5.001
Nome Artístico
Rolando Boldrin
Nome verdadeiro
Rolando Boldrin
Data de nascimento
22/10/1936
Local de nascimento
São Joaquim da Barra, SP
Data de morte
09/11/2022
Local de morte
São Paulo, SP
Dados biográficos

Compositor. Cantor. Instrumentista. Ator. Aprendeu a tocar viola com sete anos. Aos 12 anos, formou uma dupla com um de seus irmãos, Boy e Formiga. Fizeram apresentações na Rádio de sua cidade. Em 1953, mudou-se para São Paulo a fim de tentar a carreira artística. Trabalhou como sapateiro, frentista, carregador e garçom.

O ator, cantor e apresentador faleceu após dois meses internado no Hospital Albert Einstein. A causa da morte não foi informada.

A TV Cultura publicou a seguinte nota a respeito do falecimento:

“A Fundação Padre Anchieta lamenta profundamente a morte do ator, cantor, compositor e apresentador da TV Cultura Rolando Boldrin, na tarde desta quarta-feira (9/11), aos 86 anos. O velório será realizado na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Av. Pedro Álvares Cabral, 201 – Moema). O horário será informado em breve.

“Rolando Boldrin teve enorme contribuição na história da TV Cultura. Com o “Sr. Brasil”, o qual apresentou por 17 anos, ‘tirou o Brasil da Gaveta’ e fez coro com os artistas mais representativos de todas as regiões do país. Em seu programa, o cenário privilegiava os artesãos brasileiros e era circundado por imagens dos artistas que fizeram a nossa história, escrita, falada e cantada, e que já viajaram, muitos deles “fora do combinado”, conforme costumava dizer Rolando.

“Figura emblemática da cultura popular brasileira, Boldrin, o sétimo filho de uma família de 12 irmãos, nascido em 22 de outubro de 1936, foi o único “encarregado” de cantar e contar a nossa terra em verso e prosa desde muito cedo. Saído do interior de São Paulo, da cidade de São Joaquim da Barra, o caboclinho virou ator de filmes premiados e de novelas acompanhadas no Brasil inteiro e até no exterior, e tornou-se compositor, cantor, apresentador e, claro, grande contador de causos.

“O ‘caipira’ que cantou e contou o Brasil como poucos teve uma vasta carreira na teledramaturgia brasileira. Boldrin foi um homem de inúmeros talentos e muita personalidade, mas dizia que era fundamentalmente um ator: “esse tem sido meu trabalho a vida inteira; radioator, ator de novela, de teatro, de cinema, um ator que canta, declama poesias e conta histórias”, falava.

Na televisão, ainda apresentou os programas ‘Som Brasil’ na Rede Globo, ‘Empório Brasileiro’ na TV Bandeirantes e ‘Empório Brasil’ no SBT. Na TV Cultura, esteve à frente do ‘Sr. Brasil’ desde 2005.

“Seja como ator, apresentador, cantor ou contador de causos, Rolando Boldrin deixará uma lacuna na cultura brasileira e uma imensa saudade entre os milhões de fãs que conquistou em mais de 60 anos de carreira na TV.

Dados artísticos

Estreou como cantor em 1963, quase por acaso, gravando com Lurdinha Pereira, sua futura esposa, o bolero “Um cantinho para dois”, de Daniel Magalhães e José de Assis, antes ouvido pelo produtor Palmeira, que gostou da interpretação da dupla e mandou gravar o disco, apesar do aviso de que não era cantor, mas sim compositor. A partir de então, tomou parte em outras gravações da mulher. Tornou-se pioneiro na apresentação de programas televisivos dedicados à chamada música brasileira autêntica, tendo apresentado Som Brasil na TV Globo, Empório Brasileiro no SBT e Empório Brasil na TV Bandeirantes. Gravou toadas, cateretês e modas de viola. Em 1974, apresentou com a Banda de Pau e Corda o show “Palavrão”, primeiro de uma série em que representou personagem que transforma-se em cantor, poeta e contador de causos. No mesmo ano, gravou seu primeiro disco solo, “O cantadô”. Em 1975, apresentou Teatro de Quintal, na mesma linha. Em 1978, participou do filme “Doramundo”, de João Batista de Andrade, sendo premiado pela Apca. No mesmo ano lançou o LP “Longe de casa”, interpretando obras de João Pacífico, Raul Torres, Batista Júnior, Alvarenga e Ranchinho e Cornélio Pires, sendo um grande sucesso e entusiasticamente aclamado pela crítica. Em 1980, criou para a Rádio Jornal de São Paulo o programa “Viola de repente”, apresentado também na Rádio Globo, em 1982. Ainda em 1980, lançou com Lurdinha Pereira o LP “Giro a giro”, no qual interpretam solo e em duetos como em “Um agradinho”, de Almirante. Em 1981, passou a apresentar na TV Globo o programa “Som Brasil”, onde apresentou entre outros, Tião Carreiro e Pardinho, Mineiro e Manduzinho, Zé Coco do Riachão e João Pacífico. No mesmo ano lançou o LP “Caipira”, que contou com as participações do maestro Murilo Alvarenga, filho do cantor e compositor Alvarenga da dupla com Ranchinho, que canta na faixa “Coração de violeiro”, de Alvarenga, e de Ranchinho, na faixa “Casinha de páia”, antigo sucesso da dupla. Em 1982, relembrou a antiga parceria com o irmão Formiga, gravando com ele a toada “Felicidade”, de Barreto, gravada no disco “Violeiro”. No mesmo disco cantou com Ranchinho o “Romance de uma caveira”, sucesso da década de 1940 com a dupla Alvarenga e Ranchinho. Gravou também “Paulistinha”, de Barreto, com participação de Nhô Bento na parte declamada, e “Flor do cafezal”, de Luiz Carlos Paraná, com a participação especial de Inhana. Em 1987, apresentou “Paia… Assada”, seguindo o mesmo modelo de cantar e contar causos. Em 1989, saiu da Rede Globo e transferiu-se para a Tv Bandeirantes onde apresentou por um ano o “Empório brasileiro”. Em seguida foi para o SBT, onde apresentou “Estação brasileira”. Em 1993 e 1994, repetiria a dose nos espetáculos “Brasil em preto e branco”. Participou de 25 novelas e 12 peças de teatro. Em 1993, recebeu o Prêmio Sharp pelo disco “Rolando e Boldrin”, no qual fez dupla consigo mesmo, contando causos e cantando modas, entre as quais, “A moda do fim do mundo”, parceria com Tom Zé e Svaniak, “Moda dos meses”, de Alvarenga e Ranchinho, “Moda da mula preta”, de Raul Torres, e “Moda da Revolução”, de Cornélio Pires e Arlindo Santana, entre outras. Este disco foi relançado em 2000 pela Kuarup. Em 1995, passou a apresentar o programa “Estação Brasil” na TV Record. Em 1996, lançou “Disco da moda”, interpretando modas de viola como “Moda da pinga”, “Moda da mila preta” e “Moda da revolução”. Em 1999, lançou “Brasil pandeiro”, com repertório ouvido por ele no rádio em sua infância e juventude. Com arranjos de Théo de Barros, interpretou composições de Herivelto Martins, Assis Valente e Wilson Batista. Gravou ainda “Poemas do som Brasil”, Resposta do Jeca Tatu” e “Clássicos do povo”, os três com declamação de poemas. Em 2003, teve participação especial, juntamente com José Camillo, na música “Cobra Venenosa”, de Raul Torres e João Pacífico, do album “Meu Reino encantado II”, de Daniel, do selo Warner Music Brasil, produzido por Daniel e Manoel Nenzino Pinto. Em 2005, lançou CD com Renato Teixeira, revisitando obras de compositores de todo o país. O disco, que mereceu boa aceitação da crítica especializada, traz destaques como, entre outras, “Ventania”, de Geraldo Vandré e Hilton Acioly, que concorreu, também com o subtítulo “De como um homem perdeu seu cavalo e continuou andando”, no Festival da Record de 1967, “Tempero das aves”, dele próprio, “Vaca estrela e boi fubá”, de Patativa do Assaré, “Acorda Maria Bonita”, atribuída ao cangaceiro Volta Seca (Antonio dos Santos), do bando de Lampião, além de passar por obras de Lupicínio Rodrigues e Chico Buarque, na composição tema para a peça “Morte e vida severina”, sobre o poema de João Cabral de Melo Neto. O disco, que reafirma seu sotaque caipira, contou com participações de Almir Sater, que  toca viola no clássico “Chico Mineiro”, de Francisco Ribeiro e Tonico, da dupla com Tinoco; Paulo Sérgio Santos, no clarinete e Rodrigo Sater e Chico Teixeira nas cordas. No mesmo ano, comemorou o sucesso de seu programa “Senhor Brasil” apresentado semanalmente na TV Cultura e que foi vencedor do Prêmio APCA – Associação Paulista de Críticos de Arte – como Melhor Programa da Televisão Brasileira em 2005. Ainda naquele ano, também foi lançada sua biografia, escrita pela jornalista Ieda de Abreu para a coleção “Aplauso”, da Imprensa Oficial de São Paulo. Em 2006, lançou o CD “Senhor Brasil – Rolando Boldrin e convidados – Ao vivo”, que reuniu momentos do programa com intérpretes como ele próprio, Renato Teixeira, Almir Sater, Zeca Baleiro, Tom Zé, Ney Matogrosso, Dominguinhos e Yamandú Costa. Em 2008, realizou participação especial, juntamente com Paulo Freire e Téo Azevedo, no CD “Imaginário Roseano”. O disco, que foi produzido por João Araújo, Rodrigo Delage e Maestro Geraldo Vianna, trouxe canções brasileiras em comemoração ao ano do centenário do escritor Guimarães Rosa.

Em maio de 2022, foi lançado o trabalho “O Samba Está na Moda”: uma homenagem do grupo Casuarina a Rolando Boldrin com a presença do ator e cantor. O trabalho foi gravado a partir de um show em São Joaquim da Barra, a terra natal do compositor

Na ocasião do falecimento do apresentador, o programa “Senhor Brasil” ainda estava na grade da TV Cultura, tendo completado 17 anos no ar. Em homenagem ao apresentador, a emissora exibiu, no decorrer da semana após a morte do ator e apresentador, programas como o “Ensaio” que foi ao ar em 2006 e “Persona em foco”, exibido em 2015. Também foram exibidos o especial “Boldrin 85 anos” e o programa “Roda Viva”, além do documentário “Eu, a Viola e Deus”, dirigido por João Batista Andrade.

 

Discografias
2022 Biscoito Fino O Samba Está na Moda

Album do grupo Casuarina em homenagem a Rolando Boldrin

2006 Intercd e Cultura Marcas CD Senhor Brasil-Rolando Boldrin e convidados - Ao Vivo
2000 Kuarup CD Rolando e Boldrin-O disco da moda
1999 LP Esquentai vossos pandeiros
1994 RGE CD Grandes sucessos de Rolando Boldrin
1994 Continental/Warner CD Rolando Boldrin
1993 RGE CD Disco da moda
1991 LP Perto de casa
1990 RGE LP Empório Brasil
1989 RGE LP Resposta do Jeca Tatu
1985 Ariola/Barclay LP Clássicos do poema caipira
1984 Ariola/Barclay LP Empório brasileiro
1982 Som Brasil LP Poemas do Som Brasil
1982 Som Brasil/RGE LP Violeiro
1981 Som Brasil LP Caipira
1980 Continental LP Giro-o-giro
1980 Continental LP Inventando moda
1979 Chantecler LP O melhor de Rolando Boldrin
1979 Continental LP Rio abaixo
1978 Continental LP Longe de casa
1976 Chantecler LP Êta mundo
1974 Continental LP O cantadô
Obras
A Saudade e você (c/ Léo Romano)
A vida do homem (c/ Xavier Marques)
Amor de violeiro
Amor errado (c/ Léo Romano)
Boiada cuiabana
Chico Boateiro
Dos reis
Eta mundo
Eu, a viola e Deus
Faca de ponta
Festa no mar
Françoise
Ingratidão (c/ Florêncio)
Mariana e o trem de ferro
Meu coração é um juiz (c/ Léo Romano)
Moda do fim do mundo (c/ Tom Zé e Svaniek)
Morena por mal dos pecados
Musa caipira
O Santo de cá
O cantadô
O casamento de Maria Branca
O que é?
Onde anda Iolanda
Papéis velhos (c/ Geraldo Vietri)
Quando eu voltar
Rancho da serra (c/ Herivelto Martins)
Seresta
Tema pra Juliana
Vide-vida marvada
Êta país da América
Clips
2022 Assistir Clip O Samba Está na Moda Show completo