
Cantor. Regente. Barítono. Tocava alaúde, um dos mais antigos instrumentos de cordas do mundo, o qual aprendeu com o poeta árabe Nahat, que foi o fabricante do alaúde no Brasil. De origem árabe, filho de pais libaneses, desenvolveu carreira artística por mais de 30 anos. Considerado o primeiro intérprete profissional da música árabe no Brasil. A partir de 1967, radicou-se na cidade paulista de Santos. Em 1997, sua vida e obra foi perpetuada no Museu da Imagem e Som (MIS) do Centro de Cultura de Santos.
Iniciou a carreira artística na década de 1940. Cantava em sete idiomas (italiano, português, francês, espanhol, alemão, russo e árabe). Atuou no Cassino da Urca, ao lado de Elvira Rios, Pedro Vargas e José Mojica. Estreou em discos em 1945, quando assinou contrato com a Continental e gravou a serenata “O marenariello”, de G. Otaviano e Gambardella, e a canção “Torna”, de P. Vento e N. Valente. Em 1946, gravou as modinhas “Quem sabe?”, de Carlos Gomes, e “Morena, morena”, de motivo popular com acompanhamento de Gabriel Migliori e sua orquestra. Dois anos depois, gravou o slow “Malinconica luna”, de C. A. Bixio, e a canção napolitana “Na sera e maggio”, de Cloffi. Em 1949, numa apresentação especial, foi recebido por Eva Perón na Casa Rosada, tendo Evita patrocinado seu recital no Gran Theatro Splendid. Em 1952, gravou as canções “Paixão (Passione)”, de Bovio Galente e Tagliafeeri Falcão, e “O beijo”, de Felipe Lutesallah e Sergio Falcão. Em 1953, gravou o slow “Mamãe por quê?”, de R. Rascel e Mauro Pires, e a canção “Mãe querida”, de F. Russo, E. Nutile e Domingos de Castro Lopes. Em 1955, contratado pela Odeon gravou as baladas “Mais um pouco de amor”, de Ronin e Broszky, e versão de Haroldo Barbosa, e “Eu tive que te beijar”, de Robin e Brodszky, e versão de Ghiaroni. No mesmo ano, gravou “Malagueña”,de Ernesto Lecuona, e versão de Júlio Nagib, e “A la virgen del Pilar”, de Spartaco Rossi e Armando Mota. Em 1956, gravou com acompanhamento de Luis Arruda Paes e sua orquestra a canção “Santa Lucia Luntana”, de E. A. Mário e Júlio Nagib, o fox-canção “Olhar cigano”, de Monti e Júlio Nagib, e as canções “Lamento de amor” e “Uma voz ao telefone”, que tiveram adaptações suas. No mesmo ano, lançou o LP “Jóias árabes” com oito temas árabes tradicionais com adaptações suas: “Dança regional (Ya Ghozayel)”; “Lamento de amor (Waili minéi garami)”; “Uma voz ao telefone (Hakini al telefón)”; “Sonho de primavera (Saifie)”; “A deusa do amor (Zabiatal unsi)”; “Folklore libanês (Al yédi)”; “Dança típica (Dalóna)”, e “Aloma (Aloma)”. Esse foi o primeiro disco com gravações de canções árabes no Brasil e tornou-se um disco histórico e raro. Em 1957, também com acompanhameento da orquestra de Luis Arruda Paes, gravou o beguine “Dá-me tuas rosas”, de Ernesto Lecuona, e o fox “Scapricciatiello”, de F. Albano e P. Vento, ambas com versões de Júlio Nagib. Nesse ano, lançou o LP “Tardes orientais” com as canções “Sonho de amor”; “Minha saudade”; “Minha morena”; “Rosana”; “Barhum”; “Machal”; “Marmar Zamani”, e “Dabki”, todas de sua autoria em parceria com o compositor árabe Tanios Baaklini. Em 1958, com acompanhamento de Ciro Pereira e sua orquestra, lançou os boleros “Quedo”, de Hammerstein II, Romberge Camacho, e “Leila”, de Nelson Novais. Em 1959, apresentou-se na cidade italiana de Roma, e numa apresentação no restaurante Alfredo deixou os espectadores impressionados com sua voz. Em 1960, gravou com acompanhamento da Orquestra de Luis Arruda Paes os foxes “Mustafá”, de B. Azzam e E. Barclay, e “Baciere, baciere”, de J. Niessem e W. Dehmel, ambos com versões de Sidney Morais. Em 1962, gravou com acompanhamento de Waldomiro Lemke e sua orquestra o rock-balada “Sonho de amor”, de Pachequinho, e o bolero “Vurria”, de Rendine e Pugliese. Participou da fundação da TV Tupi de São Paulo ao lado de nomes como Homero Silva, Maurício Loureiro Gama, Airton e Lolita Rodrigues, Márcia Real, e Hebe Camargo. Ao longo da carreira atuou ao lado de Maurice Chevalier e Jean Sablon, entre outros. Recebeu por três vezes o Troféu Tupiniquim, e por cinco vezes o troféu Roquete Pinto. Apresentou na TV Tupi o programa “Antarctica no mundo dos sons”. Na cidade de Santos fez parte do Departamento Cultural do Clube Atlético Santista, do qual foi o criador do coral. Na década de 1990, organizou e regeu o coral do Clube Sírio-Libanês. Foi diretor artístico de várias entidades, dentre elas a Sociedade Italiana. Gravou discos pelas gravadoras Continental e Odeon.