4.003
Nome Artístico
Paulinho Nogueira
Nome verdadeiro
Paulo Artur Mendes Pupo Nogueira
Data de nascimento
8/10/1929
Local de nascimento
Campinas, SP
Data de morte
2/8/2003
Local de morte
São Paulo, SP
Dados biográficos

Instrumentista. Compositor.

Desde a infância manifestou tendência para as artes, principalmente desenho e música, através do violão. Começou a tocar violão aos dez anos de idade. Viveu em Campinas até terminar o colegial, quando mudou-se para São Paulo. Foi professor de violão e desenvolveu um método próprio de ensino do instrumento. É o inventor da craviola. Morreu de infarte na cidade de São Paulo.

Dados artísticos

Começou tocando como solista em boates de São Paulo e nas  Rádios Bandeirantes e Gazeta. Dono de um estilo moderno, foi considerado um dos precursores da bossa nova em São Paulo. Nos anos 1950, tornou-se conhecido pelo grande público. Em 1959, lançou pela Columbia seu primeiro LP “A voz do violão”, disco instrumental no qual interpretou entre outras, a guarânia “Índia”, de Guerrero, o samba “Agora é cinza”, de Bide e Marçal; “Luar do sertão”, de João Pernambuco e Catulo da Paixão Cearense e “O orvalho vem caindo”, de Noel Rosa e Kid Pepe. No ano seguinte, assinou contrato com a RGE e lançou o LP “Brasil, violão e sambalanço”, com destaque para “Brigas nunca mais”, “Noite cheia de estrelas”, “Fita amarela” e “O menino desce o morro”.

Em 1961, gravou pela RGE seu único disco em 78 rpm com os sambas “Menino desce daí”, de sua autoria e “Tema do boneco de palha”, de Vera Brasil e Sivan Castelo Neto. Gravou o LP “Outros sambas de ontem e de hoje”, no qual interpretou ao violão sambas como “Zelão”, “Ele é engraxate”, “João Valentão” e “Agora é cinzas”. Dois anos depois, lançou o LP “Mais sambas de ontem e de hoje” no qual interpretou clássicos da bossa nova como “Samba em prelúdio”, “A mesma rosa amarela”, “Garota de Ipanema” e “Desafinado”.

Em 1964, passou a dar aulas de violão, tendo sido professor do violonista e compositor Toquinho. Nesse ano lançou o LP “A nova bossa e o violão” no qual estão presentes canções como “Marcha da quarta-feira de cinzas”, de Vinícius de Moraes e Caralos Lyra, “Mas que nada”, de Jorge Bem e “Bossa da praia”. Nesse ano, recebeu o Troféu Pinheiro de Ouro, pelo governo do Estado do Paraná. 

Em 1965, assinou contratado com a TV Record de São Paulo, onde permaneceu por dois anos, tendo atuação fixa em “O Fino da Bossa”, programa de grande sucesso da TV brasileira. Nesse ano, lançou o LP “O fino do violão” no qual interpretou “Chegança”, “Sonho de um carnaval”, “História de pescadores”, “Aruanda” e “Preciso aprender a ser só”. Recebeu novamente o Troféu Pinheiro de Ouro, pelo governo do Estado do Paraná. No ano seguinte, gravou “Sambas e marchas da nova geração”, com destaque para “Quem te viu, quem te vê” e “Noite dos mascarados”, de Chico Buarque de Holanda, “Procissão”, de Gilberto Gil e “Máscara negra”, e Zé Kéti. Em 1967, lançou novo LP no qual interpretou “Menino das laranjas”, “Inútil paisagem”, “Minha namorada”, “Jesus, alegria dos homens”, “Arrastão” e “Manhã de carnaval”. Em 1968, publicou um método de harmonia para violão que foi prestigiado por toda a crítica especializada. Em 1969, lhe foi conferido o prêmio de Melhor Músico do ano pelo jornal O Estado de São Paulo. 

Em 1970, gravou seu último disco na RGE interpretando apenas composições de sua autoria como “Menina”, que fez enorme sucesso naquele ano, incluída na novela “Irmãos coragem”, da TV Globo e que alcançou o primeiro lugar nas paradas de sucesso em todo o Brasil, batendo recordes de vendagem e execução, e com gravações também na Itália e na França.  Gravou ainda “O jogo é hoje”, “Brasileiro é fogo”, “Imagens coloridas”, “Contracanto” e outras. Em 1972, estreou na Continental com o LP “Dez bilhões de neurônios” com músicas de sua autoria como “Tímido”, “O velho guru”, “Um simples chorinho” e “Pra você que vai chegar”, além de “Odeon”, de Ernesto Nazareth. No ano seguinte, gravou o LP “Paulinho Nogueira, violão e samba”, com destaque para “Lamentos”, de Vinícius de Moraes e Pixinguinha, “Mais um adeus”, de Toquinho e Vinícius de Moraes, “Rosa dos ventos”, de Chico Buarque, “Zelão”, de Sérgio Ricardo e “Chuvas de verão”, de Fernando Lobo.

Lançou o LP “Simplesmente” no qual interpretou a música título, “Meus três cachorros”, “João Ninguém” e “Um simples chorinho”, de sua autoria, “Rosa”, de Pixinguinha e “Murmurando”, de Mário Rossi e Fon-Fon em 1974. No ano seguinte gravou o LP “Moda de craviola”, no qual interpretou no instrumento criado por ele obras como “Asa branca”, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira e “Disparada”, de Geraldo Vandré e Téo, além de obras de sua autoria.

Em 1976, transferiu-se para a Phonogram onde estreou com o LP “Antologia do violão”, no qual interpretou clásicos como “Choro triste” e “Duas contas”, de Garoto, “Abismo de rosas”, de João do Sul e Canhoto, “Porto das flores”, de Rosinha de Valença e “Por do sol de Copacabana”, de Laurindo de Almeida. No ano seguinte, lançou “Voz e violão”, um LP com algumas regravações como “Menina” e novas compposições suas como “Rebelião”, “Quem não tem cão” e “Na chegada do verão”, além de “Catarina”, parceria com Paulo César Pinheiro. Em 1979, a convite de Chico Buarque de Hollanda, participou, em Cuba, do Carifesta, Festival Internacional de Países do Caribe, realizado em Havana.

Em 1980, lançou pelo selo Bandeirantes/WEA o LP “O fino do violão volume 2” interpretando clássicos como “Gente humilde”, de Garoto, Chico Buarque e Vinícius de Moraes, “Da cor do pecado”, de Bororó, “Abismo de rosas”, de Canhoto e João do Sul, “Eu sei que vou te amar”, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes e “Travessia”, de Milton Nascimento. No ano seguinte, pelo selo Cristal/WEA lançou o LP “Tom Jobim – Retrospectiva” interpretano composições do maestro Tom Jobim como “Chovendo na roseira”, “Ana Luiza”, Triste”, “olha Maria”, com Tom Jobim e “Por causa de você”, com Dolores Duran, entre outras. Transferiu-se para o selo Eldorado em 1983 e lançou o LP “Água branca” com composições de sua autoria com diferentes parceiros como “Dança das abelhas”, com Paulo Marques, “Violão de madeira”, com Eduardo Gudin e Paulo César Pinheiro, “Vida e mar”, com Roberto Roberti, “Boneca”, com Paulo Vanzolini e “Uma nova vida”, com Marcus Vinícius Andrade.

Em 1986, desenvolveu e realizou um projeto  a que deu o nome de “Tons e Semitons”. Trata-se de um LP de solos de violão que inclui um álbum com as respectivas partituras das músicas incluídas no disco, no qual interpretou composições de sua autoria como a música título, “Valsa em sol do meio-dia”, “Choro chorado para Paulinho Nogueira”, com Vinícius de Moraes e Toquinho, “Reflexões em 2 por 4” e “Frevinho doce”. 

Em 1990, lançou pela produtora MPO, uma fita de vídeo cassete, pioneira no gênero, chamada “Violão em Harmonia”, transportando para o audiovisual toda a sua vivência de músico e professor. No ano seguinte, foram lançados mais quatro vídeos, específicos para solos de violão. Em novembro de 1991, participou, na Itália, do Festival Internacional de Violão, realizado na cidade de Nápoles. Voltou à Itália no ano seguinte para participar do evento Guitars in Concert, desta vez nas cidades de Nápoles, Florença, Campobasso, Milão e Roma. Desse encontro participaram violonistas consagrados internacionalmente, como o italiano Gianni Palazzo, o argentino Jorge Morel, e o famoso guitarrista e jazzista norte-americano Joe Pass. Ainda em 1992, lançou pela gravadora Movieplay um CD com solos de violão e músicas brasileiras e estrangeiras de diversos gêneros. No ano seguinte, participou do disco “Instrumental no CCBB”, juntamente com Sebastião Tapajós, Gilson Peranzzetta e Maurício Einhorn.

Em 1994, passou a integrar o projeto instrumental Brasil Musical, patrocinado pelo Banco do Brasil. Neste projeto, atuou com vários outros artistas como Egberto Gismonti, Zimbo Trio, Paulo Moura, Nivaldo Ornelas, Artur Moreira Lima, e outros. Em 1995, o selo Movieplay lançou o CD “Coração violão”, com a música título de sua autoria e Dulce Auriemo, além de “Nas asas do moinho”, de sua autoria e outras. Em 1996, o selo Tom Brasil lançou o CD “Brasil musical – Série música viva – Paulinho Nogueira e Alemã”, no qual interpreta diversas com o instrumentista Alemão. A partir de 1998, passou a integrar o juti “Prêmio Visa-MPB”, criado em São Paulo pela Rádio Eldorado e Jornal Estado de São Paulo, para descobrir novos talentos brasileiros. 

Em 1999, lançou “Reflections”, disco que saiu pela gravadora norte-americana Malandro Records. Nesse ano, gravou com Toquinho o CD “Sempre amigos” no qual interpretaram 13 canções, entre as quais, “Samba em prelúdio”, de Baden Powell e Vinícius de Moraes.

Em 2002, lançou seu último disco, “Chico Buarque – Primeiras composições”, interpretando 11 canções de Chico Buarque, entre as quais, “Carolina”, “Olê, olá”, “A banda”, “João e Maria”, “Joana Francesa”, “Com açúcar e com afeto” e “Quem te vei, quem te vê” e que mereceu do crítico Marco Antonio Barbosa o seguinte comentário; “Infelizmente, o reconhecimento público de Paulinho Nogueira não está à altura de sua estatura como instrumentista – se estivesse, este álbum sera saudado com salvas de canhão”. Gravou 23 LPs, sendo um deles o “Festival de Violão”, no qual fez o lançamento da Craviola. Este instrumento, desenhado por ele mesmo, foi exportado para vários países, como Estados Unidos, Canadá e Inglaterra. Em 2016, sua composição “Só vivo de noite”, com Adoniran Barbosa, foi gravada por Kiko Zambianchi e sua filha Ana Julia para o CD e DVD “Se assoprar posso acender de novo”, 14 composições inéditas do compositor paulista.

Discografias
2002 Trama CD Chico Buarque - Primeiras composições
1999 Movieplay CD Sempre amigos
1996 Tom Brasil CD Brasil musical - Série música viva - Paulinho Nogueira e Alemã
1995 Movieplay CD Coração violão
1992 CD Late night guitar - The brazilian sound of Paulinho Nogueira
1986 Independente LP Tons e semitons
1983 Eldorado LP Água branca
1981 Cristal/WEA LP Tom Jobim - Retrospectiva
1980 Bandeirantes/WEA LP O fino do violão volume 2
1979 Alequim LP Nas asas do moinho
1976 Phonogram LP Antologia do violão
1975 Continental LP Moda de craviola
1974 Continental LP Simplesmente
1973 Continental LP Paulinho Nogueira, violão e samba
1972 Continental LP Dez bilhões de neurônios
1970 RGE LP Paulinho Nogueira canta suas composições
1968 RGE LP Um festival de violão
1967 RGE LP Paulinho Nogueira
1966 RGE LP Sambas e marchas da nova geração
1965 RGE LP O fino do violão
1964 RGE LP A nova bossa e o violão
1963 RGE LP Mais sambas de ontem e de hoje
1962 RGE LP Outros sambas de ontem e de hoje
1961 RGE 78 Menino desce daí/Tema do boneco de palha
1961 RGE LP Sambas de ontem e de hoje
1960 RGE LP Brasil, violão e sambalanço
1959 Columbia LP A voz do violão
Obras
Bachianinhas nº 1
Bachianinhas nº 2
Bolerando em terças
Boneca (c/ Paulo Vanzolini)
Brasileiro é fogo
Caminhantes (c/ João Carlos Pecci)
Catarina (c/ Paulo César Pinheiro)
Cem anos de perdão
Choro chorado para Paulinho Nogueira (c/ Vinícius de Moraes e Toquinho)
Choro para bordões
Contracanto
Coração de strass (c/ Zezinha Nogueira)
Cravos e violas (c/ Paulo Marques)
Dança das abelhas (c/ Paulo Marques)
De passagem (c/ Zezinha Nogueira)
Dez bilhoões de neurônios (c/ Zezinha Nogueira)
Estorinha (c/ Rita Moreira)
Frevinho doce
Imagens coloridas
Jogo de xadrez
João ninguém
Menina
Menino desce daí
Menino jogando bola
Meus três cachorros
Moça da chuva (c/ Rita Moreira)
Na chegada do verão
Nem de dia, nem de noite (c/ Zezinha Nogueira)
O jogo é hoje
O que a gente quer
O que eu trouxe pra te dar (c/ Rita Moreira)
O velho guru
Ouvi tua voz
Para contribuir a confusão geral
Parque da Água Branca
Pra você que vai chegar
Pretérito perfeito
Procissão de sexta-feira santa
Quem não tem cão
Rebelião
Reflexões em 2 por 4
Simplesmente O bem verdadeiro
Tons e semitons
Tímido
Um simples chorinho
Um, dois, três
Uma nova vida (c/ Marcus Vinícius Andrade)
Valsa em sol do meio-dia
Vida e mar (c/ Roberto Roberti)
Bibliografia Crítica

MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.