
Cantor. Ator. Diretor de teatro e cinema. Compositor. Nasceu no bairro carioca de Botafogo. Cantava desde a infância. Conta-se que foi ouvido pelo Presidente Rodrigues Alves e por Rui Barbosa. Quando visitava um irmão em Buenos Aires, foi contratado para cantar no Cine Porteño, passando a se dedicar ao teatro. Casou-se duas vezes. Sua primeia mulher foi a atriz Abgail Maia. A segunda, também atriz, Diva Tosca, foi atropelada e morta em Holywood em 1933, por um jovem embriagado, o futuro diretor de cinema John Huston. Começou a carreira artística aos oito anos, como Raul Pepe. Faleceu em São Paulo aos 98 anos, vitimado por problemas cardíacos. Afilhado de Ruy Barbosa, foi homenageado no velório pelo Botafogo, do qual era torcedor apaixonado e pela família imperal, à qual era ligado, por ser monarquista.
Destacou-se primeiramente no teatro ligeiro. Foi o maior galã brasileiro de sua época. Em 1928, formou a companhia Abgail Maia-Raul Roulien, tendo sido autor de um gênero denominado “teatro de frivolidade”, e introdutor de espetáculos rápidos nos intervalos das sessões de cinema. Entre 1928 e 1930, gravou nove discos na Odeon, com músicas quase todas de sua autoria. No primeiro disco, aparecem os tangos “Tu amor y un ranchito” e “Adiós mis farras”, ambos de sua autoria, sendo que o último foi também gravado por Francisco Alves, tendo alcançado grande sucesso. Em seguida, gravou os tangos “Machacho de oro”, de sua autoria e “Niño bien”, de J. Collazo. Em 1929, gravou na Odeon o fox-trot “Miss St. Paul”, parceria com Mark Hermanns, o fox-romanza “Juventud”, de sua autoria e o samba “Felicidade”, a valsa “Nunca” e o tango “Ave noturna”, também de sua autoria e, na Parlophon, os tangos “Mala yerba” e “Bibelot”, igualmente de sua autoria.
Em 1930, gravou o fox-trot “Saudade má”, de sua autoria com arranjos de Mark Hermans e a valsa “Tua”, de sua autoria. Além de ator, foi diretor de teatro e cinema. Em 1931, foi para Nova Iorque, onde conseguiu um contrato na Fox. Estreou na versão em espanhol de “Eram 13”. Entre 1931 e 1934, atuou no cinema americano, numa série de filmes dentre os quais “Delicious”, dirigido por David Butler, no qual interpretava um compositor russo, e cantava “Delicious”, dos irmãos Gershwin. Em 1932, estava em “Painted Woman”, da Fox, e em 1933 em “No dejes la puerta abierta” e “Its great to be alive”. Seu filme mais conhecido foi “Flying down to Rio” onde atuou ao lado de Ginger Rogers e Fred Astaire, no qual cantava “Orchids in the moonlight”. Neste mesmo ano, publicou o livro “A verdadeira Hollywood”. Ainda em 1933, lançou na Victor duas canções que se tronaram clássicas: “Favela” e “Guacira”, de Hekel Tavares e Joraci Camargo. No mesmo ano, lançou dois fox-trots de Irvin Berlin com versões suas: “Mente por favor” e “Se eu perdesse você”. Em 1934, atuou em “The world moves on”, dirigido por John Ford.
De volta ao Brasil, dirigiu o filme “Grito da mocidade”, em 1937, no qual participou, também, como ator. Em 1938, a Companhia Teatral de Raul Roulien encenou a peça “Malibu”, de Henrique Pongetti, da qual participava a cantora Elisa Coelho. Em 1939, produziu e dirigiu “Aves sem ninho” e 10 anos mais tarde foi diretor e argumentista de “Asas do Brasil”. Com atividades bastante diversificadas, foi também apresentador de programas de televisão, repórter de jornais brasileiros e estrangeiros, e promotor do concurso Miss São Paulo, para os Diários Associados, que perdurou por muitos anos. Abandonou o cinema em 1950, tentando retomar esta atividade em 1984, idealizando um documentário sobre a vida do sanitarista Osvaldo Cruz. Em 1995, vitimado por um derrame afastou-se definitivamente da carreira artística.
AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.
MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.
SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume1. São Paulo: Editora: 34, 1999.