15 eram composições de Manelim: “Deixa a viola me levar”, “Pica pau”, “Lundu em rio abaixo”, “Cobra mais a onça”, “Grilo”, “Caminho da roça”, “Três coisas”, “Mazurca”, “Conselheiro”, “Toque do rio abaixo”, “Lundu da Taboca”, “Inhuma”, “Siriema”, “Papagaio” e “Enfuzad”. “Toada de reis “ e “São Gonçalo” eram de domínio público. Algumas foram gravadas em 2002, outras em 2010 e outras em 2012.