5.001
Nome Artístico
Sergio Ricardo
Nome verdadeiro
João Lutfi
Data de nascimento
18/6/1932
Local de nascimento
Marília, SP
Data de morte
23/7/2020
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Compositor. Cantor. Instrumentista. Cineasta. Artista plástico.

Descendente de libaneses. Cresceu em um ambiente musical, ouvindo seu pai tocar alaúde e sua mãe cantar. Em 1940, ingressou no Conservatório de Música de Marília, São Paulo, para estudar piano e teoria musical. Seis anos depois, mudou-se com a família para a capital. Nessa época, costumava tirar de ouvido as harmonias de música popular. Em 1949, transferiu-se para Santos, onde trabalhou na ZYH-3, Rádio Cultura de São Vicente, como discotecário, locutor, operador de som e redator de textos. Atuou também como pianista na boate Recreio Prainha.

Dados artísticos

Em 1950, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como locutor na Rádio Vera Cruz. Ainda nesse ano, iniciou sua carreira profissional, como pianista de casas noturnas. Cursou a Escola Nacional de Música. Estudou com o Maestro Guerra Peixe (harmonia, contraponto e orquestração) e com o Maestro Ruffo Herrera (música aleatória). Ainda em 1950, conheceu Tom Jobim, vindo a substituí-lo como pianista da Boate Posto 5, quando o compositor foi convidado para trabalhar como arranjador contratado da gravadora Continental.

Em 1952, começou a compor e a cantar, ainda se apresentando como João Mansur (sobrenome materno). Trabalhou durante oito anos como pianista da casa noturna Chez Colbert, onde entrou em contato com a música portuguesa. Nesse espaço, começou a cantar canções de Dorival Caymmi, Tito Madi e Lucio Alves. Ainda em 1952, foi convidado para fazer um teste de ator para o filme “A caminho da vitória”. Ganhou o papel, mas a companhia pegou fogo e o filme não foi realizado. A experiência, entretanto, despertou-lhe o gosto pelo trabalho de ator.

Em meados da década de 1950, viajou para São Paulo para participar de um programa da TV Tupi, acompanhando ao piano um primo que tocava gaita de boca. Nessa ocasião, foi convidado para fazer um teste para ator. Aprovado, foi contratado pela emissora com o nome de Sérgio Ricardo e passou a dividir-se entre a televisão e a música.

Trabalhou no “Grande Teatro Tupi” (RJ) e na “TV de Vanguarda” (SP), além de ter atuado como redator, ator e cantor do programa “Balada” da TV Continental (RJ). Mais tarde, foi contratado pela TV Rio como galã de novelas. Nessa emissora, atuou na montagem do teleteatro semanal “Estúdio B”, ao lado de grandes atores da época, e no programa “Noite de Gala”.

Seu primeiro registro fonográfico foi uma participação como pianista no disco “Dançante nº 1”, lançado pela gravadora Continental. Em seguida, foi levado por Sylvinha Telles para mostrar suas composições a Aloysio de Oliveira, na gravadora Odeon. O diretor musical achou sua obra muito avançada, não compatível com o mercado, e sugeriu que o compositor atuasse em trilhas sonoras para cinema.

Seu trabalho de compositor foi registrado pela primeira vez pela cantora Maysa, que gravou “Buquê de Isabel”. Nessa época, teve despertado seu interesse pelo violão ao ouvir João Gilberto tocar.

Gravou seu primeiro disco na RGE como intérprete das canções de Nazareno de Brito “Vai jangada” e “Bronzes e cristais” (c/ Alcir Pires Vermelho). Em seguida, lançou um outro 78 rpm, em que registrou pela primeira vez uma música de sua autoria: “Cafezinho”.

Apresentado ao pessoal da bossa nova por Miele, participou, em 1958, do show realizado no Grupo Universitário Hebraico e, no ano seguinte, do I Festival de Samba Session realizado no Teatro de Arena da Faculdade de Arquitetura da UFRJ.

Em 1960, gravou o LP “A bossa romântica de Sérgio Ricardo”, lançado pela Odeon, com destaque para sua canção “Pernas”.

Obteve muito sucesso, em seguida, com sua composição “Zelão”, que já apresentava uma ruptura com a temática “amor, sorriso e flor” da bossa nova.

Em 1962, viajou para os Estados Unidos, convidado pelo Itamaraty, para representar o Brasil no Festival de Cinema de São Francisco, classificando em 2º lugar o curta-metragem “O menino da calça branca”, fotografado por seu irmão, Dib Lufti, e montado por Nélson Pereira dos Santos. Participou no filme como roteirista, diretor, autor da trilha sonora e ator. Ainda nesse ano, participou do histórico “Festival de Bossa Nova”, realizado no Carnegie Hall de Nova York (EUA), ao lado de Carlos Lyra, Tom Jobim, Roberto Menescal, João Gilberto e Sergio Mendes, entre outros. Apresentou-se, voz e violão, com suas canções “Zelão” e “Nosso olhar”. Foi, também, encarregado pela revista “O Cruzeiro” para cobrir o evento.

Permaneceu durante oito meses nos Estados Unidos, apresentando-se em boates como o Village Vanguard, onde atuou ao lado de Herbie Mann. Em seguida, foi convidado para uma temporada de quinze dias na Riviera Francesa.

Em 1963, retornou ao Brasil, ligando-se ao Centro Popular de Cultura da União Brasileira dos Estudantes (CPC da UNE) através de Chico de Assis. Começou, nessa época, a participar do cinema novo, trabalhando uma temática social predominantemente nordestina. Ainda nesse ano, dirigiu o longa-metragem “Esse mundo é meu”, que contou com fotografia de Dib Lufti, montagem de Ruy Guerra e trilha sonora de sua autoria. Também em 1963, compôs (c/ Gláuber Rocha), escreveu os arranjos e interpretou, ao estilo dos cantadores nordestinos, a trilha sonora, lançada em disco, de “Deus e o diabo na Terra do Sol”, filme de Gláuber Rocha. Ainda nesse ano, gravou o LP “Um senhor talento”, lançado pela Elenco.

Em 1964, viajou para o exterior, convidado pelo governo brasileiro para participar dos festivais de cinema do Líbano e de Gênova com “Esse mundo é meu”. O filme foi premiado no Festival de Cinema do Líbano e recebeu destaque na revista francesa “Cahiers du cinema”. Nesse ano, filmou no Líbano o média-metragem “O pássaro da aldeia” (“Taire in Caire”), produzido para o governo daquele país.

Voltou para o Brasil em 1965 e estreou, no Teatro de Arena de São Paulo, o show “Esse mundo é meu”, com roteiro e direção de Chico de Assis, e a participação de Toquinho (violão) e Manini (atabaque). Ainda nesse ano, atuou como compositor e arranjador da trilha sonora de “Terra em transe”, filme de Gláuber Rocha, e compôs as músicas de “O coronel de Macambira”, peça teatral de Joaquim Cardoso.

Em 1967, gravou “A grande música de Sérgio Ricardo”, LP lançado pela Philips. Nesse mesmo ano, participou do II Festival de Música Popular Brasileira (TV Record), classificando a canção “Beto bom de bola”. Na reapresentação das finalistas, foi impedido de cantar sua música pelas vaias do público presente. Tentou dizer algumas palavras, mas não conseguiu se fazer ouvir. Foi desclassificado do evento, após quebrar seu violão e atirá-lo sobre a platéia.

Participou ainda de outros festivais de música, como a Bienal do Samba no Rio de Janeiro, com “Luandaluar”, o Festival da TV Excelsior de São Paulo, com “Girassol”, o Festival Internacional da Canção, com “Canto do amor armado”, classificada entre as 10 finalistas, e o Festival de Música Popular Brasileira (TV Record, 1968) com “Dia da graça”, classificada em 5º lugar. Representou o Brasil no Festival da Canção de Protesto da Bulgária, onde suas músicas foram interpretadas por Geraldo Vandré.

Em 1968, apresentou-se no Teatro de Arena de São Paulo com o show “Sérgio Ricardo e a praça do povo”, escrito com Chico de Assis e dirigido por Augusto Boal. Ainda nesse ano, escreveu o roteiro musical para a peça de Ariano Suassuna “O auto da compadecida”, levada ao cinema sob a direção de George Jonas.

Em 1970, lançou o longa-metragem “Juliana do amor perdido”, cujo roteiro foi escrito em parceria com Roberto Santos. O filme contou com fotografia colorida de Dib Lufti e foi apresentado pela primeira vez no Museu de Arte Moderna (RJ). Ainda em 1970, gravou o LP “Arrebentação”, lançado no ano seguinte pela Equipe.

Lançou, em 1973, o LP “Piri, Fred, Cássio, Franklin e Paulinho Camafeu com Sérgio Ricardo” e, no ano seguinte, o LP “A noite do espantalho”, trilha sonora de seu filme homônimo rodado em Nova Jerusalém (PE), ambos pela gravadora Continental.

Em 1975, lançou o LP “Sérgio Ricardo”.

Em 1979, gravou “Do lago e cachoeira”, LP também lançado pela Continental.

No ano seguinte, participou do Festival de Varadero em Cuba, ao lado de Chico Buarque, e lançou um LP com Geraldo Vandré.

Em 1983, o Museu da Imagem e do Som de São Paulo realizou a “Semana Sérgio Ricardo”, apresentando filmes, pinturas, discos, livros e espetáculos de sua autoria.

Compôs, com Ziraldo, a trilha sonora de “Flicts”, lançada em disco com o Quarteto em Cy e o MPB-4. Compôs e escreveu os arranjos da trilha sonora de “Estória de João-Joana”, cordel de Carlos Drummond de Andrade, gravada pela Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal do Rio de Janeiro e lançada em disco, em 1985.

Compôs trilhas musicais de vários filmes de curta-metragem como “Traço e cor”, “Voz do poeta” e “O espetáculo continua”, entre outros.

Em 1994, apresentou-se em Angola, Guiné Bissau e Lisboa, onde gravou um disco com músicas africanas, portuguesas e brasileiras.

Dois anos depois, foi contemplado com o Prêmio Candango do Festival de Brasília, pela autoria da trilha sonora de “O lado certo da vida errada”, filme de Otávio Bezerra.

Compôs as trilhas musicais da minissérie “Zumbi dos Palmares” (1996) e da novela “Mandacaru” (1997), ambas realizadas pela TV Manchete.

Em 1999, o espetáculo “Estória de João-Joana”, encenado no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, marcou sua volta à cena artística. O musical contou com a participação de Chico Buarque, Elba Ramalho, Alceu Valença, Telma Tavares e Zélia Duncan. Esse elenco revezou-se, na segunda parte do espetáculo, interpretando os maiores sucessos do compositor. O show foi gravado posteriormente nos estúdios da Rádio MEC, para constituir um CD lançado em 2000 pelo selo Rádio MEC.

Lançou, em 2001, o CD “Quando menos se espera”.

Dirigiu, para a Prefeitura de Niterói, o projeto “Palco Livre, realizado durante dois anos na Lona da Cantareira.

Em abril de 2005, inaugurou, na Villa Riso (RJ), a exposição “Transparência”, com suas pinturas mais recentes.

Embora trabalhe geralmente sem parceiros, compôs algumas músicas para letras de outros autores. É autor de uma única letra para música de outro compositor: “Canto de boiadeiro” (c/ Bororó Felipe).

Publicou os livros “Quem quebrou meu violão” (Editora Record, 1991), um ensaio sobre a cultura brasileira no período 1940-1990, e “Elas”, uma coletânea de suas poesias.

Em 2011, foi tema da matéria “Retrato do artista de mil cordas”, assinada por Mônica Sinelli, e ilustrou a capa da “Revista Carioquice” (edição outubro/novembro/dezembro), publicada pelo Instituto Cultural Cravo Albin.

Em 2012, marcando a abertura dos eventos comemorativos de seu 80º aniversário, o Instituto Cultural Cravo Albin inaugurou a exposição “Sergio Ricardo – 80 anos”, com curadoria e concepção de Marina Lufti e Maíra Abrahão, e direção geral de Bete Calligaris e Ivan Fontes. Nessa oportunidade, recebeu ainda o Diploma Tenório Júnior, do Clube de Jazz e Bossa, do mesmo instituto. Nesse mesmo ano, apresentou, em Brasília, o cordel de Carlos Drummond de Andrade “Estória de João Joana”, musicado por ele, ao lado de João Gurgel, Marina Lutfi, Elba Ramalho, Alceu Valença e Geraldo Azevedo. Ainda em 2012, participou do projeto “MPB na ABL”, realizado no Teatro Raimundo Magalhães Jr. da Academia Brasileira de Letras (RJ), dentro da série “MPB na ABL”, sendo apresentado e entrevistado em cena por Ricardo Cravo Albin.

Sobre sua obra, escreveu Chico de Assis: “De Buquê de Isabel a Zelão, de Zelão a Conversação de paz, fica azoando um bordão permanente nas coisas de Sérgio. Uma vida melhor para o homem, paz em canto ferro e música para a humanidade. O poder do verso e da música feito ferramenta de um futuro mais digno para a condição humana.”.

Em 2019 aos 87 anos, após período sem apresentações, se apresentou em show idealizado por seus filhos cantores Marina Lutfi, Adriana Lutfi e João Gurgel, com participações dos músicos Lui Coimbra, Marcelo Caldi e Alexandre Caldi. O espetáculo denominado “Cinema na música” ocorreu no Teatro Municipal da cidade de Niterói (RJ) e originou CD e DVD, marcando a despedida dos palcos do cantor. Também participaram Alceu Valença, Geraldo Azevedo, João Bosco, Zé Renato, Antônio Pitanga e Jards Macalé.

Em 2020, após contrair Covid-19 e se recuperar, sofreu uma unsuficiência cardíaca e faleceu aos 88 anos. 

 

Discografias
2019 Biscoito Fino CD Cinema na música ao vivo
2019 Biscoito Fino DVD Cinema na música ao vivo
2001 Niterói Discos CD Quando menos se espera
2000 Rádio MEC CD Estória de João-Joana
1985 Trinca Produções LP Estória de João-Joana. Cordel musical de Carlos Drummond de Andrade e Sergio Ricardo
1980 PolyGram LP Flicts. De Ziraldo e Sergio Ricardo. Quarteto em Cy e MPB-4
1980 Continental LP Sérgio Ricardo e Geraldo Vandré
1979 Continental LP Do lago à cachoeira
1977 Marcus Pereira Compacto simples Ponto de partida
1975 RCA Victor LP Sergio Ricardo-MPB Espetacular
1974 Continental LP A noite do espantalho

(Trilha sonora do filme)

1973 Continental Compacto simples Mágoas/Adriana
1973 Continental LP Piri, Fred, Cássio, Franklin e Paulinho de Camafeu com Sergio Ricardo
1971 Equipe LP Arrebentação
1968 Beverly Compacto simples Aleluia (Che Guevara não morreu)/Antônio das Mortes (Deus e o Diabo na Terra do Sol)
1968 RCA Victor Compacto simples Dia da Graça/Canto do amor armado
1967 Philips LP A grande música de Sérgio Ricardo
1967 Philips Compacto simples Sou pobre, pobre
1966 Philips Compacto simples Quando vem dia primeiro/Samba de enredo
1965 Forma LP Esse mundo é meu

(Trilha sonora do filme)

1963 Forma LP Deus e o diabo na Terra do Sol

(Trilha sonora do filme)

1963 Elenco LP, CD Um senhor talento
1961 Odeon LP Depois do amor
1960 Odeon LP A bossa romântica de Sérgio Ricardo
1958 Todamérica 78 Ausência de você/O nosso olhar
1958 Todamérica LP Dançante nº 1
1958 Todamérica 78 Poema azul
1958 RGE 78 Rosa do mato
1957 RGE 78 Cafezinho
1957 RGE 78 Vai jangada/Bronzes e cristais
Obras
200 milhas
A busca (c/ Ziraldo)
A caixa de lápis de cor (c/ Ziraldo)
A canção do arco-íris (c/ Ziraldo)
A fábrica
A lei de seu mandamento (c/ Carlos Drummond de Andrade)
A lua e Flicts (c/ Ziraldo)
A modinha da lua (c/ Ziraldo)
A mãe (c/ Gláuber Rocha)
A noite do espantalho
A pena e o penar
A praça é do povo (c/ Gláuber Rocha)
A procura (c/ Gláuber Rocha)
Abertura de Deus e o diabo na terra do sol (c/ Gláuber Rocha)
Abertura de O Coronel de Macambira (c/ Joaquim Cardoso)
Aboio de chamamento
Adriana
Aleluia
Além do mais
Amazonas
Amor ruim
Analfaville
Antonio das Mortes (c/ Gláuber Rocha)
Apenas do saco, a embira (c/ Carlos Drummond de Andrade)
Arrebentação
Ausência de você
Baião da moringa
Barravento
Beira do cais
Berimbau
Beto bom de bola
Bezerro de ouro
Bichos da noite (c/ Joaquim Cardoso)
Boi fantasia
Briga de faca
Brincadeira de Angola (c/ Chico de Assis)
Bumba meu boi bumbá
Buquê de Isabel
Cacumbu
Cafezinho
Calabouço
Canto americano
Canto de boiadeiro (c/ Bororó Felipe)
Canto vadio
Cantochão
Canção do amor armado
Canção do espantalho
Caso de muito ensino (c/ Carlos Drummond de Andrade)
Chorinho de barbearia
Condição feminina (c/ Carlos Drummond de Andrade)
Contra a maré
Conversação de paz
Corisco (c/ Gláuber Rocha)
De Minas ao Piauí (c/ Carlos Drummond de Andrade)
Deus de barro
Dia da graça
Discurso de Sebastião (c/ Gláuber Rocha)
Do lago à cachoeira
Do morro à matriz
Duas vezes escrava (c/ Carlos Drummond de Andrade)
Dulce negra
Em favor e graça (c/ Carlos Drummond de Andrade)
Emília
Enquanto a tristeza não vem
Era uma vez uma cor (c/ Ziraldo)
Espécie espacial
Esse mundo é meu (c/ Ruy Guerra)
Estória de João-Joana (c/ Carlos Drumond de Andrade)
Fantasia de alegria
Festa do mutirão
Flicts (c/ Ziraldo)
Fogo no agreste (c/ Carlos Drummond de Andrade)
Folha de papel
Frases curtas (c/ Ziraldo)
Fé na Terra
Gente do miserê (c/ Carlos Drummond de Andrade)
Girassol
História que se conta
Jogo de dados
Juliana do amor perdido
Juliana rainha do amor
Labirinto
Lampião (c/ Gláuber Rocha)
Luaceiro
Luandaluar
Lá vem pedra
Macauã
Manhã
Manoel e Rosa (c/ Gláuber Rocha)
Martelo à bala e facão
Menino da calça branca
Menino pássaro (c/ Gianfrancesco Guarnieri)
Meu nome é Zé do Cão
Miguel Vasca
Minha vizinha (A vizinha)
Monólogo (c/ Gláuber Rocha)
Mundo velho sem porteira
Mutirão
Mágoas
Máxima culpa
Na moita
Noite de Maria
Não gosto mais de mim
O Coronel de Macambira
O nosso olhar
Olá
Palmares (c/ Capinan)
Parada com sertanejo (c/ Carlos Drummond de Andrade)
Pena e penar (Caminhos do mar)
Pernas
Perseguição (c/ Gláuber Rocha)
Poema azul
Ponto de partida
Por aí afora (c/ Élton Medeiros)
Por força da natureza (c/ Carlos Drummond de Andrade)
Prece (c/ Gianfrancesco Guarnieri)
Predador
Pregão (c/ Carlos Diegues)
Princesa Isabel
Puladinho
Pé na estrada
Quando menos se espera
Quando vem dia primeiro
Quando volta a primavera (c/ Ziraldo)
Quem sabe o mar (c/ Ziraldo)
Relógio da saudade
Reza de Corisco (c/ Gláuber Rocha)
Rosa do mato (c/ Geraldo Serafim)
Sebastião (c/ Gláuber Rocha)
Sem mentira (c/ Carlos Drummond de Andrade)
Semente
Sertão vai virar mar (c/ Gláuber Rocha)
Sexta-feira treze
Sina de Lampião
Solidão de Flicts (c/ Ziraldo)
Sou pobre, pobre
Sumindo, sumiu (c/ Ziraldo)
São Jorge (c/ Gláuber Rocha)
Só eu sei
Tamborim de carnaval
Tarja cravada
Tema de posse (Noite de luar)
Terezinha de Jesus
Toada de ternura (c/ Thiago de Melo)
Tocaia
Três-D
Tudo no mundo tem cor (c/ Ziraldo)
Tulão das estrelas
Uma canção a mais
Vida brasileira
Vidas rasas (c/ Gianfrancesco Guarnieri)
Vidigal
Vim lhe dizer
Você não sabe quem eu sou
Vou renovar
Zebedeu (c/ Jesuíno)
Zelão
Zelão
Zé do Encantado (Trem parador)
Shows
2019 Teatro Municipal - Niterói, RJ Cinema na Música
2012 Estória de João Joana. Sergio Ricardo, São João Gurgel, Marina Lutfi, Elba Ramalho, Alceu Valença e Geraldo Azevedo - Brasília
"Esse mundo é meu". Teatro de Arena de São Paulo,SP.
"Sérgio Ricardo e a praça do povo". Teatro de Arena de São Paulo, SP.
Estória de João Joana e Sérgio Ricardo em concerto. Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Espetáculo apresentado por Ricardo Cravo Albin e dirigido por Adonis Karam.
Festival de Bossa Nova. Carnegie Hall. Nova York, EUA.
Festival de Varadero. Cuba.
I Festival de Samba-Session. Teatro de Arena da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio de Janeiro,RJ.
Show de bossa nova no Grupo Universitário Hebraico, RJ.
Sérgio Ricardo. Angola, Guiné Bissau e Lisboa (Portugal).
Bibliografia Crítica

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.

AMARAL, Euclides. O Guitarrista Victor Biglione & a MPB. Rio de Janeiro: Edições Baleia Azul, 2009. 2ª ed. Esteio Editora, 2011. 3ª ed. EAS Editora, 2014.

COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.

Crítica

Os filmes de Sérgio Ricardo são hoje tão pouco conhecidos quanto valiosos. Ele – que começou com uma curta que é uma jóia, “O Menino da Calça Curta”, 1961, (em parceria com Nelson Pereira dos Santos e que ganhou prêmios em diversos festivais do mundo) – prosseguiu com o segundo curta “Esse Mundo é Meu” (montagem de Ruy Guerra), também ótimo, especialmente pela música-título, uma pura obra-prima da MPB. Aliás, como nunca ouço comentários mais vivazes sobre o cineasta Sérgio Ricardo, quero registrar aqui meu pasmo pelo silêncio que se faz sobre seus dois maravilhosos longas, os musicais “Juliana dos Anos Perdidos” e “Noite do Espantalho” (rodado em Nova Jerusalém, PE). Nunca esquecendo, é claro, das suas trilhas sonoras para “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (uma outra obra-prima) e “Terra em Transe”, ambas de Glauber.

Fechado os parênteses para saudar o cineasta, vamos ao que interessa, o Sérgio compositor. E que compositor! Outro dia, reouvindo Maysa, me deparei com “Buquê de Isabel”, de 1958, o primeiro sucesso de Sérgio, em pleno começo da bossa nova. Mesmo aí, na felicidade eterna apregoada na primeira fase dos padrões literários bossa novistas, o nosso Sérgio já sinaliza seu sentimento para a comiseração e para a solidariedade. Apesar da deliciosa “Pernas” – cuja dona nunca soube quem era – Sérgio Ricardo logo abandonaria o “sol – sal – mar – azul” do começo do novo movimento musical para enveredar por caminhos mais barras pesadas. Logo ele, cuja titularidade para exercitar a bossa nova vinha desde 1952, quando substituiu como pianista Tom Jobim em boate de Copa, ocasião em que era admirado por gente como Johnny Alf e João Gilberto.

Na efervescência dos anos iniciais da década de 60 Sérgio lançou um marco da MPB. O seu “Zelão” (“Todo o morro entendeu/quando Zelão morreu) foi muito mais que uma chicotada de ferro e fogo na pasmaceira dourada em que ainda gravitava a bossa nova. Zelão ajudou a abrir as consciências telúricas de seu tempo, juntando em torno da denúncia músico-social personalidades como Nara Leão, Geraldo Vandré, Carlos Lyra, etc.

Denúncia, participação, solidariedade era – e sempre foram – palavras de ordem de Sérgio Ricardo. Levadas a uma consequência de pura ira pessoal no episódio que envolveu sua participação no II Festival de MPB da TV Record em São Paulo (1967), quando, ao tentar cantar sob vaias “Beto Bom de Bola”, ele parou a música, soltou um sonoro palavrão e arremessou o violão para o público. Com fúria.

Ricardo Cravo Albin