Cantor. Compositor.
Filho do construtor José Cocco e de Fany Sampaio Cocco cresceu em sua cidade natal, juntamente com os irmãos Domingos, Ruth e Fanny. Na infância, gostava de pular muros de quintais e de subir no jenipapeiro no pátio do colégio Liceu Muniz Freire. Em meados da década de 1940, participou de serenatas com amigos e freqüentou programas da rádio ZYL-9, a única emissora de Cachoeiro de Itapemirim na época. Estudou nos colégios Graça Guardia, Bernardino Monteiro e na Escola Técnica de Comércio de Cachoeiro. Seus primeiros versos tinham estilo parnasiano.
Iniciou a carreira artística com Loé Moulin, com quem formou a dupla Dois Valetes. Depois, com a entrada de Yolanda, prima de Loé, a dupla passou a ser o trio Dois Valetes e uma Dama, inspirado no Trio de Ouro. Com a saída de Yolanda, convidaram Noemi Cavalcanti (Noemi Brusti) para compor o trio. Com a mudança de Noemi para o Rio de Janeiro, o trio se desfez.
Em 1949, após prestar serviço militar, foi para o Rio de Janeiro. Lá, trabalhou na loja de instrumentos musicais Guitarra de Prata ao mesmo tempo em que intensificava sua atividade como compositor. No Rio de Janeiro, reencontrou Yolanda. Com ela e Loé apresentou-se no programa Papel Carbono, de Renato Murce. Mas o trio se desfez novamente, pois Yolanda, já casada, transferiu-se para São Paulo.
Andando pelo Largo da Carioca, no Rio, conversava com um velho amigo, o barbeiro Valdir, quando apareceu Hamilton Frazão, que então apresentava o quadro “O Padrinho do Calouro”, no programa César de Alencar, na Rádio Nacional. Frazão já havia trabalhado na Rádio Cachoeiro e o convidou para apresentar a dupla “Os dois valetes” na Nacional. Optou, no entanto, por se apresentar em trio, com Loé e Noemi Cavalcanti. A apresentação do trio foi um sucesso e, juntamente com Noemi, acabou sendo apresentado a Herivelto Martins, de quem tornou-se parceiro, fazendo sucesso com a marchinha “Aladim”, gravada por Izaurinha Garcia, em 1950, sua primeira composição gravada. No mesmo ano, o trio vocal As Três Marias gravou pelo selo Carnaval as marchas “Incerteza” e “Saudosa cachopa”, ambas parcerias de Sampaio com Herivelto Martins, visando o carnaval do ano seguinte. O cantor Celso Barroso registrou a marcha “Meu último reinado”, também parceria com Herivelto Martins. Ainda em 1950, Herivelto Martins estava se separando de Dalva de Oliveira, que deixava de cantar no Trio de Ouro, e convidou então Noemi para substituir Dalva.
Em 1951, o samba “Quando amanhece”, com Herivelto Martins, foi gravado na RCA Victor pelo Trio de Ouro, que gravou também o samba “Eu também quero” e o baião “Não sou mio”.
Em 1952, o Trio de Ouro passou por nova modificação. Nilo Chagas anunciou sua saída e Noemi também decidiu deixar o grupo. Sampaio foi convidado por Herivelto, juntamente com Lourdinha Bittencourt, casada com o cantor Nelson Gonçalves, para integrar o trio, que regravou “Ave-Maria no Morro”, clássico escrito por Herivelto e um dos maiores sucessos na primeira fase do Trio de Ouro, com Dalva de Oliveira. Ainda em 1952, como integrante do Trio de Ouro participou do filme “Está com tudo” com direção de Luiz de Barros, e no qual atuaram também Mesquitinha, Mary Gonçalves e Ronaldo Lupo. Entre 1952 e 1964, gravou com o Trio de Ouro 30 discos de 78 rpm. O grupo permaneceu junto até 1979, quando Lourdinha morreu. Ainda em 1952, o Trio de Ouro gravou o samba “Perdoar”, parceria de Sampaio com Herivevlto Martins, e Gilberto Milfont gravou, na RCA Victor, o samba “Quem manda na minha vida”.
No ano seguinte o Trio de Ouro gravou a rancheira “Festa no sul”, de sua parceria com Rubem Silva. Ainda em 1953, teve gravados o samba “Eu sou mais eu”, com Blecaute, por Alcides Gerardi na Odeon; a valsa “Arlequim”, com Humberto Carvalho, por Carlos Augusto na Sinter, e o samba-canção “Final diferente”, com Rubens Silva, por Vera Lucia na Odeon. No mesmo ano, atuou com o Trio de Ouro nos filmes “Um pirata do outro mundo” e “Com a mão na massa”, ambos dirigidos por Luiz de Barros.
Em 1954, teve a marcha “Guarda chuva de pobre”, parceria com Rubens Silva e Francisco Anísio – conhecido também como o humorista Chico Anísio – gravada com sucesso pelos Vocalistas Tropicais na Continental. Essa marcha foi escolhida no ano seguinte por um júri reunido no Teatro João Caetano como uma das dez marchas mais populares do carnaval de 1955. No mesmo ano, Linda Rodrigues lançou pela Continental o samba “Sereno cai”, com Ricardo Galeno, Gilberto Milfont na RCA Victor o samba “Amigo do peito”, com Rubem Silva, e Mesquita do vibrafone e seu conjunto, também na RCA Victor, o choro “Faça de conta”, com Hianto de Almeida.
No ano de 1956, teve onze obras lançadas: as marchas “De baixo pra cima”, que teve parceria do radialista Dantas Ruas, lançada por Violeta Cavalcanti na Odeon, “Namoro da vovó”, com Ivo Santos, registrada por Orlando Silva na Odeon; “Eu vi…”, com José Messias, que Carlos Nobre lançou na Polydor; “Papai Noel”, com Ivo Santos, registrada por Carlos Galhardo na RCA Victor; “Marcha do sapo”, com Francisco Anísio e Dantas Ruas, em lançamento do Vocalistas Tropicais na Copacabana, “Pega ladrão”, com Francisco Anísio, com criação de Zé Trindade na Polydor; os sambas-canção “Guerra de nervos”, com Oswaldo Aude, na voz de Francisco Carlos pela RCA Victor; “Só você nada mais”, com Ivo Santos, registro de Mário Gil na Polydor; e os sambas “Eu sou do samba”, com Valdemar Ressurreição, na voz de Francisco Carlos, em disco RCA Victor, e “Solução”, com Ivo Santos, sucesso na voz de Jorge Veiga na Copacabana.
Em 1957, teve mais dez composições lançadas pelas mais diversas gravadoras. Pela Odeon, Orlando Silva gravou a “Marcha do vira”, com Ivo Santos; Roberto Paiva, “Não dá pé”, com João Correa, “Walter Levita, “Até você chorou”, com Haroldo Lobo, Violeta Cavalcanti, “Vou perder a cabeça”, com Ivo Santos e a cantora Alaíde Costa. Raul Sampaio também gravou seu primeiro disco interpretando o samba-canção “Tarde demais”, com Hélio Costa. Na Continental, Jorge Goulart gravou o samba “Meu passado em Mangueira”, com Ivo Santos, na RCA Victor, Carlos Galhardo registrou “Você fez da minha vida”, com Ivo Santos, e Marion, o samba-canção “Calvário de amor”, com Marino Pinto, e, na Columbia, Zé Trindade lançou “Eu sou Papai Noel”, com René Bittencourt, e Alcides Gerardi, “Natal de saudade”, com Ivo Santos. No mesmo ano, atuou com o Trio de Ouro no filme “É de chuá”, com direção de Victor Lima, que contou ainda com as participações de Ankito e Grande Otelo.
Em 1958, Raul Sampaio obteve sucesso com o samba “Eu chorarei amanhã”, gravado por Orlando Silva na Odeon. No mesmo ano, teve quatro parcerias com René Bittencourt gravadas: “Nono mandamento”, sucesso na voz de Cauby Peixoto na RCA Victor; Maria do céu”, na voz de Orlando Correa, na RCA Victor, e “Dia da mamãe” e “Santas da terra” com as Crianças da Casa de Lázaro em disco Odeon. No mesmo ano fez sucesso com a cantora Marlene, que gravou a marcha “Vou nas águas”, parceria com Benil Santos. Também nesse ano, teve êxito com o samba-canção “Destino”, com Ivo Santos, lançado no LP “Escultura” por Nelson Gonçalves, que o relançaria ainda em mais três discos. Teve ainda gravadas por Anísio Silva “Falas de amor outra vez”, com Benil Santos, e “Não se afaste de mim”, com Jorge Gonçalves, por Carlos Augusto; “Minha cruz”, com Benil Santos, Jairo Aguiar, que lançou “Noites cruéis”, com Benil Santos, Orlando Silva, que registrou “Eu não quero você”, com Ivo Santos, e Gilberto Milfont que gravou a marcha “Professor de chinês”, com Haroldo Lobo.
Em 1959, Raul Sampaio fez sucesso com o samba-canção “Destino”, com Ivo Santos, gravado por Nelson Gonçalves na RCA Victor, e com o samba-canção “Noite” gravado por Cauby Peixoto no LP “Seu amigo Cauby cantando para você”. No mesmo ano, teve de sua parceria com Benil Santos, o samba “Deixa a vida me bater”, gravado por Gilberto Milfont; a valsa “Amor de mãe” gravada por Dalva de Oliveira e Anísio Silva na Odeon e três composições gravadas por Nelson Gonçalves: “Deixa falar”, “Vaidosa”, e “Revolta”, nos quais o cantor aparece como seu parceiro. Ainda no mesmo ano, o samba-canção “As pedra se encontram”, com René Bittencourt, foi lançado por Jorge Goulart na RCA Victor; a marcha “Pente fino”, com Haroldo Lobo e Zilda do Zé, foi registrada no selo Thena por Zilda do Zé; e Orlando Silva gravou na Mocambo a marcha “No tempo das flores”, com Ivo Santos. Ainda em 1959, excursionou ao sul do país com o Trio de Ouro e foi vencedor do concurso musical divulgado pelo Jornal do Brasil e patrocinado pelas casas Palermo, uma famosa loja de discos da época, com a “Sinfonia dos astros”, que foi gravada na RCA Victor por Ivon Curi.
Em 1960, teve mais de dez composições gravadas pelos mais variados artistas, entre os quais Luiz Gonzaga, que na RCA Victor gravou as toadas “Testamento de caboclo”, com René Bittencourt, e “Amor da minha vida”; Gilberto Milfont, que na RGE gravou o tango “Vida” e o samba “Enquanto a cidade dorme”, ambas com René Bittencourt; Carlos Nobre que gravou na RCA Victor o samba-canção “Prova de amor”, e Carlos Galhardo que lançou pela RCA Victor o samba-canção “Lua indiscreta”. Nesse ano,fez sucesso com o bolero “Estou pensando em ti”, lançado por Anísio Silva na Odeon. Esse bolero conheceria inúmeras outras gravações, uma das quais da cantora Maysa, no mesmo ano. Também em 1960, a pianista Carolina Cardoso de Menezes regravou o samba “Eu chorarei amanhã” no LP “Carolina no samba”. Ainda nesse ano, o bolero “Estou pensando em ti” recebeu gravações de Irany Pinto no LP “Boleros em surdina Nº 4 – Irany e Seu Conjunto”, e de “Peruzzi nos boleros que Anísio consagrou”, ambos pela Odeon. Ainda nesse período, atuou como cantor, em espetáculos da boate “Night and Day”, dirigidos por Ary Barroso.
Em 1961, deu sequência à sua carreira solo de cantor e gravou na RGE a guarânia “O que será de mim”, de Romeu Gentil e Paquito, e a balada “Quem será?”, parceria com Benil Santos. No mesmo ano lançou com sucesso o bolero “Quem eu quero não me quer”, que se tornou um clássico da música romântica e a música mais vendida na gravadora RGE em todos os tempos. No mesmo ano, teve gravado, com sucesso, por Miltinho, o bolero “Lembranças”, parceria com Benil Santos, sua obra mais regravada. Ainda nesse ano, teve mais de quinze obras gravadas por diferentes intérpretes: Maysa fez sucesso com “Estou pra dizer adeus” na RGE; Miltinho, também na RGE gravou “Estou só” com êxito; Carlos Nobre, pela RCA Victor, registrou “Aqui” e “Amor impossível”, “Censura”, que é parceria com Benil Santos, e “Senhora viúva”; Elza Laranjeiras lançou “Ninguém” e Dorinha Freitas, “Rival”, as duas também parcerias de Raul com Benil Santos, na RGE. Ainda em 1961, lançou o LP “Raul Sampaio”, pela RGE, registrando as composições “Quem eu quero não me quer”; “Covardia”; Briguei com meu amor”; “Pra que dizer que te quero”; “Medo”; “Quem será?”; “Mal de amor”; “Amor sincero”; “Choro de saudade”; “Amor de coleção”; “Saudade ninguém quer” e “O que será de mim”.
Em 1962, lançou pela RGE o LP “Vai-se um amor e vem outro”, música título de sua autoria, e que incluiu ainda as composições “Estou perdido de amor”, “Deixa-me ficar”, “Falsidade”, “Luz e sombra”, “A última tristeza”, “Ingratidão”, “Meu pequeno Cachoeiro”, “Noites cruéis”, “Transformação”, “A procura de ti” e “Entre dois amores”. Por essa época passou a fortalecer sua parceria como o produtor Benil Santos, parceria em sua maioria a título de divulgação musical. No mesmo ano, Carlos Nobre gravou na RCA Victor os sambas-canção “Amor em serenata”, com Ivo Santos, “Sexto mandamento” e “O pranto da chuva”, ambas com René Bittencourt, “Perdão por meu amor”, com Carlos Nobre, e “Contradizendo”; Roberto Luna lançou na RGE o samba-canção “Fingimento”; Miltinho, também na RGE, o samba-canção “Confidência”; Núbia Lafayete registrou na RCA Victor o samba-canção “Malhar em ferro frio”, e Orlando Silva, também na RCA Victor, gravou o samba-canção “Eu te perdôo”.
Em 1963, gravou de sua autoria e Benil Santos, os boleros “Palavra de carinho” e “Que fazer da minha vida?” ambas em disco de 78 rpm, e lançou o LP “Uma voz…uma saudade”, que incluiu “O tempo te dirá”; “Eu não quero o teu amor”; a toada “Ai saudade”, com René Bittencourt, o samba-canção “Canção do nosso amor”; “Deixa pra lá”; os boleros “Palavra de carinho”, “Que fazer da minha vida”, e “Pra que chorar”, com Benil Santos; “Nem é bom pensar”; o samba “Minha saudade”; o samba-canção “Quanto te amo”, e “Diz papai”. Ainda no mesmo ano, o cantor Miltinho gravou na RGE os sambas-canção “Distância” e “E amanhã…”, parcerias com Benil Santos, e na RGE, Rosana Toledo gravou o bolero “Distância”, com Benil Santos, e Alda Perdigão o samba-canção “Despedida”, com Benil Santos. Além disso, em 1963, sua composição “Meu pequeno Cachoeiro”, tornou-se Hino Oficial da cidade de Cachoeiro de Itapemirim. Também nesse ano, sua composição “Nos braços da saudade”, com Benil Santos, deu título ao LP lançado por Carlos Nobre na RCA Victor e contou ainda com suas composições “Canção da rua”, com Benil Santos; “Amor desfeito”, com Carlos Nobre e “Trevo de quatro folhas”, esta com René Bittencourt. Também em 1963, o samba-canção “Confidência” foi gravado por Miltinho no LP “Poema do olhar” e por Ângela Maria no LP “Presença de Ângela Maria”. Fez sucesso nesse ano com o samba-canção “Capacho”, lançado por Jamelão pela Continental. Ainda em 1963, seu samba “Solução” foi gravado por Breno Sauer, no LP “Viva a bossa – Breno Sauer e seu conjunto”, da gravadora CBS.
Em 1964, teve os sambas “Rio eterna capital” e “Rio quatrocentão”, parcerias com Benil Santos, gravados na RGE pela Orquestra Guanabara numa homenagem aos 400 anos da cidade do Rio de Janeiro, comemorados naquela ocasião. No mesmo ano, Elizeth Cardoso gravou o samba-canção “Até as lágrimas” no LP “A meiga Elizeth”. Teve ainda outras composições gravadas no mesmo ano: “O que é bom dura pouco” por Orlando Dias na Odeon; “Coitadinho de mim” por Miltinho na RGE; “Desolação” por Anísio Silva na Odeon, e “A última loucura” por Carlos Alberto na CBS. Em 1965, Orlando Silva registrou na RCA a primeira gravação de “Meu pranto rolou”, e Miltinho regravou o samba “Eu chorarei amanhã” no LP “Miltinho ao vivo”. Ainda nesse ano, gravou na RGE os sambas -canção “Quando a mulher vai embora”, com Benil Santos, e “Exemplo da História”, com René Bittencourt. Fez sucesso no carnaval com a marcha “De marré marré”, com Zilda do Zé que a gravou e lançou pela CBS.
No ano seguinte, começou a trabalhar cono produtor na RGE. Nesse ano, o cantor Erasmo Carlos, que era um dos líderes do movimento Jovem Guarda, gravou “A carta”, parceria de Sampaio com Benil Santos, em disco com produção de Sampaio. Ainda em 1966, Clara Nunes, em começo de carreira, gravou o samba “Enredo”; Gilberto Milfont a marcha “Bebê chorão”; Miltinho o samba-canção “Não sou feliz” e Carlos Galhardo a seresta “A serenata”.
Em 1967, Orlando Silva gravou na RCA Victor a marcha “Eu compro essa mulher” e o samba-canção “Ave sem ninho”; Carlos Galhardo registrou na RCA Victor a toada “Saudade”; a vedete Angelita Martinez lançou para o carnaval a marcha “Tzar e Tzarina”; Araci Costa registrou a marcha “Na onda do Jair”, com Geraldo Medeiros, e Nelson Gonçalves gravou na RGE o samba-canção “Arco -íris”, que já havia sido tema de um filme cinco anos antes. No mesmo ano, teve outra de suas parcerias com Benil Santos gravada por Erasmo Carlos, “O bilhetinho”. O Trio Mossoró regravou “Amor da minha vida”. Também em 1967, participou do grupo vocal e instrumental “Sambistas do Asfalto”, criado pelo maestro Astor Silva, e que lançou naquele ano um LP pela RCA Victor que incluiu, entre outras, seus sambas “Corda e Caçamba”, com Benil Santos, e “Eu Chorarei Amanhã”, com Ivo Santos.
Em 1968, teve três marchas carnavalescas gravadas: “Eu disse calma” e “Um homem e uma mulher” por Orlando Silva na Philips, e “Gatinha manhosa” por Clério Morais na CBS.
Em 1969 recebeu o título de “Cachoeirense Ausente nº 1” e foi homenageado em vida tornando-se nome de rua em sua cidade natal. No mesmo ano, a cantora Elza Soares fez sucesso com a regravação do samba “Eu chorarei amanhã” no LP “Elza, carnaval e samba”. Também nesse ano foi premiado num festival de seresta com a canção “Largo do Boticário”, com Braga Filho, gravada por Gilberto Milfont no selo Codil. Também em 1969, teve mais sete composições gravadas: “Todo mundo pra frente”, com Carlos Marques, por Denise Barreto; “Frevo da saudade” e “Mulata de vison” por Orlando Silva; “Tempo de seresta” por Francisco Petrônio, todas na RCA Victor; “Caixa dágua”, com Adelino Moreira e D. Lobo, por Adelino Moreira no selo Caravelle; “Maré brava”, com Zilda do Zé, que a gravou e “Salvação da lavoura” por Ary Cordovil, as duas últimas pela CBS. Também no mesmo ano, teve o bolero “Nono mandamento”, com René Bittencourt, e o samba canção “Destino”, com Ivo Santos, gravados pelo Maestro Pachequinho no LP “Brasil: New Dimension of Samba”, da Caravelle.
Em 1970, o samba “Lágrima” foi gravado por Ary Cordovil na CBS, e as marchas “Bonecas e deslumbradas” na voz de Luciene Franco, e “Garota astronauta” na de Denise Barreto foram lançadas respectivamente pelas gravadoras Philips e Som. Ainda em 1970, a toada “Meu pequeno Cachoeiro” foi gravada com grande suscesso pelo cantor Roberto Carlos.
No ano seguinte, a marcha “Fundiu a cuca”, com Carlos Marques, foi gravada por Roberto Muniz pelo selo Pérgola, e o samba-canção “E nós dois a cantar” foi lançado por Lana Bitencourt , também pelo selo Pérgola. Ainda em 1971, a cantora Maria Bethânia regravou o bolero “Lembranças”, no LP “Rosa dos ventos”, do show homônimo no qual essa interpretação era um dos pontos altos do espetáculo. No mesmo ano, Paulinho da Viola gravou o samba “Mal de amor”.
Em 1972, gravou o samba “Quem viver verá” pelo selo Premier, e teve gravados o samba-canção “Sombra triste”, com Carlos Marques, por Nelson Gonçalves na RCA Victor; a marcha “Amanhã eu volto”, com José Filho, por Zilda do Zé na CBS, e o samba-canção “Porque te amo”, com Carlos Marques, por Carlos Nobre na Musicolor. Ainda nesse ano, Luiz Gonzaga regravou “Meu pequeno Cachoeiro” no LP “Aquilo bom”.
Em 1973, a cantora Lilian Martins gravou pela Copacabana a marcha “Muito ótimo”, e seu primo Sergio Sampaio gravou o samba “Cala a boca Zebedeu” no LP “Eu quero é botar meu bloco na rua”.
Em 1974, recebeu o título de “Cidadão do Estado da Guanabara”.Teve ainda gravados os sambas “É bom lembrar” por Jairo Aguiar na RCA Victor, e “Apelo ao coração” por Paulo Marquez na CID.
Em 1975, a dupla Toquinho e Vinicius fez grande sucesso com o samba “Meu pranto rolou”, que foi regravado no ano seguinte por Emilio Santiago no LP “Brasileiríssimas”. Ainda em 1975, o samba-canção “Vontade de voltar” foi gravado pelo cantor Balthazar pela Philips.
Em 1976, Cauby Peixoto gravou pela Som Livre o samba-canção “Cansei”.
Em 1977, Nelson Gonçalves gravou na RCA Victor o samba-canção “A pedra”, com Adelino Moreira, e Chico Xavier lançou na Continental o samba-canção “Além da porta”, com René Bittencourt. No ano seguinte, teve duas parcerias com Celso Castro gravadas: os sambas-canção “Pinta de machão” por Núbia Laafiete na CBS, e “Não te desejo mais” por Orlando Dias na Odeon.
Em 1979, Noite Ilustrada gravou “Casa antiga” pela Continental, e teve o samba-canção “Confidência” regravado por Fafá de Belém no LP “Estrela radiante”. No mesmo ano, o samba-canção “Nono Mandamento”, com René Bittencourt, foi a faixa de abertura do LP “Meu Jeito de amar”, lançado pelo cantor Nelson Ned pela gravadora Copacabana.
Em 1980 tornou-se “Cidadão Itapemirinense”.
Em 1981, foi convidado a fazer o samba-enredo da Escola de Samba Mocidade da Praia de Vitória, ES. Compôs então “Cacau, manjar dos deuses”com o qual a escola de samba desfilou e venceu pela primeira vez o carnaval da cidade de Vitória. Em 1984, recebeu a Comenda do Mérito Jerônimo Monteiro do Governo do Estado do Espírito Santo.
Em 1989, foi agraciado com a Comenda Rubem Braga de Cachoeiro de Itapemirim.
Em 1992, antes da morte de Herivelto, aos 80 anos, apresentou-se com este durante a entrega do Prêmio Shell de Música Brasileira ao autor de “Ave-Maria no Morro”. Neste mesmo ano, participou da homenagem prestada, com Herivelto Martins e Shirley Dom, aos 80 anos de Herivelto no Instituto Cravo Albin, quando refez o Trio de Ouro em show histórico para 100 pessoas na sede do Instituto, embaixo das mangueiras centenárias do Largo da Mãe do Bispo, no pé do morro da Urca – Pão de Açúcar, o que ocorreu logo depois do jantar para 100 pessoas. Depois, homenageou o parceiro e amigo com uma canção póstuma.
Apesar de sua passagem pelo Trio de Ouro é lembrado como autor de “Meu pequeno Cachoeiro”, canção composta em meados dos anos 1960 e sucesso na gravação de Roberto Carlos, então no auge da fama como “o Rei da Juventude”. Começou a compor a toada em 1961, no Rio de Janeiro. Na volta de uma viagem a Cachoeiro, para o casamento de um amigo, foi terminando a canção pela estrada, dentro de um fusca. A primeira gravação foi feita por ele próprio, mas muitos amigos o estimulavam a procurar Roberto Carlos, também nascido em Cachoeiro. Em 1969, o “Rei” anunciou que gravaria a canção, mas propôs uma modificação no verso que falava de um jenipapeiro, pois Roberto e seu produtor, Evandro Ribeiro, alegavam que jenipapo era uma fruta interiorana pouco conhecida. Depois de hesitar um tempo, trocou o pedaço da letra falando em flamboyant e Roberto Carlos acabou gravando “Meu pequeno Cachoeiro”.
Compôs mais de 200 músicas, gravadas entre outros por Nelson Gonçalves, Orlando Silva, Elza Soares, Fafá de Belém, João Bosco, Miltinho, Altemar Dutra, Ângela Maria, Agostinho dos Santos, Cauby Peixoto, Carlos Galhardo, Elizeth Cardoso, Maria Bethânia, Martinho da Vila, Paulinho da Viola, Sílvio Caldas, Vicente Celestino e Erasmo Carlos.
Atuou como diretor artístico na RGE, tendo produzido, entre outros, Erasmo Carlos. Foi por 12 anos Diretor Secretário da Sociedade de Direitos Autorais, sócio fundador da Sociedade de Direitos Conexos, da Ordem dos Músicos do Brasil e um dos fundadores da ECAD. Atuou nos filmes “Agüenta firme Izidoro” e “Está com tudo”, dirigidos por Luiz de Barros. Teve músicas gravadas por artistas estrangeiros como Trio Los Panchos, Gregório Barrios, Augustin Lara e Bienvenido Granada.
No México obteve grande sucesso com a música “Estou pensando em ti”, em gravação de Altemar Dutra. Sobre esta música, o famoso compositor mexicano Agustin Lara, pouco antes de morrer nos anos 1960, apropriou-se dela, transformando-a em grande sucesso no exterior com uma versão em espanhol, omitindo o nome do autor original brasileiro. Com dezenas de gravações no México, está incluída no LP “La sonora santanera y la inspiracion de Agustin Lara”.
Em 1995, apresentou-se em show no Teatro João Caetano, Rio de Janeiro cantando seus grandes sucessos como “Quem eu quero não me quer”, “Lembranças” e “Meu pequeno Cachoeiro”.
Em 2001, para comemorar 50 anos de carreira, lançou o CD “Raul Sampaio – 50 anos depois”, que reuniu 14 composições de sua autoria, sendo quatro já gravadas anteriormente, e que foram “Meu pequeno cachoeiro”, “Tempo de seresta”, “Casa antiga” e “Salvação da lavoura”, além de dez composições inéditas: “Meu violão”; “Marataízes”; “Bons tempos”; “Prece à árvore”; “Salada de samba”; “Vila Izabel”; “Se eu pudesse te amar”; “Valsinha do cachoeirense ausente”; “Vida torta”, e “Meus planos”. Juntamente com o CD foi lançado um livro contendo dados de sua vida e sua carreira ilustrado por muitas fotos, além de um filme documentário. A edição recebeu apoio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Cachoeiro de Itapemirim.
Em 2002, foi eleito Presidente do SBACEM para o triênio 2003/2006. No mesmo ano, teve a música “Lembranças” regravada por Peri Ribeiro, Martinho da Vila e Elymar Santos, tendo sido, neste último, a faixa de abertura do CD.
Em 2003, a música “A carta”, foi relançada em gravação de Renato Russo no CD “Presente”.
Em 2004, lançou o CD “Cidades”, no qual homenageou as cidades de Cachoeiro de Itapemirim, Vitória, Marataízes e Rio de Janeiro, com as músicas “Valsinha do cachoeirense ausente”, “Itapemirim”, “Vitória” e “Na Lapa” e “Prece ao Rio”, todas de sua autoria. Estão presentes ainda no CD as músicas “3 barras” e “Aonde”, além de “Quem eu quero não me quer”, “Lembranças” e “Meu pequeno Cachoeiro”, de sua autoria e gravadas ao vivo em show no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro. Ainda neste ano, lançou os hinos dos clubes de futebol Estrela do Norte e do Cachoeiro Futebol Clube, ambos da cidade de Cachoeiro de Itapemirim. Também no mesmo ano, foi homenageado por ocasião dos 30 anos do programa “Ricardo Cravo Albin convida”, na Rádio MEC, com dois programas especiais nos quais contou sua vida e carreira além de apresentar seus sucessos.
Em 2005, sua célebre canção “Meu pequeno Cachoeiro” foi regravada por Roberto Carlos em nova versão, reeditando o sucesso do primeiro registro. Neste ano, seu samba-canção “Amor em Serenata”, de com Ivo Santos, deu título ao CD que o selo Revivendo lançou em homenagem ao cantor Carlos Nobre, e que incluiu ainda as suas composições “Amor Impossível”, parceria com Carlos Nobre, “Prova de Amor”, “Amor Proibido”, “Contradizendo”, “Praga de Amor” e “Protesto”; “Nos Braços da Saudade”, com Benil Santos, e “O Pranto da Chuva”, com René Bittencourt.
Em 2008, por ocasião da comemoração dos seus oitenta anos de nascimento foi homenageado com dois programas especiais apresentados pelo pesquisador Paulo Luna na Rádio Carioca.
Em 2010, seu samba “Mal de amor” foi apresentado por Antonio Nóbrega em show realizado em comemoração aos quinze anos do Teatro Sesc no Centro do Rio de Janeiro. No mesmo ano, o bolero “Estou pensando em ti”, foi gravado pela cantora Waleska no CD “Supersucessos – Vol 3” da gravadora Polydisc. Ainda em 2010, foi o escolhido para a abertura pública da série “Colheita de memórias” realizado com seleta platéia de convidados no Instituto Cultural Cravo Albin. Na ocasião falou sobre sua vida e carreira sendo entrevistado pelo presidente do ICCA, o jornalista Ricardo Cravo Albin, o pesquisador Paulo Luna, e o compositor e produtor Sérgio Natureza. Também cantou alguns de seus sucessos como “Quem eu quero não me quer”, “Lembrança”, “Nono mandamento”, “Revolta” e “Meu pequeno Cachoeiro”, além de composições inéditas como “Prece à árvore” e “A Lapa”.
Em 2011, apresentou-se no programa “Senhor Brasil”, apresentado por Rolando Boldrin, na TV Cultura. Na ocasião cantou seus grandes sucessos, entre os quais, “Meu pequeno Cachoeiro”.
Em 2012, foi lançada em sua cidade natal sua biografia intitulada “Do Verso à Canção – Biografia do Cantor e Compositor Raul Sampaio”, de autoria do pesquisador Paulo Luna e do jornalista cachoeirense Evandro Moreira e editada pela Cachoeiro Cult.
Em 2015, o quarteto Duas Damas e Dois Valetes lançou o CD “Duas Damas e Dois Valetes cantam Raul Sampaio” interpretando os sambas “Salada de samba”, “Mal de amor”, “Eu chorarei amanhã”, e “Meu pranto rolou”, os sambas-canção “Amor em serenata”, com Ivo Santos”, “Meu pequeno Cachoeiro”, “Lembranças”, com Benil Santos, “Contradizendo”, “Confidência”, e “Confisão”, com Benil Santos, “Desprezo”, com Ivo Santos, “Prova de amor”, com Benil Santos, e “Prece à árvore”, os boleros “Deixa-me ficar”, com Benil Santos, “Quem eu quero não me quer”, com Ivo Santos, e “Estou pensando em ti”, com Benil Santos, a toada “A carta”, com Benil Santos, e o tango “Noite”.
Em 2016, doou seu primeiro violão, com o qual compôs seu clássico “Meu Pequeno Cachoeiro”, ao Instituto Cultural Cravo Albin. O violão foi doado juntamente com um soneto de sua autoria intitulado “Ode ao Meu Violão”, e ficou instalado em espaço nobre do principal Salão de Exposição Permanente do Instituto.
Em 2017, foi homenageado pela Rede TV, do Espírito Santo que lhe dedicou um programa intitulado “Especial Raul Sampaio” com uma longa entrevista além de relembrar sua vida artística e seus sucessos.
Em 2018, por ocasião das comemorações pelo seu 90º aniversário foi homenageado com o lançamento do CD “90 anos Raul Sampaio Cocco – Doce terra onde nasci” no qual foram incluídas 12 composições de sua autoria: “Meu pequeno Cachoeiro” em sua interpretação, “Lembranças”, com João Bosco e Miltinho, Meu pranto rolou”, na voz de Toquinho e Vinícius, “Confidência”, na de Fafá de Belém, “A carta”, no duplo registro de Erasmo Carlos e Renato Russo, “Quem eu quero não me quer”, na voz de Tânia Alves, “Tempo de seresta”, na de Francisco Petrônio, “Mal de amor”, na de Paulinho da Viola, “Marataízes”, a qual cantou com acompanhamento de amigos da cidade-título, “Valsinha do Cachoeirense ausente”, interpretada por ele e o coral Voz dos Anjos, e “Hino do Cachoeiro F. C.” e o “Hino do Estrela do Norte F. C.”, os quais cantou com acompanhamento do Coral Canto Livre. Também em sua homenagem foi lançado o selo “90 anos Raul Sampaio Cocco”.
Raul Sampaio faleceu em Cachoeiro do Itapemirim (ES) no dia 26 de janeiro de 2022. A causa da morte não foi divulgada pela família.
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014.
CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário Biográfico de Música Popular. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1965.
COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.
LUNA, Paulo e MOREIRA, Evandro. Do Verso à Canção – Biografia do Cantor e Compositor Raul Sampaio. Espírito Santo: Cachoeiro Cult, 2012.
SANTOS, Alcino; BARBALHO, Gracio; SEVERIANO, Jairo e AZEVEDO, M. A . De Azevedo (NIREZ), Discografia Brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.
SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Vol 1. São Paulo: Ed. 34, 1997.
O nome Raul Sampaio bem que poderia ser utilizado como sinônimo de sucesso, mas, mesmo assim, isso ainda não diria tudo sobre a sua obra. E olhe que suas músicas foram gravadas por nomes emblemáticos da música brasileira como Orlando Silva, Nelson Gonçalves, Roberto Carlos, Elizeth Cardoso e Luiz Gonzaga, para ficar apenas no patamar dos deuses e com sucessos retumbantes. Sua obra, que embalou a geração 1950, entrando pelos controvertidos 1960, é essencialmente romântica, mas não simplesmente no sentido que o termo “música romântica” tem sido empregado, embora também possa ser nomeada dessa forma. No entanto, o traço maior de suas composições é a presença da ironia e da angustia que, segundo o poeta Otávio Paz, seria o elemento definidor do Romantismo. Em Raul Sampaio fala a voz do dilaceramento do ser ou não ser. Quem eu quero não me quer e quem me quer mandei embora, diz uma de suas canções, resumo de um amor que, fugidio, deixa o poeta amargurado em sua dor, sozinho, “no mar dessa vida”, como “um barco a vagar”, procurando novos versos para explodir em canções o dilaceramento flamejante de sua alma que busca, sem jamais encontrar, a explicação para a vida. E nesse dilaceramento o amor se renova, seja ele por uma mulher ou por uma cidade e sempre com a eloqüência dos poetas românticos cujo pranto rola mais do que água na cachoeira desaguando além do arco-íris.
Paulo Luna